domingo, 19 de abril de 2015

Defender Yemen contra a gangue de agressores de Al-Saud! Abaixo as divisões sectárias e a Guerra Civil! Por um Governo Popular e dos Trabalhadores! Declaração conjunta do Secretariado Internacional da Corrente Comunista Revolucionária Internacional-RCIT



1. Desde a noite de 25 de março, uma alianças militar de potências reacionárias estrangeiras têm atuado atacando o Iêmen.  Esta gangue de agressores é liderada pelo reino da Arábia Saudita e inclui todas as outras monarquias da Península Árabe (exceto Omã) juntamente com os reacionários regimes do Egito, Jordânia, Sudão, Marrocos e Paquistão. Além disso, esse ataque é apoiado também pelas potências imperialistas tais como os EUA, a Grã-Bretanha e a França, assim como Israel. Em um ataque o qual Riad apelidou de “Operação Tempestade Decisiva”, por volta de cem aviões de guerra sauditas junto com forças aliadas estão atacando o avanço dos rebeldes Houthi em sete diferentes cidades do Iêmen. Durante os nove primeiros dias desta agressão, eles mataram pelo menos 519 pessoas, inclusive muitas crianças, e feriram mais de 1.700. O Egito também enviou navios de guerra para a costa do Iêmen.  Além disso, a Arábia Saudita reuniu por volta de 150.000 tropas em volta da sua fronteira com o Iêmen, também o Egito, a Jordânia, e o Paquistão expressaram seu pronto desejo de tomar parte em uma grande ofensiva.

2. A Corrente Comunista Revolucionária Internacional (RCIT)  convoca os democratas, anti-imperialistas e socialistas no Iêmen e no mundo árabe a defender a independência nacional do Iêmen e dar apoio à derrota dos agressores reacionários de Al-Saud.
3.  Enquanto a atual guerra no Iêmen reflete diferentes pontos de conflitos, no momento presente o mais fator é o ataque das potências arqui-reacionárias estrangeiras contra a independência do Iêmen com o objetivo de instalar seu lacaio reacionário, “presidente” Abd Rabbu Mansour al-Hadi. Enquanto o rei saudita Salman e outros reacionários  xeiques do petróleo alegam ter lançado uma operação “antiterrorista”, eles na verdade representam os antigos regimes. Eles representam a aliança das classes dominantes as quais têm seu núcleo a decadente e corrupta monarquia saudita e outras monarquias do Golfo as quais, sem pudor, apoiam ditadores exilados tais como o ex-líder da Tunísia Bem Ali, além disso, financiaram o sangrento golpe de Estado do general al-Sisi no Egito em 03 de julho de 2013, o qual até agora levou ao massacre de mais de 6.000 pessoas, e esmagou a revolta popular no Bahrein em março de 2011. Sintomaticamente, esse mesmo regime de al_Sisi é uma parte integrante da gangue de agressores.  Eles são acompanhados pela monarquia ultra-reacionária, pró-ocidental do Marrocos, a qual possui décadas de experiência em opressão nacional contra o povo Sahrawi, na parte oeste do Saara (da mesma forma sob o pretexto de “operações anti-terroristas”. Finalmente, esta aliança fica completa pelo regime do Paquistão do Primeiro Ministro Nawaz Sharif, que de tempos em tempos lança “operações anti-terroristas” contra seu próprio povo no Baloquistão, no Waziristão e em Khyber Paktunkhwa. O Paquistão tem relações próximas com o reino saudita de quem precisam desesperadamente dos petrodólares. Soma-se a isto o fato de que os militares paquistaneses possuem um longo histórico de enviar tropas para socorrer as corruptas monarquias do Golfo, as mesmas que têm poucas razões para confiar em seu próprio povo. (Da última vez que o Paquistão fez isso foi durante a repressão contra-revolucionária da Revolução no Bahrein.
4. Para resumir, essa gangue de agressores de al-Saud representa a mais recente ação de contra-revolução, o desejo das velhas classes dominantes de esmagar a Revolução Árabe, e retornar à ordem de antes de 2011. No mesmo contexto, devemos ver a reacionária inciativa de al_Sisi e do rei Salman no recente encontro da Liga Árabe em formar uma força conjunta militar contanto por volta de uma tropa de elite com 40.000 membros, apoiados por jatos, navios de guerra e armas leves.
5. A aliança reacionária de reis e ditadores decidiu invadir o Iêmen após o seu fantoche, Abd Rabbu Mansour al-Hadi, ter fugido do país quando os rebeldes alcançaram a região sul de Áden. Como resultado da queda de Hadi, o imperialismo americano foi forçado a remover seus operativos de pessoal militar e de inteligência do Iêmen. Além disso, os EUA, a França, a Turquia e as potências aliadas europeias fecharam suas embaixadas em Sanaá. O rei Salman e seus cúmplices estão determinados a controlar o país pela ocupação de partes dele com o envio de tropas forçando os rebeldes a aceitar negociações, as quais poderiam resultar no regresso de al-Hadi ao poder, o qual perdeu o apoio da população como presidente da nação.
6. A gangue agressora se esforça para subjugar Iêmen não somente para dar um outro golpe na Revolução Árabe, mas também controlar uma nação a qual está estrategicamente localizada para o comércio mundial. Quem vier a controlar o estreito de Bab al-Mandab controlará consequentemente o Golfo de Áden e as ilhas Suqtra. Além disso, quem vier a controlar o estreito de Bab al-Mandab também controlará o caminho ao sul do canal de Suez. É por esse motivo que as potências imperialistas apoiam a guerra da Arábia Saudita contra o Iêmen.


