1. Desde a noite de 25 de março,
uma alianças militar de potências reacionárias estrangeiras têm atuado
atacando o Iêmen. Esta gangue de
agressores é liderada pelo reino da Arábia Saudita e inclui todas as outras
monarquias da Península Árabe (exceto Omã) juntamente com os reacionários
regimes do Egito, Jordânia, Sudão, Marrocos e Paquistão. Além disso, esse
ataque é apoiado também pelas potências imperialistas tais como os EUA, a
Grã-Bretanha e a França, assim como Israel. Em um ataque o qual Riad apelidou
de “Operação Tempestade Decisiva”, por volta de cem aviões de guerra sauditas
junto com forças aliadas estão atacando o avanço dos rebeldes Houthi em sete
diferentes cidades do Iêmen. Durante os nove primeiros dias desta agressão,
eles mataram pelo menos 519 pessoas, inclusive muitas crianças, e feriram mais
de 1.700. O Egito também enviou navios de guerra para a costa do Iêmen. Além disso, a Arábia Saudita reuniu por volta
de 150.000 tropas em volta da sua fronteira com o Iêmen, também o Egito, a
Jordânia, e o Paquistão expressaram seu pronto desejo de tomar parte em uma
grande ofensiva.
2. A Corrente Comunista
Revolucionária Internacional (RCIT) convoca os democratas, anti-imperialistas e
socialistas no Iêmen e no mundo árabe a defender a independência nacional do Iêmen
e dar apoio à derrota dos agressores reacionários de Al-Saud.
3. Enquanto a atual guerra no Iêmen reflete
diferentes pontos de conflitos, no momento presente o mais fator é o ataque das
potências arqui-reacionárias estrangeiras contra a independência do Iêmen com o
objetivo de instalar seu lacaio reacionário, “presidente” Abd Rabbu Mansour
al-Hadi. Enquanto o rei saudita Salman e outros reacionários xeiques do petróleo alegam ter lançado uma
operação “antiterrorista”, eles na verdade representam os antigos regimes. Eles
representam a aliança das classes dominantes as quais têm seu núcleo a
decadente e corrupta monarquia saudita e outras monarquias do Golfo as quais,
sem pudor, apoiam ditadores exilados tais como o ex-líder da Tunísia Bem Ali,
além disso, financiaram o sangrento golpe de Estado do general al-Sisi no Egito
em 03 de julho de 2013, o qual até agora levou ao massacre de mais de 6.000 pessoas,
e esmagou a revolta popular no Bahrein em março de 2011. Sintomaticamente, esse
mesmo regime de al_Sisi é uma parte integrante da gangue de agressores. Eles são acompanhados pela monarquia
ultra-reacionária, pró-ocidental do Marrocos, a qual possui décadas de
experiência em opressão nacional contra o povo Sahrawi, na parte oeste do Saara
(da mesma forma sob o pretexto de “operações anti-terroristas”. Finalmente,
esta aliança fica completa pelo regime do Paquistão do Primeiro Ministro Nawaz
Sharif, que de tempos em tempos lança “operações anti-terroristas” contra seu
próprio povo no Baloquistão, no Waziristão e em Khyber Paktunkhwa. O Paquistão
tem relações próximas com o reino saudita de quem precisam desesperadamente dos
petrodólares. Soma-se a isto o fato de que os militares paquistaneses possuem
um longo histórico de enviar tropas para socorrer as corruptas monarquias do Golfo,
as mesmas que têm poucas razões para confiar em seu próprio povo. (Da última
vez que o Paquistão fez isso foi durante a repressão contra-revolucionária da
Revolução no Bahrein.
4. Para resumir, essa gangue de
agressores de al-Saud representa a mais recente ação de contra-revolução, o
desejo das velhas classes dominantes de esmagar a Revolução Árabe, e retornar à
ordem de antes de 2011. No mesmo contexto, devemos ver a reacionária inciativa
de al_Sisi e do rei Salman no recente encontro da Liga Árabe em formar uma
força conjunta militar contanto por volta de uma tropa de elite com 40.000
membros, apoiados por jatos, navios de guerra e armas leves.
5. A aliança reacionária de reis
e ditadores decidiu invadir o Iêmen após o seu fantoche, Abd Rabbu Mansour al-Hadi,
ter fugido do país quando os rebeldes alcançaram a região sul de Áden. Como
resultado da queda de Hadi, o imperialismo americano foi forçado a remover seus
operativos de pessoal militar e de inteligência do Iêmen. Além disso, os EUA, a
França, a Turquia e as potências aliadas europeias fecharam suas embaixadas em
Sanaá. O rei Salman e seus cúmplices estão determinados a controlar o país pela
ocupação de partes dele com o envio de tropas forçando os rebeldes a aceitar
negociações, as quais poderiam resultar no regresso de al-Hadi ao poder, o qual
perdeu o apoio da população como presidente da nação.
