Declaração da Corrente Comunista Revolucionária, seção brasileira da CCRI/RCIT, 09 de Maio de 2021
A execução sumária de moradores nas favelas do Rio de Janeiro são constantes. Mas, desta vez, o assassinato de 27 moradores, denominados pela polícia e pela imprensa burguesa como “suspeitos”, alcançou um triste recorde. A invasão da favela do Jacarezinho, no dia 6 de maio, se caracterizou por uma operação de guerra. As Polícias Civil e Militar lançaram uma ofensiva, com o objetivo claro e explícito de fazer uma matança, sob a justificativa de defender as crianças e os jovens que estariam sendo arregimentados pelo narcotráfico.
O último dos grandes massacres que a polícia do Rio de Janeiro praticou contra a população foi em janeiro de 1998, quando a polícia matou 23 pessoas na Vila Operária, no município vizinho Duque de Caxias. Organismos de direitos humanos e a imprensa denunciam a existência de grupos de extermínio, formados no interior das forças de repressão, no estado do Rio de Janeiro. Ficou patente a relação entre policiais e narcotráfico. As violentas milícias de direita, base de apoio do presidente Bolsonaro, nasceram dessa relação. Não foi possível ocultar a existência de uma poderosa fração criminosa no interior do aparato estatal. Está presente no Executivo, no Legislativo, no Judiciário e na Polícia. Não poderia ser de outra maneira, uma vez que o narcotráfico e o crime organizado em geral expressam uma importante movimentação econômico-financeira. O narcotráfico é reconhecido como financiador de candidatos nas eleições.
A América Latina, mergulhada no atraso, e marcada profundamente pelo desemprego, subemprego e fome, há muito se tornou um celeiro do narcotráfico, e uma zona de contrabando de armas, que vêm dos Estados Unidos. Isso explica, em grande medida, o fortalecimento constante da polícia, os enormes orçamentos para os aparatos repressivos, e importação de técnicas e materiais bélicos para serem usados contra as manifestações de trabalhadores. Nesse contexto agigantou-se o Estado policial de tipo bonapartista, com características comuns em todo o continente.
O congresso brasileiro se destaca tendo em seus quadros um grupo de políticos denominados como a “Bancada da Bala”, cujos membros são ativos em defender as pautas conservadoras junto com os congressistas evangélicos fundamendalistas, com especial ênfase na defesa da maioridade penal aos 16 anos e a aprovação da pena de morte.
O presidente da República foi eleito com a participação ativa e ampla das Polícias civis, polícias militares, milícias de extrema direitta e das Forças Armadas. Denúncias várias existem, mas até agora não avançaram os processos judiciais que apuram os vínculos dos filhos do presidente com essas milícias do Rio de Janeiro. 24 horas antes da matança na favela do Jacarezinho o atual governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, encontrou com o presidente e não é possível considerar tal fato como mera coincidência. Recentemente, Bolsonaro orientou o parlamentar do PSL, Major Vitor Hugo, a levar adiante o Projeto de Lei que poderia subordinar as polícias estaduais diretamente ao presidente da República. Essa investida expôs a tendência ao recrudescimento do Estado policial.
O Rio de Janeiro, é uma cidade símbolo, não só por ser um ícone no mundo, mas também por concentrar as contradições entre riqueza e miséria, entre desenvolvimento e atraso do País. A violência policial contra contra os pobres moradores das favelas, em sua maioria uma comunidade negra oprimida ganhou novamente destaque mundial com o furor da matança no Jacarezinho.
Somente no primeiro semestre de 2020, foram assassinados pela polícia 3.181 pessoas no Brasil, a maioria denominada pela polícia militar. Tal fato é uma demonstração cabal da decomposição econômica e social do capitalismo e, portanto, do avanço da barbárie, especialmente no Brasil. Deve-se se ter em mente que a mortandade não é exceção do estado do Rio de Janeiro. De janeiro a maio de 2020, São Paulo bateu o recorde, nas duas últimas décadas, com 442 pessoas assassinadas pela polícia. É fato que isso não só acontece nas duas principais cidades do país, mas nas outras grandes capitais dos estados.
A facilidade e a impunidade com que os policiais matam nas favelas e bairros pobres indicam, não apenas o recrudescimento da militarização do polícia, mas também a ausência de respostas dos movimentos operários e populares. Os bairros miseráveis estão sob o controle das ONGs, igrejas e partidos de direita. Para romper a camisa de força desses organismos, que servem para conter a revolta instintiva dos oprimidos, é necessário que a classe operária, organizada em seus sindicatos e seus movimentos populares, se coloque à frente das reivindicações dos explorados. O desemprego, o subemprego e o salário mínimo, que não cobrem as necessidades da família trabalhadora, estão na base de todas as tragédias vividas nos bairros pobres e favelas. Não é desconhecido que a juventude é arrastada para o narcotráfico e todo tipo de criminalidade em razão da pobreza e miséria. Esses jovens são cercados pela pobreza, miséria, promiscuidade e completamente sem perspectiva de vida.
