quinta-feira, 23 de setembro de 2021

AVANÇAM AS CONDIÇÕES PARA A REVOLUÇÃO E A CONSTRUÇÃO DO PARTIDO DOS TRABALHADORES



Nunca na história houve melhores condições para a revolução e a construção do partido revolucionário

 

Declaração conjunta das Seções da Argentina, México e Brasil, bem como do Secretariado Internacional de Corrente Comunista Revolucionária Internacional (CCRI/RCIT), setembro de 2021 , 

www.thecommunists.net

 

A impossibilidade do Capitalismo de resolver a crise econômica, financeira e política incentiva as massas de todo o mundo a resistir e confrontar, com as formas e condições que tenham, os planos de ajuste e as tentativas de um Capitalismo em crise terminal de impor novas regras de superexploração.

 

A "contra-revolução Covid", como a forma em que o imperialismo e governos lacaios tentaram (e conseguiram momentaneamente) travar a ascensão das massas está chegando ao fim, com o florescer das mobilizações em todo o planeta, diretamente contra esta política, como na França contra o passaporte sanitário ou  retomando dos reclamos  por condições de vida.

 

Juntemos a isso, a derrota ianque no Afeganistão que aprofunda a crise do imperialismo e melhora as condições de luta dos povos do mundo.

 

A América Latina não foge a esta realidade e embora a “pandemia” tenha abrandado os processos de luta, com o seu desenvolvimento desigual e combinado, as massas voltam a ocupar o centro da cena, marcando a sintonia e a dinâmica da situação, que é de confrontos cada vez mais radicalizados e polarizados, revolução versus contra-revolução

 

Os regimes da região foram se enfraquecendo, onde o populismo entrou em sua fase final e as experiências de outsiders (expressão inglesa que define os de fora...) fracassaram (Bolsonaro, Macri, etc.), levando os governos a aprofundar o caráter bonapartista e a tomar medidas cada vez mais repressivas para enfrentar o crescente descontentamento. E embora existam políticas específicas em cada país, a tentativa de aprofundar e impor novas condições draconianas de trabalho, reformas trabalhistas, educacionais, previdenciárias e tributárias são o eixo comum.

 

Nesse sentido, os governos mais “exitosos” têm sido aqueles que se apresentam como progressistas, antiimperialistas ou mesmo socialistas, como os de Ortega, Maduro e Díaz Canel, que na hora de reprimir não foram preconceituosos, conseguindo fazer recuar  os trabalhadores e o povo em luta e consolidando seus regimes bonapartistas, ou  ditatoriais.

 

No sentido de caminhar nessa direção, tanto os populistas quanto os "neoliberais" contam com o apoio de todo o arco político burguês, das burocracias sindicais e de grande parte da esquerda centrista e / ou reformista que, por ação ou omissão, têm tentado canalizar a raiva através do canal institucional. Isso sem falar na ofensiva “sanitária”, onde todos cerraram as fileiras em defesa dos confinamentos e vacinas para todos!

 

Diante disso, e além de deter alguns processos por ora, as massas continuam subindo e escalando degraus na combatividade e organização de quem não pode mais recuar.

 

Os processos maiores foram vistos em países menos avançados, como Colômbia e Chile, e além disso foram momentaneamente paralisados, conseguiram muito pouco de seus respectivos regimes, principalmente o do Chile, onde Piñera teve que convocar a Assembleia Constituinte, usando-o para desviar a dinâmica revolucionária.

 

As massas colombianas, quando puseram nas cordas o Presidente Iván Duque, passaram a construir sementes de duplo poder, organismos com características soviéticas, que deverão ser estimulados nas rebeliões que se aproximam nos demais países, pois através deles será possível tomar o poder e construir Estados Operários e Socialistas. Essas ferramentas proletárias são as assembleias populares e as unidades de autodefesa, que se conectam à experiência chilena, uma vez que começaram a surgir discussões semelhantes nos bairros.

 

As lutas chilenas, que colocaram este país no centro da luta de classes durante vários meses de 2019, continuam apesar das manobras da burguesia. Agora, é o movimento operário mais concentrado que está na vanguarda, com greves nas minas de cobre, um dos principais batalhões proletários do continente. Sua luta também expressa a tendência geral, com a classe trabalhadora na vanguarda das futuras revoltas.