6. A gangue agressora se esforça
para subjugar Iêmen não somente para dar um outro golpe na Revolução Árabe, mas
também controlar uma nação a qual está estrategicamente localizada para o
comércio mundial. Quem vier a controlar o estreito de Bab al-Mandab controlará
consequentemente o Golfo de Áden e as ilhas Suqtra. Além disso, quem vier a
controlar o estreito de Bab al-Mandab também controlará o caminho ao sul do
canal de Suez. É por esse motivo que as potências imperialistas apoiam a guerra
da Arábia Saudita contra o Iêmen.
7. A aliança saudita teme que a vitória do
movimento Houthi possa levar a um fortalecimento do poder regional do Irã e
dessa forma levar a um enfraquecimento dos velhos rivais, ou seja, a própria
Arábia Saudita e Israel. Esse temor
aumentou com a recente conclusão do acordo entre as grandes potências e o Irã
sobre o mais recente desenvolvimento e uso da energia nuclear.
8. O povo iemenita compreende bem
que a atual agressão saudita é um ataque à sua independência nacional. Isso se
reflete pela enorme manifestação de massa em Sanaá no dia primeiro de abril,
assim como manifestações similares em Taízz e Amram. As pessoas presentes
cantaram “Morte aos EUA! ”, “Morte a Israel” e “Abaixo a agressão saudita! ”.
Um outro slogan popular dizia “ Desde Saná até Qatif, a Revolução não vai parar!
”, referindo-se à cidade de Qatif na parte leste da Arábia Saudita. Existem chamamentos populares pelo boicote a
produtos originários de países que participam do ataque da aliança
saudita. Desde o começo do ataque
saudita tem havido importantes mudanças na consciência política do povo
iemenita. Hoje, muitas pessoas que no passado não apoiavam os rebeldes houthis,
inclusive muitos sunitas, assim como os apoiadores do velho Partido Socialista (o
qual governou o Iêmen do Sul até 1990), agora veem o ataque estrangeiro como a
questão mais importante. Hoje, a maioria do povo iemenita, tanto xiitas como
sunitas, dão apoio a luta militar levada pelos houthis contra a agressão
saudita.
9. A agressão estrangeira
transformou a natureza da guerra civil. Tal como o RCIT elaborou em declarações
passadas, o levante popular contra o “presidente” al-Hadi no outono de 2014,
depois de brutal aumento de preços, tinham um caráter democrático e legitimo.
Al-Hadi foi durante 17 anos deputado do deposto ditador Ali Abdulla Saleh e
chegou ao poder como resultado de um acordo arranjado pelos sauditas após a Revolução
Iemenita que forçou Saleh a fugir do país em 2011. Os socialistas apoiam a
Revolução Iemenita, assim como o levante popular contra al-Hadi, e lutaram por
um programa independente da classe operária. Mais tarde, quando o movimento
Houthi tomou o poder, o conflito se transformou numa sectária guerra civil na
qual os socialistas não poderiam dar apoio a nenhum dos lados. No entanto, com
o início da agressão saudita, o caráter da guerra civil se transformou
novamente. Agora tornou-se somente uma guerra de defesa nacional contra a
agressão estrangeira da gangue de al_Saud.
10. Os recentes acontecimentos
também demonstram mais uma vez o declínio dos EUA como a potência imperialista
hegemônica. Os EUA estão cada vez menos
capazes de fazer guerras usando suas próprias tropas, mas pelo contrário está
sendo forçado a remover suas tropas (Iraque, Afeganistão) e dependem de forma
cada vez mais crescente de forças militares dos seus aliados (ou seja, do exército
do Iraque contra o levante sunita, dos sauditas contra o Iêmen). Além disso, é
forçado a buscar compromissos com ex-adversários tais como o reacionário ditador
do regime sírio al-Assad, ou o regime dos Aiatolás do Irã. Igualmente, os EA
sofreram um revés com o II acordo de Minsk, o qual temporariamente pacificou a
guerra civil em Ucrânia. Ao mesmo tempo, as novas potências imperialistas, Rússia
e China, jogam um crescente papel na política e na economia mundial.
