O ÚNICO CAMINHO POSSÍVEL: DERROTAR
GOLPE DO IMPEACHMENT COM INDEPENDENTES MOBILIZAÇÕES DE MASSA DA CLASSE
TRABALHADORA E DOS OPRIMIDOS.
O processo golpista no Brasil
patrocinado pelos EUA que nós do CCR já vínhamos denunciando a alguns meses
teve um momento decisivo no anoitecer de domingo dia 17 de abril de 2016. Foi
um show de horrores em que deputados que deveriam julgar a admissibilidade do
impeachment da presidente eleita Dilma Rousseff mostraram para um país atônito
toda a sua pequenez não só nas questões políticas quanto no seu senso de
ridículo. O impeachment da presidente Dilma foi aprovado por 367 ultrapassando
por pouco mais de 20 votos os dois terços necessários. Não bastasse condenar
uma presidente em que não há concretamente nenhuma acusação a ponto de
justificar o processo, os deputados a favor do impeachment em quase sua
totalidade declararam que estavam votando em nome de Deus, da sua família, da
sua cidade, do seu cachorro de estimação, em nome da pátria, etc. Tudo isso,
menos o que importava, a acusação de que Rousseff havia pegado dinheiro
emprestado dinheiro dos bancos públicos para cobrir um déficit nas despesas com
ações sociais como o bolsa família, uma marca registrada dos governos de Frente
Popular de Rousseff e Lula da Silva nos últimos 13 anos.
O deputado Jair Bolsonaro do
Partido Social Cristão-PSC não conteve o seu fascismo e declarou que votava
pelo impeachment homenageando a ditadura militar e seu principal torturador,
Carlos Alberto Brilhante Ulstra.1
Dias antes da votação, o PMDB,
principal partido da burguesia que forma a Frente Popular, tendo como
representante máximo o vice-presidente Michel Temer, já havia declarado o seu
rompimento com o governo e ao mesmo tempo abrindo mão dos seus cargos.
Foi quando finalmente a cúpula do
PT percebeu que o principal comandante do golpe era o próprio vice-presidente
Michel Temer.
Logo após, outros partidos
burgueses importantes como o Partido Popular-PP e o Partido Social
Democrático-PSC se declararam a favor do impeachment.
Ficou claro então para o PT que o
pacto com as elites que possibilitou a eleição de Lula da Silva e sua sucessora
Dilma Rousseff já não estava mais em vigor.
Vamos recordar um parágrafo do
nosso artigo de 05 de dezembro de 2015: “Porém,
a partir do ponto de vista do imperialismo ocidental (EUA-EU-Japão) e da
burguesia financeira e latifundiária desse país, o PT tem um defeito
insuperável: sua origem social a partir dos movimentos de massa e das lutas do
final da ditadura militar entre final dos anos 70 e início dos 80. Essa origem
é imperdoável mesmo tendo se vendido e praticado muitos ataques aos
trabalhadores, principalmente o funcionalismo público, como por exemplo a
Reforma de Previdência de Lula da Silva em 2003. ” 2
Primeiro é preciso ver que o
Brasil enfrenta sua pior recessão desde décadas. Por isso a burguesia precisa
de um governo mais agressivo na aplicação das reformas e privatizações. O
governo de Frente popular não está apto para isso por causa da influência
política e social dos trabalhadores e das organizações de massas populares.
Além disto, a burguesia
conservadora e reacionária é pró-EUA por causa de sua histórica dependência
diretamente ligada à hegemonia norte-americana no continente etc., e é
anti-China porque o governo do PT alinhou-se com os BRICS.
Como já declaramos em documentos
anteriores os principais interesses em derrubar o governo de frente popular tem
como origem o imperialismo americano e europeu em oposição as potências
imperialistas de Rússia e China. Além disso é importante para o imperialismo
ocidental esmagar a aliança dos Brics (Brasil, Rússia, Índia China e África do
Sul), assim como enfraquecer os governos populistas bolivarianos da América
Latina. Os golpes que derrubaram presidente em Honduras em 2009 (Manuel Zelaya,
Paraguai em 2012 (Fernando Lugo), as constantes pressões da extrema direita em
Venezuela, que inclusive tentou um malogrado golpe de estado em 2002, a pressão
sobre o Equador, Bolívia, e Argentina dos Kirchner demonstram claramente que o
que está em jogo é algo muito maior do que a simples luta contra a corrupção. A
interferência do imperialismo ocidental para enfrentar a influência dos também
estados imperialistas de Rússia e China fica evidente não só na América Latina
como no África, Oriente Médio e Ásia. Os golpes militares no Egito em 2013 que
derrubou o presidente Mursi sob o comando do general al-Sisi, a ditadura
militar instalada em 2010 na Tailândia, e finalmente a formação do governo
semi-fascista da Ucrânia a partir de 2013 são parte deste processo.
O Brasil pela sua importância
regional, maior país da América do Sul e um dos maiores da América Latina, a
nona economia do mundo, não poderia deixar de ser um alvo da disputa
geopolítica internacional.