 

Nesse contexto, explodiu a histórica rebelião popular contra o regime capitalista estalinista em Cuba, reagindo tanto às condições da ditadura quanto às consequências da política de austeridade imposta pelo governo Díaz Canel, desde o início de 2020. Essa luta não é de pouco importância, já que o descrédito dos antigos aparatos reformistas se soma ao do Partido Comunista Cubano, que é, em certo sentido, o guia de todos eles! O populismo está em condições mais do que difíceis de governar com sucesso, porque o que está acontecendo no país de Fidel e Che é agravado pela realidade econômica catastrófica, que os impede e vai impedir, por muito tempo, de ter os recursos  necessários para praticar a demagogia!

 

É o que acontece no Peru, onde o novo governo "de esquerda" de Pedro Castillo teve que iniciar seu mandato cantando louvores ao capitalismo e garantindo às grandes potências que governará respeitando seus interesses. No entanto, a atitude do novo governo não mudará a tendência geral de radicalização, um tanto de esquerdização do movimento de massas inca, que deu um grande salto derrotando Keiko Fujimori e dando poder ao "professor" que desceu da montanha, ganhando a simpatia do campesinato e dos trabalhadores mais pobres.

 

Na Argentina, embora desde dezembro de 2017 não tenha havido lutas muito grandes, tendem a explodir nessas terras, os protestos continuam, cada vez mais radicalizados, como o que lideram os professores de Salta, na fronteira com o Chile e na Bolívia, que se autoconvocaram para exigir aumentos salariais acima da pauta elaborada por seus burocratas. Essa tendência, de passar por cima dos “corpos orgânicos” sindicais, se manifestou há vários meses com a grande luta do setor público de Neuquén, no norte da Patagônia, que após semanas de paradas e bloqueios de estradas, ganhou um aumento muito acima do que as direções traiçoeiras de seu sindicato haviam concordado.

 

Agora, muito provavelmente, a raiva contra os patrões e o governo será canalizada através das eleições, com alto absenteísmo, votos em branco e, muito provavelmente, com a derrota do partido no poder, o que poderia dar à esquerda um voto muito alto. Há condições para que isso aconteça, já que o governo vai de mal a pior, situação que não é tão diferente para a principal força burguesa de oposição, que governou muito recentemente e, por isso, não é uma opção entre os trabalhadores e os setores mais pobres!

 

Se isto acontecer na Argentina, o resultado das eleições não seria apenas um impulso para as próximas lutas, mas também para a construção de uma nova liderança política e sindical, tanto ali como no resto do continente, devido à influência do movimento trabalhista e da esquerda neste país, que tem uma grande tradição e peso.

 

Enquanto isso, o agravamento das mobilizações no Brasil contra o Bolsonaro, por ora controlado pela CUT e pelo PT, está pressionando o maior movimento sindical da região a lutar e, muito provavelmente, a votar nas próximas eleições presidenciais, contra o Bolsonaro e a favor da variante populista burguesa, liderada por Lula, que tem sido apoiada por boa parte da esquerda que se autodenomina revolucionária. Lá, a tendência à radicalização costuma se expressar em abstenções e votos em branco, que tendem a crescer. Além disso, o que acontecer nas eleições argentinas, e depois, terá muita influência no Brasil, principalmente entre o ativismo de esquerda.

 

No México, a “Quarta Transformação” da AMLO tem os mesmos problemas que o resto dos populismos burgueses latino-americanos, que é a falta de recursos para praticar a demagogia. Por isso aderiu, depois de certas contradições, à política a que chamamos “Covid Contra-revolução”, apostando em impedir que os trabalhadores e o povo lutem pelos seus direitos. Um dos problemas centrais que deve enfrentar é, neste contexto, a mobilização de seus próprios migrantes da América Central, que pretendem entrar nos Estados Unidos. Para isso, López Obrador acertou com Trump e com seu substituto, Biden, uma política de perseguição e repressão contra os setores mais pobres, que são aqueles que querem entrar no "grande país do norte".

 

Outra questão que continua a ser um problema grave para as instituições capitalistas é a máfia, intimamente envolvida no aparato do Estado, ligada ao tráfico de drogas, que continua gerando uma enorme violência. O que, por sua vez, empurra setores da população, principalmente camponeses, a montarem suas próprias brigadas de autodefesa, que para além de seus limites e da política de cooptação de suas lideranças, como aconteceu com Nestora Salgado, apresentam uma dinâmica que se conecta com as tradições mais radicais da Revolução Mexicana liderada por Pancho Villa e Emiliano Zapata, um exemplo que é visto com simpatia por milhões em todo o continente.