11. O RCIT convoca os socialistas
a dar apoio a guerra justa de defesa nacional e pela derrota da gangue de
agressores de al-Saudi. Os socialistas devem dar apoio à luta militar liderada
pelos rebeldes Houthi contra os agressores e seus lacaios iemenitas, porém sem
dar qualquer apoio político aos houthi. Os revolucionários devem convocar a
liderança Houthi de fornecer armas aos trabalhadores e oprimidos auxiliar na
formação de milícias populares. Eles (os revolucionários) também devem se opor
ao confuso anti-sionismo (o qual está absolutamente correto) misturado com o
chauvinismo anti-judeu, o qual se expressa em slogans tais como ‘Malditos judeus!
’ O que é completamente reacionário. É errado identificar todos os judeus como
sionistas (assim como também faz o estado de Israel), como é possível ver pela
tradicional (e atualmente crescente) rejeição do sionismo por uma parcela de setores
e indivíduos judaicos. Os socialistas devem alertar que a liderança Houthi é
uma força islamita pequeno-burguesa que está determinada a construí um Iêmen
capitalista. A natureza reacionária da liderança Houthi está também refletida
pela sua bizarra aliança com o deposto ditador do Iêmen Ali Abdulla Saleh
contra quem lutou por seis guerras civis durante a última década. Saleh governou
brutalmente o Iêmen do Norte de 1978 até 1990 e o país inteiro após a
unificação até a Revolução de 2011. É crucial que as forças progressistas na
luta no Iêmen superem divisões sectárias religiosas e lutem pela unidade da
classe trabalhadora e das massas populares.
12. Os socialistas devem lutar
por uma revolucionária assembleia constituinte. Seus delegados devem ser
controlados e substituídos pelas massas populares. Esta assembleia deve montar
uma nova constituição para o país, uma constituição que deverá unir os
trabalhadores e os pobres independente de suas crenças religiosas. Os
revolucionários deverão lutar internamente nesta assembleia por um programa
socialista.
13. A tarefa da classe
trabalhadora e dos camponeses e dos pobres é avançar pela formação de suas
organizações independentes. Eles devem lutar pela fundação por novos e populares
Conselhos de Ação assim como milícias armadas populares. Tais conselhos devem
estar baseados e assembleias regulares de trabalhadores nos lugares de trabalho
e das massas nos bairro e vilas. Obviamente tais Conselhos e Milícias cedo ou
tarde entrarão em conflito com a liderança pequeno-burguesa Houthi, a qual está
tentando burocraticamente controlar a resistência popular. O objetivo final
deve ser a liderança Houthi e avançar para uma “Segunda Revolução” que
resultaria na formação de um governo de trabalhadores e camponeses. Tal governo
não deverá confiar no velho e corrupto exército, mas no poder dos Conselhos
Populares e Milícias (populares) armadas. Tal governo deverá romper com a
dependência do Iêmen com relação aos monopólios dos países imperialistas e
deverá nacionalizar os setores-chaves da economia sob controle dos
trabalhadores.
14. Os socialistas devem combinar
um programa de defesa do Iêmen contra a agressão Saudita com uma solidariedade
internacional com a Resistência Palestina contra a ocupação sionista, contra a
agressão imperialista no Iraque e Síria liderada pelos EUA, ao mesmo tempo,
apoiar a Revolução Síria contra a ditadura de al-Assad, apoiar a resistência
popular no Egito contra o regime militar e lutar por uma Segunda Revolução na
Tunísia contra o retorno da velha guarda de Bem Ali. O RCIT convoca os
revolucionários a decididamente se opor aos falsos partidos “socialistas” e
“comunistas” na Síria e no Egito, os quais dão apoio às ditaduras reacionárias de
al-Assad e al-Sisi. Nós também alertamos contra
os partidos reformistas da esquerda da Europa que falharam na luta
contra as guerras coloniais dos EUA, França e Israel contra a onda de ataques
sobre os imigrantes muçulmanos na Europa, e também alertamos contra o Hadash (
Partido Frente democrática de Paz e Igualdade-Israel) e contra a CIT - Comitê
por uma Internacional dos Trabalhadores
(em inglês- CWI) que apoiam a existência do estado sionista do Apartheid
de Israel.
