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SOBRE O IMPERIALISMO
DOS EUA, EUROPA E JAPÃO, E O IMPERIALISMO DE RÚSSIA E CHINA
É
totalmente impressionista definir o Brasil ou a Índia como países
imperialistas, como apressadamente aventuraram-se a dizer alguns
"marxistas" e terceiros mundistas populistas. Esse impressionismo é o
resultado da ascensão do BRICS (acordo comercial e financeiro entre o Brasil, a
Rússia, Índia, China e África do Sul, os denominados países emergentes), mas
esse bloco já murchou, porque começou a cair bolha das commodities(matérias-primas),
e a valorização dólar norte-americano EUA realizou voltou a ser um outro golpe
contra esses países. Devido a isso, a economia da África do Sul e da Índia completaram
três anos de estagnação e declínio no ano passado, da mesma forma, o Brasil
está em crise levando adiante novos ajustes econômicos. Onde está a exportação
de capitais do Brasil ou, pelo menos, no sistema financeiro internacional? Da
mesma forma, é equivocado falar de sub-imperialismos ou sub-metrópoles, como
também se teoriza; Estas definições não servem porque não definem se eles são
uma coisa ou são outra. Nesse sentido uma burguesia, e um Estado burguês, é ou
não é imperialista. Podem haver países semi-coloniais mais avançados do que
outros, é claro não são iguais o Paquistão e o Afeganistão, o Egito e o Omã, a Coreia do Sul e as Filipinas, e os países semi-coloniais avançados podem
desempenhar o papel de gendarme do imperialismo em diferentes regiões, como o
Egito, o Paquistão ou a Turquia, ou
ficar mais distantes como a Índia, mas igualmente se tratam de países coloniais
mais avançados do que outros no desenvolvimento das forças produtivas, porém, igualmente
também dependentes do imperialismo mundial hegemonizado criminalmente- pelos EUA.
Na
questão do imperialismo da Rússia e da China, a realidade é muito mais rica do
que os esquemas que alguns tenham feito na fase do pré-colapso da URSS. Mas é
apenas um esquema, porque Lenin não colocou em sua obra sobre o imperialismo, em
1915, que não havia nenhuma chance de que nenhum país pudesse alcançar a fase
imperialista sem guerra, e que tudo ficaria limitado a 5 ou 6 nações. Nada
disso. Só marcavam a tendência geral da fase imperialista, em que o capitalismo
havia entrado, as tendências e características da agonia e da decadência , que
foi cumprida e se cumprem plenamente. Da mesma forma, é correto e fundamental,
como nos tempos de Lênin, considerar que para o surgimento de um novo imperialismo hegemônico continua
sendo necessária uma guerra mundial para repartir os mercados e / ou para impor
um novo padrão monetário internacional.
Por
isso, não há que se estar contra as concepções de Lenin e Trotsky ao explicar
porque a Rússia e a China hoje são imperialistas, suas teorias são ainda mais fundamentais
para compreender os processos. Em ambos os países aconteceram revoluções-
embora com sujeitos sociais e direções muito diferentes- que para realizar as tarefas democráticas e
nacionais agrárias- expropriaram a burguesia nacional e o imperialismo, porque a
burguesia nacional desses países era incapaz de poder fazê-lo; porque se a
avançassem sobre a propriedade privada dos meios de produção imperialista e da
terra feudal ou latifundiária também significaria a sua própria expropriação.
Isto permitiu que a URSS e da RPC (República Popular da China)em alcançar uma maior independência do
imperialismo mundial por muitas décadas. E o planejamento estatal permitiu a
sairem do subdesenvolvimento capitalista, mas seu isolamento pela rejeição
natural, e lógico, da burocracia à revolução mundial, que é, em essência
nacional, e assim, contra-revolucionária internacionalmente, levou à estagnação
e ao retrocesso quanto ao desenvolvimento das forças produtivas, ao ficarem sujeitos
e subordinados ao mercado mundial dominado pelo capitalismo imperialista.
No
final dos anos 80, a crise e a escassez e resultante- e o medo da mobilização
das massas levou a burocracia stalinista a inclinar-se decisivamente para a
contra revolução; isto é, não só objetivamente, mas também subjetivamente: a
burocracia stalinista se passou com armas e bagagens para a restauração do
capitalismo. No entanto, isso aconteceu na Rússia e na China onde o
desenvolvimento das forças produtivas eram muito superiores à dos países
semi-coloniais, e de onde o aparato estatal centralizado permitiu- ainda que de
forma diferente entre Rússia e China- uma rápida transição a um estado de
capitalismo monopolista. Igualmente, em ambos os casos, trata-se de um
imperialismo débil e cada um deles com características diferentes. Porém,
nenhum deles seguiu a ordem histórica de acumulação capitalista orgânica, e
isso é o que tornou possível e excepcional o seu salto (e também marca sua
debilidade para o futuro).
No
caso da Rússia, com uma acumulação capitalista realizada- mafiosamente, em
grande parte- sobre a base industrial e tecnológica-militar herdada da URSS, a
qual havia chegado a ser a segunda potência mundial, e com uma atual influência
econômica, política e de grande presença militar principalmente nas regiões que
eram parte ou que tinha influência o velho império russo e a ex-URSS. No caso da China, ao restaurar o capitalismo,
a burocracia estalinista-maoísta, os burgueses vermelhos, por um lado ampliaram
e concentraram a esfera de acumulação do capital internacional com a mão de
obra super-explorada no país, e por outro lado centraram uma estratégia
econômica para todo o mundo semi-colonial, extraindo a baixo-custo as
matérias-primas que necessita para produzir na China e também reservando-se
mercados para seus produtos. E mesmo que a Rússia e a China sejam imperialismos
diferentes, em seus discursos e estratégias, dos discursos e estratégias dos
Estados Unidos e da Europa- como também é diferente o do Japão a de ambos-
igualmente o resultado é o mesmo na divisão internacional do trabalho: aprofunda
a dependência e a primarização das economias dos países semi-coloniais e saqueiam
seus recursos naturais.