 

A resposta aos planos de ajuste e repressão, que caminham lado a lado com a Contra-revolução Covid, apresenta um cenário, no curto prazo, de novas e mais importantes rebeliões, que levarão ao triunfo de governos progressistas ou populistas, mas sem possibilidades. de colocar esta linha em prática. Depois da derrota eleitoral de Yañez, Piñera, o PRI e o macrismo, chegou Pedro Castillo e vem Lula. As massas vão enfrentar esses governos, que serão muito diferentes dos anteriores, pela impossibilidade de fazer concessões.

 

Isso, junto com o que está acontecendo em Cuba, é uma boa notícia para nós que atuamos na Revolução Socialista, porque ela afasta concorrentes, que a partir de então serão vistos pelos que estão abaixo como grandes traidores. A tendência à esquerda, que se vislumbra nas eleições, particularmente na Argentina, deve ser aproveitada pela nossa corrente, tentando se fortalecer, mas também em se conectar com as frações ou tendências que questionam as políticas dos partidos de centro, que estão passando por uma crise, tão grande quanto a dos regimes democráticos burgueses e do populismo.

 

Apesar da nossa fraqueza, do ponto de vista organizacional, nunca houve tantas condições como as atuais para a construção de partidos revolucionários. Por isso, devemos agir com ousadia e firmeza, assumindo que temos o mais importante, que é a nossa política e que, neste quadro, e na medida em que a situação pré-revolucionária se torne revolucionária, haverá milhares de militantes que verão com  simpatia os nossos slogans. Muitos dos quais hoje fazem parte de organizações populistas ou centristas. Portanto, devemos ter um diálogo com este setor, que deve começar a traçar rumos com suas direções.

 

Nosso programa deve ser orientado em torno de conquistas ofensivas, que levantem a necessidade de acabar com os planos de ajuste e com os governos que os aplicam, através dos métodos da classe trabalhadora, a Greve Geral, os piquetes de autodefesa, as assembleias de base e as ferramentas democráticas de auto-organização. Há cada vez mais condições para que essas “palavras de ordem” sejam tomadas pela base, portanto, para que um setor da militância ou do ativismo operário e popular as reproduza, aproximando-se de nossos partidos.

 

Um grande obstáculo ao triunfo dos processos recentes de luta de classes na América Latina e no mundo tem sido a ausência de uma vanguarda revolucionária articulada em nível regional e internacional, com influência no movimento de massas, bem como com um programa e estratégia correto, para avançar na construção de governos operários, camponeses e populares. Portanto, torna-se uma necessidade urgente promover vários esforços para conseguir o reagrupamento de organizações, grupos e indivíduos que, como revolucionários consistentes, estão influenciando os atuais processos de luta de classes a partir de uma perspectiva internacionalista e com vistas à construção de um novo Partido Mundial da Revolução Socialista. Nós da  CCRI/RCIT fazemos um chamado a todos os que concordam com esta perspectiva a se unirem à nós para avançar na luta pela construção de tal partido.

 

 

Convergência Socialista (Seção CCRI/RCIT na Argentina), https://convergenciadecombate.blogspot.com

 

Agrupación de Lucha Socialista (Seção CCRI/RCIT no México), https://agrupaciondeluchasocialistablog.wordpress.com

 

Corrente Comunista Revolucionária (Seção CCRI/RCIT no Brasil), http://elmundosocialista.blogspot.com

 

 

Site internacional da  CCRI/RCIT : www.thecommunists.net

 

 

 

sábado, 18 de setembro de 2021

Os EUA intensificam a Guerra Fria interimperialista contra a China e provocam a UE- O Significado do Pacto AUKUS

 


O Significado do Pacto AUKUS

 

Os EUA intensificam a Guerra Fria interimperialista contra a China e provocam a UE

 

Declaração da Corrente Comunista Revolucionária Internacional (CCRI/RCIT), 18 de setembro de 2021 https://www.thecommunists.net/

 

1.            Os EUA, Austrália e Reino Unido anunciaram a criação de uma “aliança estratégica de defesa” trilateral chamada AUKUS . É um pacto militar que ajudará o imperialismo norte-americano e seus aliados a controlar as rotas marítimas nos oceanos Índico e Pacífico e, assim, a dominar a região  Sul e Leste  da Ásia. É uma aliança liderada pelos EUA dirigida contra a China - o principal rival imperialista de Washington na nova Guerra Fria. Representa outra escalada na rivalidade interimperialista entre as Grandes Potências e aumenta o perigo de uma grande guerra na região do Pacífico Asiático.