7.  A aliança saudita teme que a vitória do movimento Houthi possa levar a um fortalecimento do poder regional do Irã e dessa forma levar a um enfraquecimento dos velhos rivais, ou seja, a própria Arábia Saudita e Israel.  Esse temor aumentou com a recente conclusão do acordo entre as grandes potências e o Irã sobre o mais recente desenvolvimento e uso da energia nuclear.
8. O povo iemenita compreende bem que a atual agressão saudita é um ataque à sua independência nacional. Isso se reflete pela enorme manifestação de massa em Sanaá no dia primeiro de abril, assim como manifestações similares em Taízz e Amram. As pessoas presentes cantaram “Morte aos EUA! ”, “Morte a Israel” e “Abaixo a agressão saudita! ”. Um outro slogan popular dizia “ Desde Saná até Qatif, a Revolução não vai parar! ”, referindo-se à cidade de Qatif na parte leste da Arábia Saudita.  Existem chamamentos populares pelo boicote a produtos originários de países que participam do ataque da aliança saudita.  Desde o começo do ataque saudita tem havido importantes mudanças na consciência política do povo iemenita. Hoje, muitas pessoas que no passado não apoiavam os rebeldes houthis, inclusive muitos sunitas, assim como os apoiadores do velho Partido Socialista (o qual governou o Iêmen do Sul até 1990), agora veem o ataque estrangeiro como a questão mais importante. Hoje, a maioria do povo iemenita, tanto xiitas como sunitas, dão apoio a luta militar levada pelos houthis contra a agressão saudita.
9. A agressão estrangeira transformou a natureza da guerra civil. Tal como o RCIT elaborou em declarações passadas, o levante popular contra o “presidente” al-Hadi no outono de 2014, depois de brutal aumento de preços, tinham um caráter democrático e legitimo. Al-Hadi foi durante 17 anos deputado do deposto ditador Ali Abdulla Saleh e chegou ao poder como resultado de um acordo arranjado pelos sauditas após a Revolução Iemenita que forçou Saleh a fugir do país em 2011. Os socialistas apoiam a Revolução Iemenita, assim como o levante popular contra al-Hadi, e lutaram por um programa independente da classe operária. Mais tarde, quando o movimento Houthi tomou o poder, o conflito se transformou numa sectária guerra civil na qual os socialistas não poderiam dar apoio a nenhum dos lados. No entanto, com o início da agressão saudita, o caráter da guerra civil se transformou novamente. Agora tornou-se somente uma guerra de defesa nacional contra a agressão estrangeira da gangue de al_Saud.
10. Os recentes acontecimentos também demonstram mais uma vez o declínio dos EUA como a potência imperialista hegemônica.  Os EUA estão cada vez menos capazes de fazer guerras usando suas próprias tropas, mas pelo contrário está sendo forçado a remover suas tropas (Iraque, Afeganistão) e dependem de forma cada vez mais crescente de forças militares dos seus aliados (ou seja, do exército do Iraque contra o levante sunita, dos sauditas contra o Iêmen). Além disso, é forçado a buscar compromissos com ex-adversários tais como o reacionário ditador do regime sírio al-Assad, ou o regime dos Aiatolás do Irã. Igualmente, os EA sofreram um revés com o II acordo de Minsk, o qual temporariamente pacificou a guerra civil em Ucrânia. Ao mesmo tempo, as novas potências imperialistas, Rússia e China, jogam um crescente papel na política e na economia mundial.
11. O RCIT convoca os socialistas a dar apoio a guerra justa de defesa nacional e pela derrota da gangue de agressores de al-Saudi. Os socialistas devem dar apoio à luta militar liderada pelos rebeldes Houthi contra os agressores e seus lacaios iemenitas, porém sem dar qualquer apoio político aos houthi. Os revolucionários devem convocar a liderança Houthi de fornecer armas aos trabalhadores e oprimidos auxiliar na formação de milícias populares. Eles (os revolucionários) também devem se opor ao confuso anti-sionismo (o qual está absolutamente correto) misturado com o chauvinismo anti-judeu, o qual se expressa em slogans tais como ‘Malditos judeus! ’ O que é completamente reacionário. É errado identificar todos os judeus como sionistas (assim como também faz o estado de Israel), como é possível ver pela tradicional (e atualmente crescente) rejeição do sionismo por uma parcela de setores e indivíduos judaicos. Os socialistas devem alertar que a liderança Houthi é uma força islamita pequeno-burguesa que está determinada a construí um Iêmen capitalista. A natureza reacionária da liderança Houthi está também refletida pela sua bizarra aliança com o deposto ditador do Iêmen Ali Abdulla Saleh contra quem lutou por seis guerras civis durante a última década. Saleh governou brutalmente o Iêmen do Norte de 1978 até 1990 e o país inteiro após a unificação até a Revolução de 2011. É crucial que as forças progressistas na luta no Iêmen superem divisões sectárias religiosas e lutem pela unidade da classe trabalhadora e das massas populares.
12. Os socialistas devem lutar por uma revolucionária assembleia constituinte. Seus delegados devem ser controlados e substituídos pelas massas populares. Esta assembleia deve montar uma nova constituição para o país, uma constituição que deverá unir os trabalhadores e os pobres independente de suas crenças religiosas. Os revolucionários deverão lutar internamente nesta assembleia por um programa socialista.