Eis porque o chamado pacto das
elites com os governos do PT já não tem mais condições de existir. Eis porque
já não funciona mais o discurso do ex-presidente Lula da Silva de que está
espantado com o processo golpista dizendo que "nunca os ricos ganharam
tanto como no meu governo", portanto, em sua visão ele não entende o
porquê tanto ódio ao Partido dos Trabalhadores, ao Governo Rousseff e até mesmo
contra a sua pessoa com a recente tentativa de sua prisão.
Nesse contexto, o Partido dos
Trabalhadores-PT, pela sua origem social, com inserção nos sindicatos dos trabalhadores,
nos movimentos dos sem-terra e sem teto, nos movimentos sociais em geral, não
tem condições de levar adiante um programa de rompimento com Rússia e China,
não tem como romper com o bolivarianismo e principalmente não tem como aplicar
as amplas reformas econômicas com vistas a retirar amplos direitos sociais
exigidos pela burguesia nacional e pelos seus sócios maiores, a burguesia imperialista
dos EUA e Europa.
Eis porque o chamado pacto das
elites com os governos do PT já não tem mais condições de existir. Eis porque
já não funciona mais o discurso do ex-presidente Lula da Silva de que está
espantado com o processo golpista dizendo que "nunca os ricos ganharam
tanto como no meu governo", portanto, em sua visão ele não entende o porquê
tanto ódio ao Partido dos Trabalhadores, ao Governo Rousseff e até mesmo contra
a sua pessoa com a recente tentativa de sua prisão.
Não há que ter nenhuma confiança
de que na próxima etapa no senado o golpe não será concretizado. Somente a
ampla mobilização popular para barrar o golpe. Não podemos abaixar as cabeças.
É tarefa do Partido dos Trabalhadores, da Central Sindical CUT, dos movimentos
sociais e partidos progressistas de organizar grandes mobilizações que aponte para
greves gerais contra o golpe.
A DISPUTA PELO BUTIM
Nas últimas horas do fechamento
deste artigo duas importantes notícias no chegam. A ministra do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) Maria Thereza de Assis Moura determinou o início da
produção de provas na principal ação que pede a cassação da presidente Dilma
Rousseff e do próprio vice, Michel Temer. O ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF) Teori Zavascki, determinou nesta quarta-feira (20) que trechos da
delação do senador Delcídio do Amaral (ex-PT/MS) sejam incluídos no inquérito
que investiga suposta formação de quadrilha no esquema de corrupção na
Petrobras. Os depoimentos que serão incluídos no inquérito contêm citações à
presidente Dilma Rousseff, ao vice-presidente Michel Temer e ao ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, entre outras autoridades. Isto indica que existe uma
disputa pelo butim dos pós impeachment entre a burguesia e que, portanto, ela
não é unânime que quem deva assumir a presidência seja o Vice-presidente Michel
Temer do PMDB. Para o principal partido de oposição, o PSDB, não lhes interessa
depois de tano esforço para derrubar a presidente, entregar de bandeja por dois
anos o poder ao PMDB. O mais importante para eles é a convocação de novas
eleições para presidente, em conjunto com as futuras eleições para prefeito.
Tal discurso do PSDB, por incrível que seja, é uma demanda do partido pseudo
esquerda PSTU desde que se se posicionaram ao lado dos golpistas quando meses
atrás defendiam o “Fora todos! Novas eleições gerais! ”. O mesmo defende a
ex-ministra do meio ambiente Marina da Silva que em recentes pesquisas do
instituto Datafolha (sempre duvidáveis) supostamente estaria com uma
preferencia de 20% do eleitorado.
Como já afirmamos em nosso artigo
de 05 de dezembro de 2015: Brasil: Não ao
impeachment! Não ao chamado de novas eleições!3 Nossa
tarefa é derrotar os golpistas nas
ruas com independentes mobilizações de massas da classe trabalhadora e dos
oprimidos! Forçar a CUT e todas as organizações de massas a lutar
constantemente por nossos direitos! Por manifestações de massa, ocupação de
praças e greves gerais contra os golpistas! Pela a formação de comitês de ação
anti-golpistas em todos os locais de trabalho, bairros, escolas, etc.
- Defender o PT, Lula e Dilma contra os ataques da direita! Mas nenhum
apoio político para o governo de Frente Popular! Lutar contra as suas medidas
de austeridade anti-operárias!
- Nacionalizar as corporações multinacionais sob o controle dos
trabalhadores!
- Nenhuma cooperação com quaisquer grandes potências imperialistas como
os EUA, a União Europeia-UE, a China, o Japão e a Rússia!
- Pela formação de um governo da classe operária em aliança com os
pobres urbanos e os camponeses sem terra no Brasil e em toda parte! Nós só
podemos garantir o nosso futuro e nossos direitos se derrubarmos o capitalismo
que gera essa miséria!
- A CCR - Corrente Comunista Revolucionária - é dedicada a construir um
partido verdadeiramente revolucionário em todo o Brasil e América Latina. Esta
é a única forma pela qual podemos lutar de forma consistente por nossos
direitos!
Glenn greenwald interview CNN
TV gazeta Bob Fernandes
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