 

2.            Embora muitos detalhes do novo pacto não sejam claros ou não tenham sido tornados públicos, vários de seus elementos-chave já são conhecidos. Entre eles estão que os EUA enviarão mais tropas para a Austrália, que os navios de guerra dos EUA e do Reino Unido usarão os portos australianos, que os três estados irão colaborar estreitamente em áreas como inteligência artificial, guerra cibernética, capacidades subaquáticas e capacidades de ataque de longo alcance. Além disso, os EUA ajudarão a Austrália a construir submarinos com propulsão nuclear (até agora, a Grã-Bretanha foi o único estado com o qual Washington compartilhou tal tecnologia).

 

3.            Qual é o significado do Pacto AUKUS? Primeiro, ele consolida o status da Grã-Bretanha como um aliado fundamental do imperialismo dos EUA (em contraste com a União Europeia). É revelador que o primeiro-ministro britânico Boris Johnson, respondendo a um debate parlamentar, se recusou a descartar que seu país participaria da defesa de Taiwan em caso de um ataque chinês. Em segundo lugar, também transforma a Austrália de forma conclusiva em um estado da linha de frente na Guerra Fria contra a China (um processo que começou há alguns anos).

 

4           A própria Austrália é um estado imperialista de status econômico médio. Seu exército não tem nenhuma importância particular e, embora possa ser forte o suficiente para subjugar uma ou outra ilha do Pacífico (ou para torturar e matar afegãos desarmados), não é páreo para nenhuma Grande Potência. A obtenção de submarinos com propulsão nuclear é, sem dúvida, uma melhoria importante para a marinha australiana, pois esses submarinos têm vantagens significativas em comparação com os submarinos convencionais movidos a diesel (maior velocidade e alcance de mísseis, podem permanecer submersos por mais tempo, são mais difíceis de detectar e podem transportar cargas mais pesadas). No entanto, levará alguns anos até que a Austrália realmente possua esses submarinos. Consequentemente, o significado central do Pacto AUKUS no curto e médio prazo é que a Austrália se torne uma base militar chave para o imperialismo dos EUA (e seu parceiro menor britânico).Isso é crucial para Washington porque outras grandes bases militares dos EUA sofrem com um ambiente político incerto (as Filipinas sob Duterte) ou com desvantagens geográficas (as bases militares dos EUA em Okinawa no Japão estão muito próximas da China e podem ser facilmente destruída por seus mísseis em caso de guerra).

 

5           O anúncio do Pacto AUKUS teve também outra importante consequência na política mundial. Provocou um grande conflito diplomático entre os três signatários e a França. Isso ocorre porque a Austrália vinculou o contrato com os EUA e o Reino Unido em submarinos de propulsão nuclear ao cancelamento de outro grande contrato que havia assinado com a França em 2016. Essa perda é um grande golpe para a França não apenas por causa de sua dimensão financeira (quase US $ 100 bilhões). Também reflete a decisão das três potências anglófonas de excluir a França de sua política na Ásia-Pacífico. Portanto, não é surpreendente que o governo francês esteja enfurecido. Em resposta, Paris não apenas expressou sua indignação em termos fortes, mas também chamou de volta seus embaixadores na Austrália e nos Estados Unidos - um passo diplomático sem precedentes entre os estados ocidentais.

 

6.            É simbólico que a divisão diplomática entre os EUA e a França tenha ocorrido no mesmo dia em que a União Europeia publicou um documento de política intitulado “Estratégia da UE para Cooperação no Indo-Pacífico”. Neste documento, a UE realça o seu enfoque na região do Sul e do Leste Asiático, com o objetivo de fortalecer e expandir as relações econômicas. Para isto, a UE pretende estabelecer uma "presença naval reforçada no Indo-Pacífico" para que a sua marinha possa "proteger as linhas marítimas de comunicação e liberdade de navegação no Indo-Pacífico, ao mesmo tempo que aumenta a capacidade dos parceiros do Indo-Pacífico a garantir a segurança marítima.” A UE não pretende seguir cegamente a estratégia dos EUA de Guerra Fria e confronto total contra a China. Em vez disso, deseja implementar um meio termo de “compromisso multifacetado com a China”, cooperando em questões de interesse comum enquanto “rechaça onde existe desacordo fundamental com a China, como sobre direitos humanos.” Em suma, os acontecimentos recentes mais o desastre dos Estados Unidos no Afeganistão há algumas semanas podem marcar uma viragem na política da UE, conduzindo-a a uma política externa de agir como uma Grande Potência imperialista independente que não se subordine a Washington.