13. A tarefa da classe trabalhadora e dos camponeses e dos pobres é avançar pela formação de suas organizações independentes. Eles devem lutar pela fundação por novos e populares Conselhos de Ação assim como milícias armadas populares. Tais conselhos devem estar baseados e assembleias regulares de trabalhadores nos lugares de trabalho e das massas nos bairro e vilas. Obviamente tais Conselhos e Milícias cedo ou tarde entrarão em conflito com a liderança pequeno-burguesa Houthi, a qual está tentando burocraticamente controlar a resistência popular. O objetivo final deve ser a liderança Houthi e avançar para uma “Segunda Revolução” que resultaria na formação de um governo de trabalhadores e camponeses. Tal governo não deverá confiar no velho e corrupto exército, mas no poder dos Conselhos Populares e Milícias (populares) armadas. Tal governo deverá romper com a dependência do Iêmen com relação aos monopólios dos países imperialistas e deverá nacionalizar os setores-chaves da economia sob controle dos trabalhadores.
14. Os socialistas devem combinar um programa de defesa do Iêmen contra a agressão Saudita com uma solidariedade internacional com a Resistência Palestina contra a ocupação sionista, contra a agressão imperialista no Iraque e Síria liderada pelos EUA, ao mesmo tempo, apoiar a Revolução Síria contra a ditadura de al-Assad, apoiar a resistência popular no Egito contra o regime militar e lutar por uma Segunda Revolução na Tunísia contra o retorno da velha guarda de Bem Ali. O RCIT convoca os revolucionários a decididamente se opor aos falsos partidos “socialistas” e “comunistas” na Síria e no Egito, os quais dão apoio às ditaduras reacionárias de al-Assad e al-Sisi. Nós também alertamos contra  os partidos reformistas da esquerda da Europa que falharam na luta contra as guerras coloniais dos EUA, França e Israel contra a onda de ataques sobre os imigrantes muçulmanos na Europa, e também alertamos contra o Hadash ( Partido Frente democrática de Paz e Igualdade-Israel) e contra  a CIT                                            - Comitê por uma Internacional dos Trabalhadores  (em inglês- CWI) que apoiam a existência do estado sionista do Apartheid de Israel.
15. O mais importante, os trabalhadores precisam de um novo partido que seja independente dos capitalistas, independente das instituições imperialistas e dos partidos burgueses. Tal partido deve estar baseado na classe trabalhadora e reunir os camponeses oprimidos e os pobres. Esse partido deve lutar contra qualquer divisão sectária tendo por base convicções religiosas. Seu objetivo deve ser a vitória da Revolução Socialista. Tal partido Revolucionário do Trabalhadores deve se orientar ara unir sua luta com os trabalhadores e oprimidos de outros países-desde a Palestina e o Egito, passando pelo Brasil, China, Grécia e os EUA. Para atingir esses fins deve fazer parte da Quinta Internacional dos Trabalhadores. O RCIT chama os revolucionários no Iêmen, assim como os revolucionários no mundo árabe a se juntar a nós na luta por um programa internacionalista, anti-imperialista e socialista, e para construir uma organização comum internacional na orgulhosa tradição do partido bolchevique de Lenin e da Quarta Internacional de Trotsky.
16. O RCIT chama os autênticos socialistas, todos os trabalhadores, os pobres e oprimidos a:
* Defender o Iêmen contra a gangue agressora de al-Saud! Chama a apoiar a resistência liderada pelos rebeldes Houthis, sem, no entanto, não dar qualquer apoio político às suas direções! Não ao retorno o “presidente” lacaio reacionário al-Hadi!
* Apoiar a campanha popular para boicotar os produtos fabricados por países que participam na agressão liderada pelos sauditas!
* Por um movimento de massa que unifique os trabalhadores xiitas e camponeses, baseados na solidariedade e respeito entre todos os grupos!
* Por uma Assembleia Constituinte em que os delegados devam ser controlados e possam ser substituídos pelas massas populares!
* Pela criação de Conselhos de Ação Popular e Milícias Armadas para defender o Iêmen contra a agressão Saudita e avançar para a Segunda Revolução!
* Por um governo dos Trabalhadores e Camponeses defendido pelas Milícias Populares que expropriarão as corporações estrangeiras e os ricos capitalistas nacionais! Pela nacionalização das industrias-chave e dos bancos sob o controle dos trabalhadores!
* Defender Gaza! Derrotar Israel! Por um boicote Internacional contra Israel! Por uma Palestina Livre e Vermelha!
* Abaixo a ditadura reacionária militar de al-Sisi no Egito!
* Por uma Segunda Revolução no Egito!
* Abaixo com a reacionária monarquia da Arábia Saudita!
* Derrotar a aliança de lacaios do imperialismo do general Haftar na Líbia!
* Não ao sectarianismo reacionário!  Abaixo o Salafi-Takfiri Daash!
* Renovar e ampliar a Revolução Árabe que se iniciou em 2011!
* Por um Iêmen unificado como parte de uma federação Socialista do Oriente Médio!
* Avante pela construção de um Partido Revolucionário como parte da Quinta Internacional!