15. O mais importante, os
trabalhadores precisam de um novo partido que seja independente dos
capitalistas, independente das instituições imperialistas e dos partidos
burgueses. Tal partido deve estar baseado na classe trabalhadora e reunir os
camponeses oprimidos e os pobres. Esse partido deve lutar contra qualquer
divisão sectária tendo por base convicções religiosas. Seu objetivo deve ser a
vitória da Revolução Socialista. Tal partido Revolucionário do Trabalhadores
deve se orientar ara unir sua luta com os trabalhadores e oprimidos de outros
países-desde a Palestina e o Egito, passando pelo Brasil, China, Grécia e os
EUA. Para atingir esses fins deve fazer parte da Quinta Internacional dos
Trabalhadores. O RCIT chama os revolucionários no Iêmen, assim como os
revolucionários no mundo árabe a se juntar a nós na luta por um programa
internacionalista, anti-imperialista e socialista, e para construir uma
organização comum internacional na orgulhosa tradição do partido bolchevique de
Lenin e da Quarta Internacional de Trotsky.
16. O RCIT chama os autênticos
socialistas, todos os trabalhadores, os pobres e oprimidos a:
* Defender o Iêmen contra a
gangue agressora de al-Saud! Chama a apoiar a resistência liderada pelos
rebeldes Houthis, sem, no entanto, não dar qualquer apoio político às suas
direções! Não ao retorno o “presidente” lacaio reacionário al-Hadi!
* Apoiar a campanha popular para
boicotar os produtos fabricados por países que participam na agressão liderada
pelos sauditas!
* Por um movimento de massa que
unifique os trabalhadores xiitas e camponeses, baseados na solidariedade e
respeito entre todos os grupos!
* Por uma Assembleia Constituinte
em que os delegados devam ser controlados e possam ser substituídos pelas
massas populares!
* Pela criação de Conselhos de
Ação Popular e Milícias Armadas para defender o Iêmen contra a agressão Saudita
e avançar para a Segunda Revolução!
* Por um governo dos Trabalhadores
e Camponeses defendido pelas Milícias Populares que expropriarão as corporações
estrangeiras e os ricos capitalistas nacionais! Pela nacionalização das
industrias-chave e dos bancos sob o controle dos trabalhadores!
* Defender Gaza! Derrotar Israel!
Por um boicote Internacional contra Israel! Por uma Palestina Livre e Vermelha!
* Abaixo a ditadura reacionária
militar de al-Sisi no Egito!
* Por uma Segunda Revolução no
Egito!
* Abaixo com a reacionária
monarquia da Arábia Saudita!
* Derrotar a aliança de lacaios
do imperialismo do general Haftar na Líbia!
* Não ao sectarianismo
reacionário! Abaixo o Salafi-Takfiri
Daash!
* Renovar e ampliar a Revolução
Árabe que se iniciou em 2011!
* Por um Iêmen unificado como
parte de uma federação Socialista do Oriente Médio!
* Avante pela construção de um
Partido Revolucionário como parte da Quinta Internacional!
Para nossas análises da Revolução
iemenita recomendamos os seguintes links (em inglês):
Para ler os
documentos do RCIT sobre a agressão imperialista no Oriente Médio e a Revolução
Árabe, leia, entre outros:
* RCIT: Unidade Revolucionária para Avançar a Luta de
Liberação. Carta Aberta para todos os revolucionários e organizações a
ativistas no encontro do Fórum Social Mundial em Túnis de 24 a 28 de março de
2015.
Na revista Revolucionário Comunismo
número 33 (Em Português) e no link:
http://www.thecommunists.net/home/portugu%C3%AAs/wsf-tunis-statement/
* RCIT: Perspectivas para a Luta de Classes no
Aprofundamento da Crise na Economia do Mundo Imperialista e das políticas:
Estas grandes e recentes desenvolvimentos no contexto mundial e suas
perspectivas adiante, 11 de janeiro de 2015 na revista: Revolutionary Comunnism
número 32, ou no link:
http://www.thecommunists.net/theory/world-situation-january-2015/
* RCIT:
Derrotar a Nova Cruzada de Obama no Oriente
Médio! Por um Movimento de \Massa Internacional para derrotar a ofensiva das
grandes Potências Ocidentais! Apoiar a Luta dos Curdos por um Estado
Independente! Não à perseguição aos muçulmanos nos países ocidentais!
18/09/2014 na revista Revolucionário Comunismo, número 27, e no link:
http://www.thecommunists.net/worldwide/africa-and-middle-east/obama-s-new-crusade/
* RCIT: Defender o Iraque contra outra agressão do
Imperialismo americano! Apoiar os Curdos no seu direito à Auto-Determinação
contra o Estado Islâmico! Unificar a Luta contra o ataque dos EUA contra a
Resistencia Palestina a Israel! Na revista Revolucionário Comunismo, número 26,
e no link:
http://www.thecommunists.net/worldwide/africa-and-middle-east/defend-iraq-against-us/