 

7.            Em resumo, o Pacto AUKUS representa um passo importante dos EUA (e seus aliados anglófonos) na escalada da Guerra Fria contra a China. Além disso, aprofunda as divisões entre os EUA e a União Europeia. Como a CCRI tem enfatizado há anos, a luta pelo domínio do sul e do leste da Ásia é uma questão chave na rivalidade interimperialista entre as Grandes Potências. Esta região é o lar de maior crescimento e agora da maior economia do mundo. Tem uma participação combinada de 34,9% da produção global, 32,4% das importações mundiais e 33,1% das exportações mundiais. Todos os prognósticos dos economistas burgueses concordam que a participação do Sul e do Leste Asiático na economia mundial continuará a crescer significativamente nas próximas 1-2 décadas. Em outras palavras, nenhuma Grande Potência pode controlar o mundo sem controlar o sul e o leste da Ásia. Portanto, não é surpreendente que o conselheiro de segurança nacional do Reino Unido, Sir Stephen Lovegrove, tenha enfatizado que o Pacto AUKUS é mais do que uma classe de submarino, descrevendo o pacto como “talvez a colaboração de capacidade mais significativa do mundo nas últimos seis décadas”.

 

8.            Estes desenvolvimentos reafirmam mais uma vez o nosso alerta de que vivemos um período em que a inevitável decadência do sistema capitalista mundial provoca uma aceleração da rivalidade entre as Grandes Potências imperialistas (EUA, China, UE, Rússia e Japão). Como afirmamos no nosso manifesto-CCRI RCIT recentemente publicado, é tarefa dos socialistas “ter uma abordagem consistente e intransigente contra todas as potências imperialistas com base no programa bolchevique de "derrotismo revolucionário". Dizemos: Abaixo todas as Grandes Potências imperialistas - sejam os EUA, China, Rússia, UE ou Japão! A derrota da “pátria” imperialista é o mal menor! Em qualquer conflito político, econômico ou militar entre essas Grandes Potências, o movimento operário não deve dar apoio a nenhuma delas. Os revolucionários dizem na tradição de Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo: O inimigo principal está em casa! Virem as armas contra a classe dominante!”

 

9.            Consequentemente, os revolucionários têm que lutar não apenas contra todas as formas de militarismo, “patriotismo” imperialista e guerrilheiros chauvinistas, mas também contra partidos de “esquerda” que apoiam uma ou outra potência imperialista. Na Europa, vários partidos estalinistas e populistas de esquerda fizeram parte de governos imperialistas (por exemplo, o PCF na França, o SYRIZA na Grécia, o PCE e o PODEMOS na Espanha). O PC japonês é um defensor de longa data das reivindicações territoriais do imperialismo japonês contra todos os países vizinhos. Numerosos partidos estalinistas e bolivarianos - da Venezuela à Rússia e Coréia do Sul - apoiam o imperialismo chinês e encobrem seu regime capitalista-stalinista como “socialista”.

 

10.          Um novo Partido Revolucionário Mundial só pode ser construído em uma luta consistente contra todas as Grandes Potências imperialistas, bem como contra seus lacaios social-imperialistas dentro das organizações dos trabalhadores e populares de massa. Convocamos todos os socialistas a se unirem à CCRI/RCIT na luta pela construção de uma nova Internacional, lutando pela revolução socialista em todos os continentes!

 

 

 

Secretariado Internacional da CCRI/RCIT

 

Brasil: Não esperar pelas eleições - derrotar o governo Bolsonaro nas ruas!

 

Brasil: Não esperar pelas eleições - derrotar o governo Bolsonaro nas ruas!

 

Os trabalhadores e as organizações populares devem romper a colaboração com setores da classe capitalista!

 

Declaração Conjunta da Corrente Comunista Revolucionária (Seção RCIT no Brasil) e do Bureau Internacional da Corrente Comunista Revolucionária Internacional (CCRI/RCIT), 17 de setembro de 2021,  www.thecommunists.net

 

1.            O governo de Bolsonaro, de extrema direita, está em crise profunda. Sua economia - recém saindo da profunda recessão em 2020, está se contraindo novamente (-0,1% no 2º trimestre de 2021). Da mesma forma, a situação social e de saúde é catastrófica. O governo está profundamente desacreditado, pois é amplamente conhecido pela corrupção. Como resultado, o regime perdeu muito de seu apoio. De acordo com as últimas pesquisas, Bolsonaro receberia apenas cerca de 25% dos votos nas próximas eleições presidenciais em outubro de 2022.