Para nossas análises da Revolução iemenita recomendamos os seguintes links (em inglês):

RCIT: Iêmen: Abaixo o aumento dos preços! Por uma Segunda Revolução para estabelecer um governo de trabalhadores e camponeses! 09/03/2014 . http://www.thecommunists.net/worldwide/africa-and-middle-east/yemen-uprising/

Iêmen: Os protestos de massa continuam, um informe de um simpatizante do RCIT, 09/04/2014. Revista Revolutionary Communism No. 27, http://www.thecommunists.net/worldwide/africa-and-middle-east/yemen-report-4-9-2014/
 Para ler os documentos do RCIT sobre a agressão imperialista no Oriente Médio e a Revolução Árabe, leia, entre outros:
* RCIT: Unidade Revolucionária para Avançar a Luta de Liberação. Carta Aberta para todos os revolucionários e organizações a ativistas no encontro do Fórum Social Mundial em Túnis de 24 a 28 de março de 2015.  Na revista Revolucionário Comunismo número 33 (Em Português) e no link: http://www.thecommunists.net/home/portugu%C3%AAs/wsf-tunis-statement/
* RCIT: Perspectivas para a Luta de Classes no Aprofundamento da Crise na Economia do Mundo Imperialista e das políticas: Estas grandes e recentes desenvolvimentos no contexto mundial e suas perspectivas adiante, 11 de janeiro de 2015 na revista: Revolutionary Comunnism número 32, ou no link: http://www.thecommunists.net/theory/world-situation-january-2015/
 * RCIT:  Derrotar a Nova Cruzada de Obama no Oriente Médio! Por um Movimento de \Massa Internacional para derrotar a ofensiva das grandes Potências Ocidentais! Apoiar a Luta dos Curdos por um Estado Independente! Não à perseguição aos muçulmanos nos países ocidentais! 18/09/2014 na revista Revolucionário Comunismo, número 27, e no link: http://www.thecommunists.net/worldwide/africa-and-middle-east/obama-s-new-crusade/
* RCIT: Defender o Iraque contra outra agressão do Imperialismo americano! Apoiar os Curdos no seu direito à Auto-Determinação contra o Estado Islâmico! Unificar a Luta contra o ataque dos EUA contra a Resistencia Palestina a Israel! Na revista Revolucionário Comunismo, número 26, e no link: http://www.thecommunists.net/worldwide/africa-and-middle-east/defend-iraq-against-us/ 







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