Em
resumo, as Revoluções de Rússia e da China- e os estados operários
burocratizados que dali surgiram- não deixaram o mundo do jeito que estava
antes. E no processo contra-revolucionário da década de 90 o imperialismo
conseguiu restaurar o capitalismo nestes países, mas não conseguiu conquistar
tudo que havia perdido por causa da revolução décadas atrás, deixando espaço
para o surgimento destes recentes e excepcionais imperialismos. Imperialismos
mais débeis que Estados Unidos,
Alemanha, Grã-Bretanha, Japão ou França, e comparativamente a eles com uma
grande brecha tecnológica, mas tanto a Rússia como a China são poderosas
economias, que politicamente e
militarmente são muito mais fortes que
países imperialistas mais tradicionais como Austrália, Itália, Espanha e
Portugal.
Alguns consideram equivocado fechar a
caracterização de China como imperialista, porque consideram que a crise
econômica capitalista mundial poderia derrubar o regime estalinista do PC
chinês provocando uma abertura democrática, e com possibilidades de divisão
territorial pela independência das nacionalidades oprimidas. e isso a impediria
de chegar a ser imperialista. Porém, mesmo que houvesse esse processo
convulsivo, resultado da crise capitalista mundial, as nacionalidades oprimidas
na China não representam mais de dez por cento da população total, mesmo que
territorialmente alcance muito mais que esse dez por cento, não se tratam de
zonas industrializadas. Por outro lado, parte da burguesia faz mais de cem anos
que deixou de ser progressista, e muito mais uma burguesia que não realizou uma
acumulação capitalista orgânica, mas que conseguiu sua posição ao amparo de um
Estado monopolista e ditatorial. Por isso que entre as tarefas democráticas
para a constituição do Estado-Nação (burguês) a burguesia chinesa não dá
nenhuma importância à democracia burguesa como regime dominante. Ainda que, se vier a ser obrigada a aplicá-la
para enganar ao povo chinês, ela o fará, no melhor dos casos, como um regime
“democrático” à Putin, ou seja, um regime reacionário ou semi-fascista.
Portanto,
ao constatar o Ascenso econômico de Rússia e da China como potências
imperialistas, isso em nada contradiz a teoria de Lenin sobre o “Imperialismo fase superior do capitalismo,
e a teoria-programa da revolução
permanente de Trotsky- e confirma o caráter restaurador e reacionário da
burocracia estalinista, seja brejneviana ou maoísta (e castrista) - e
principalmente porque é constatar um fato da realidade fartamente visível.
1)
Uma vez que Rússia e China são imperialistas- como são Alemanha, Grã-Bretanha,
França, Holanda, Japão e o Estados Unidos, ainda que ambos não sejam
hegemônicos como este último- os socialistas revolucionários estamos pelo
rompimento dos pactos políticos e militares que que nos atam ao imperialismo,
também destes novos. Assim como rechaçamos os investimentos em infraestrutura
como estradas inter-oceânicas e obras similares (e instalação de bases
militares), porque tais investimentos- como as petroleiras ou mineradoras dos
EUA, do Canadá, da Suíça ou da Austrália- a única coisa que buscam nos países
subdesenvolvidos é continuar extraindo a baixo custo suas riquezas e seus
recursos naturais não renováveis.
2)
Ao mesmo tempo, enquanto que a classe operária não tenha força suficiente para
expulsar o imperialismo, lutamos pela igualdade de direitos trabalhistas e
sociais para os trabalhadores chineses- ou de outros países- que essas empresas
levem aos países semi-coloniais. Nossos
inimigos não são os trabalhadores chineses, mas o imperialismo da China, ou da
Rússia e a burguesia submissa das semicolônias.
3)
É claro que na luta pela revolução socialista os socialistas revolucionários
lutamos pelas consignas democráticas formais em países como a China ou Rússia (ou
nos países árabes), consignas tais como; pelo sufrágio universal; pela autodeterminação
das nacionalidades; pela legalidade dos sindicatos e dos partidos operários,
etc., e se isto se consegue impor ou não é uma questão de relação de forças.
Mas, a priori, a burguesia chinesa-russa- é reacionária, não busca levar
adiante as tarefas democráticas formais e as garantias civis e a constituição
democrática burguesa. Ao contrário, pois estas burguesias necessitam da
opressão, e da repressão, para a maior exploração possível sobre o operariado e
conseguir assim disputar mercados diante de outras potências imperialistas mais
adiantadas. Ou seja, a tarefa de completar as tarefas da revolução burguesa,
que as burguesias russa e chinesa se negam a fazer, é tarefa do proletariado e
para leva-la adiante necessitará construir sua direção revolucionária, tomar o
poder, e dar firmes passo em direção ao socialismo.
4)
O surgimento destes novos imperialismos faz com que alguns velhos imperialismos
entrem em decadência, e que outros começam a ver diminuídos os seus mercados e
seus espaços vitais, o que leva à agudização das contradições e das rusgas
inter-imperialistas, e levará nas décadas seguintes a aprofundar as tendências
da barbárie capitalista a uma Terceira Guerra Mundial. Neste caso, seja como
for que se formem os blocos imperialistas, estamos para o derrotismo
revolucionário, ou seja; os trotskistas não apoiamos nenhuns bandos imperialistas
e chamamos a parar o novo massacre imperialista com a revolução proletária e
socialista.
Marcelo
Rios, pela Liga Comunista dos Trabalhadores.
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22/04/2015
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