 

2.            Como resultado, Bolsonaro tenta mobilizar seus partidários e implicitamente ameaçar com um golpe. O presidente também ataca o Supremo Tribunal Federal e outras instituições que estão fazendo investigações de corrupção do clã Bolsonaro e que podem torná-lo inelegível e  junto com seus dois filhos irem para a prisão. No entanto, apesar de empregar enormes recursos do Estado, o número de participantes nas duas manifestações pró-Bolsonaro no Dia da Independência (7 de setembro) em Brasília e São Paulo ficou claramente abaixo das expectativas.

 

3.            Se Bolsonaro realizasse tal golpe, à CCRI convocaria os trabalhadores e as organizações populares a pará-lo por meio de uma greve geral e mobilizações de massa nas ruas. Os socialistas defenderiam a formação de guardas de autodefesa armados e apelariam aos soldados para que ajudassem a derrotar o golpe.

 

4.            No entanto, é improvável que Bolsonaro seja capaz de lançar tal golpe. A principal razão para isso é que seu governo é profundamente desprezado pelas massas populares, bem como pela maioria da própria burguesia. Muitos representantes da classe dominante veem Bolsonaro como um palhaço maluco, incapaz de governar um Estado e que trabalha para desacreditar as principais instituições burguesas (a versão brasileira de Trump). Sob tais condições, um golpe de partidários do Bolsonaro provavelmente seria mais parecido com a caricatura do motim de 6 de janeiro( Capitólio) em Washington do que com um golpe sério.

 

5.            Os setores “liberais” da burguesia estão neste momento em oposição ao Bolsonaro (por exemplo, setores do PMDB, PSB, PSD, etc.). Ao mesmo tempo, são fortemente a favor das chamadas reformas neoliberais. No entanto, esses partidos não têm votos suficientes para vencer as eleições presidenciais. Para isso, precisam do apoio popular que o PT reformista tem. O PT e os burocratas sindicais em torno do ex-presidente Lula estão mais dispostos a aderir a uma frente popular, pois essa tem sido sua estratégia por décadas. Eles tentam explorar o ódio popular contra o governo Bolsonaro para canalizar apoio para as eleições do próximo ano. Essa coalizão entre setores da burguesia e da burocracia trabalhista constitui o que os trotskistas caracterizam como uma frente popular. Essas forças se opõem a qualquer tentativa de derrubar o governo de direita por meio de mobilizações de massa nas ruas o mais rápido possível. Para os dirigentes dessas frentes populares, as manifestações têm apenas o objetivo de mobilizar o apoio eleitoral para a possibilidade de ganhar as eleições e se tornar o próximo governo. Na verdade, uma revolução que possa verdadeiramente levar ao poder um governo popular e de trabalhadores  está longe de seu objetivo.

 

6.            A CCRI adverte que tal frente popular representaria apenas outra versão de governo burguês. Seria como o governo Biden nos Estados Unidos - representaria um governo mais eficaz da classe dominante do que seu antecessor, pois implementaria basicamente uma semelhante política à favor dos negócios empresariais de ataques contra a classe trabalhadora e os oprimidos, mas sem um palhaço na presidência. Na verdade, esse governo de frente popular poderia realizar esses ataques de forma mais eficaz, pois teria o apoio dos líderes sindicais e das organizações populares. Podemos ver isso nos EUA, onde o movimento Black Lives matter ( Vidas Negras Importam) - que mobilizou uma revolta gigantesca no verão de 2020 - praticamente desapareceu das ruas desde que Trump perdeu a eleição! Da mesma forma, podemos ver em outros países que uma agenda burguesa-bonapartista visando a criação de um governo mais autoritário pode ser impulsionada não apenas por governos clássicos de direita, mas também por governos liberais (por exemplo, Macron na França) ou pela “ala esquerda ”(como a ditadura estalinista-capitalista na China).

 

7.            Naturalmente, nosso alerta sobre os perigos de uma frente popular não significa que os socialistas não devam participar das mobilizações contra Bolsonaro iniciada por essas forças. Obviamente, esta segue sendo uma tarefa importante para todos os socialistas. No entanto, as forças de esquerda devem trabalhar dentro destas manifestações no sentido construir uma ruptura dos trabalhadores e organizações populares com as forças abertamente burguesas. Precisamos de uma frente única dos trabalhadores para construir uma greve geral contra o governo Bolsonaro em vez de uma frente popular para fazer avançar tal projeto eleitoral de Lula & Cia.!

 

8.     A CCRI convoca todos os socialistas a lutarem conjuntamente por:

 

* Mobilizações de massa e greve geral para derrubar o governo de direita o mais rápido possível! Não esperem por eleições ou impeachment para se livrar do Bolsonaro!

 

* Construir conselhos de ação nos locais de trabalho, bairros e aldeias para organizar os trabalhadores e as massas populares!

 

* Trabalhadores e organizações populares precisam romper com qualquer frente popular!

 

* Nenhum voto para qualquer frente popular nas eleições!

 

* Por um governo operário e popular baseado em conselhos populares e milícias!

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Dia da Independência: Bolsonaro fracassa em convocação para extrema direita

 


Dia da Independência: Bolsonaro fracassa em  convocação para extrema direita

Declaração da Corrente Comunista Revolucionária-CCR, seção brasileira da CCRI/RCIT

08 de setembro de 2022

A Corrente Comunista Revolucionária-CCR, seção brasileira da CCRI/RCIT esteve presente na última manifestação pelo Fora Bolsonaro/Mourão no último dia 07 de setembro, feriado nacional da independência.

Diferente das outras manifestações essa teve um ingrediente especial, pois o presidente Bolsonaro,  cada vez mais acuado pela perda de popularidade  e dos processos judiciais contra ele, seus ministros e sua família, convocou seus fanáticos apoiadores a transformar a celebração do dia da independência num dia de Marcha sobre Brasília, numa tosca imitação da famosa Marcha  fascista sobre Roma de Mussolini em 1922. Era para aumentar sua força política.

Não deu certo. A mídia informou que esperava 02 milhões de manifestantes em Brasília  (compareceram no máximo 40 mil) e mais 4 milhões em São Paulo (comparecerem pouco mais de 100 mil). O máximo que conseguiu foi ajuntar  nas ruas aqueles que representam o que ele já tem nas pesquisas, ou seja 25% dos votos.   Mas  suas bravatas ameaçando não cumprir  mais as decisões da suprema corte com as quais ele não concorda abriram caminho para vários partidos, inclusive da direita tradicional (PSDB-PMDB)  começarem a discutir a possibilidade de impeachment do presidente. Provavelmente não aconteça tal  impeachment, mas coloca Bolsonaro ainda mais  pressionado.

Enquanto isso, a fome, o desemprego, a inflação quase alcançando 9%, aumento nos preços dos combustíveis, da eletricidade, a crise hídrica, as queimadas das florestas, etc, vão devastando o país.

Como acontece tradicionalmente nessa data  as organizações sociais progressistas e os partidos de esquerda  fizeram manifestações em todo o Brasil ( 290 cidades), com destaque para o Rio de Janeiro e São Paulo ( por volta de 50 mil pessoas). As principais demandas foram pelo Fora Bolsonaro/Mourão! Contra a Fome, por mais vacinas para todos.

 

 

 

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Camarada Maruthei Thangavel - Presente!


 

Um obituário da Corrente Comunista Revolucionária Internacional (CCRI/RCIT), 28 de agosto de 2021, www.thecommunists.net

https://www.thecommunists.net/rcit/comrade-maruthei-thangavel-1954-2021/


 

 

É com grande tristeza que devemos informar ao público que nosso camarada Maruthei Thangavel - o fundador e um dos principais membros da seção da CCRI no Sri Lanka - morreu após um longo período de doença aos 67 anos de idade. O camarada Thanga - como todos o chamavam - foi um trabalhador tamil e militante trotskista por muitos anos.

 

O camarada Thanga dedicou toda a sua vida à luta de libertação da classe trabalhadora. O foco de seu trabalho político era o Socialist Plantation Service Union, um sindicato que se concentrou na melhoria das condições de vida dos trabalhadores das plantações Tamil. Este trabalho foi muito árduo e difícil. Os trabalhadores da plantação tâmil são geralmente forçados a viver em vilarejos pequenos, isolados e muito pobres, com acesso limitado à eletricidade e água. Eles enfrentam condições muito duras de superexploração por parte dos proprietários de terras. Além disso, eles são oprimidos por pertencerem a uma minoria nacional que tem enfrentado uma terrível opressão do Estado por muitas décadas. Acrescente-se a isso que sindicalistas como o camarada Thanga também tiveram que enfrentar o aparato burocrático do sindicato oficial, que mantém relações estreitas com os latifundiários e com o Estado, e que tenta perseguir os militantes socialistas por todos os meios possíveis.

 

O camarada Thanga não foi apenas um sindicalista dedicado, mas também um ativista trotskista por muitos anos. Primeiro um membro da seção do CIT/CWI, ele estava com os camaradas que romperam em 2007 com a facção que permaneceu leal ao centro em torno de Peter Taaffe. Este grupo tornou-se o Partido Socialista do Sri Lanka (SPSL) e juntou-se à nossa organização antecessora (Liga da Quinta Internacional-L5I) no ano seguinte. Foi neste período que os quadros que mais tarde fundaram a CCRI se encontraram com os camaradas do Sri Lanka, incluindo o camarada Thanga.

 

Em janeiro de 2011, um debate interno sobre a questão do Tamil começou no SPSL o qual foi provocado para discussão no congresso asiático de nossa organização antecessora na época. Neste congresso, o camarada Michael Pröbsting - um membro da liderança internacional da L5I naquela época e atualmente Secretário Internacional da CCRI - argumentou que os revolucionários deveriam apoiar o slogan de um Tamil Eelam socialista independente caso o povo Tamil no Sri Lanka em sua maioria apoiasse tal objjetivo. Esta foi uma aplicação da clássica posição leninista de que os marxistas apoiam o direito dos oprimidos de se separar e construir um estado independente.

 

O camarada Thanga era o único membro tamil do Comitê Central do SPSL. Ele apoiou totalmente nossa posição e discutiu com os camaradas sobre o assunto. No entanto, a maioria da liderança do SPSL se opôs fortemente a essa ideia e incentivou a liderança internacional do L5I a censurar o camarada Michael por uma suposta “quebra de disciplina”. A maioria do L5I felizmente aceitou esta acusação ridícula e burocrática e criticou formalmente o camarada Michael porque ele levantou o slogan de um Tamil Eelam socialista em um congresso interno! Algumas semanas depois, o camarada Michael, a camarada Almedina Gunić (Secretária Internacional da Mulher do L5I naquela época e atualmente na mesma função na CCRI) e outros camaradas foram expulsos porque tínhamos lançado uma luta de facção contra a degeneração centrista da L5I.

 

O camarada Thanga não se deixou intimidar por essa explosão de chauvinismo burocrático. Ele defendeu o programa leninista de libertação nacional do povo oprimido, apesar da pressão massiva da maioria da liderança do SPSL e da L5I.

 

Deve-se ter em mente que esta discussão não ocorreu em um país ocidental "livre", mas no Sri Lanka, onde o regime chauvinista de direita de Rajapaksa esmagou brutalmente o estado de fato do povo tâmil no norte e no leste do país (liderado pelos chamados Tigres Tamil) e massacrou cerca de 40.000 do povo Tamil em poucas semanas na primavera de 2009.

 

Mas, apesar de todas essas dificuldades, o camarada Thanga continuou a defender os princípios marxistas. Depois de uma curta luta interna, mas intensa, ele deixou o SPSL junto com alguns outros camaradas.

 

Quando os fundadores da CCRI começaram a construir uma nova organização internacional em abril de 2011, o camarada Thanga e seus amigos imediatamente se juntaram a nós. Apesar do pequeno número de militantes, ele se dedicou à tarefa de construir uma nova organização com a mesma energia de antes. Logo ele entrou em contato com o camarada Kamalanathan e seus amigos e juntos eles prosseguiram com a construção do Partido dos Trabalhadores do Lanka - seção da CCRI no Sri Lanka.

 

Devido à sua doença grave, o camarada Thanga não pôde mais fazer a mesma quantidade de trabalho político nos últimos anos como fazia antes. No entanto, ele permaneceu um trotskista dedicado e um membro leal de nossa organização até seu último suspiro. Fisicamente, o camarada Thanga não está entre nós. Mas ele continua a viver em nossas memórias e na memória de milhares de trabalhadores do povo tamil que ele ajudou em sua luta diária por uma vida decente!

 

Camarada Maruthei Thangavel - Presente!

 

 

 

Secretariado Internacional da CCRI/RCIT