Diante de uma chacina como a do Jacarezinho, os sindicatos, as centrais sindicais, os partidos ditos de esquerda e os movimentos populares se encontram em estado letárgico. Durante um ano e três meses de pandemia, a política dessas direções foi a de barrar a revolta instintiva em apoio ao reacionário lockdown. Com raras exceções, nem mesmo o 1º de Maio serviu para realizar mobilizações e protestos em todo o país. A principal central sindical, a CUT, sob orientação do Partido dos Trabalhadores orientou para um grande primeiro de maio...on line. Nem as demissões em massa, nem a escalada da fome quebraram a passividade dessas direções burocráticas.
O Supremo Tribunal Federal já havia proibido ações da polícia nas favelas enquanto durar a pandemia. A polícia majoritariamente bolsonarista do Rio de Janeiro fez exatamente o contrário. Uma clara provocação ao próprio Supremo Tribunal Federal. Essa demonstração de força da polícia do Rio de Janeiro ocorreu depois dos apoiadores de Bolsonaro estarem nas rua no 1º de Maio, com as faixas insuflando o golpe militar.
O conjunto desses fatores expõe a traição por parte de suas direções que os explorados têm sofrido e vêm sofrendo durante a pandemia, por suas direções dos movimentos dos trabalhadores. É preciso que esse acontecimento sirva para alertar a classe operária e a sua vanguarda, sobre a gravidade e os perigos da passividade em que estão mergulhados os trabalhadores.
* Pelo fim das polícia militares e do aparato repressivo!
* Pelo fim das operações policiais nas favelas e nos bairros pobres!
* Pela condenação dos assassinos dos moradores da favela do Jacarezinho!
* Pela construção de um verdadeiro revolucionário do trabalhadores!
Declaração da Corrente Comunista Revolucionária, seção brasileira da CCRI/RCIT, 09 de Maio de 2021
A execução sumária de moradores nas favelas do Rio de Janeiro são constantes. Mas, desta vez, o assassinato de 27 moradores, denominados pela polícia e pela imprensa burguesa como “suspeitos”, alcançou um triste recorde. A invasão da favela do Jacarezinho, no dia 6 de maio, se caracterizou por uma operação de guerra. As Polícias Civil e Militar lançaram uma ofensiva, com o objetivo claro e explícito de fazer uma matança, sob a justificativa de defender as crianças e os jovens que estariam sendo arregimentados pelo narcotráfico.
O último dos grandes massacres que a polícia do Rio de Janeiro praticou contra a população foi em janeiro de 1998, quando a polícia matou 23 pessoas na Vila Operária, no município vizinho Duque de Caxias. Organismos de direitos humanos e a imprensa denunciam a existência de grupos de extermínio, formados no interior das forças de repressão, no estado do Rio de Janeiro. Ficou patente a relação entre policiais e narcotráfico. As violentas milícias de direita, base de apoio do presidente Bolsonaro, nasceram dessa relação. Não foi possível ocultar a existência de uma poderosa fração criminosa no interior do aparato estatal. Está presente no Executivo, no Legislativo, no Judiciário e na Polícia. Não poderia ser de outra maneira, uma vez que o narcotráfico e o crime organizado em geral expressam uma importante movimentação econômico-financeira. O narcotráfico é reconhecido como financiador de candidatos nas eleições.
A América Latina, mergulhada no atraso, e marcada profundamente pelo desemprego, subemprego e fome, há muito se tornou um celeiro do narcotráfico, e uma zona de contrabando de armas, que vêm dos Estados Unidos. Isso explica, em grande medida, o fortalecimento constante da polícia, os enormes orçamentos para os aparatos repressivos, e importação de técnicas e materiais bélicos para serem usados contra as manifestações de trabalhadores. Nesse contexto agigantou-se o Estado policial de tipo bonapartista, com características comuns em todo o continente.
O congresso brasileiro se destaca tendo em seus quadros um grupo de políticos denominados como a “Bancada da Bala”, cujos membros são ativos em defender as pautas conservadoras junto com os congressistas evangélicos fundamendalistas, com especial ênfase na defesa da maioridade penal aos 16 anos e a aprovação da pena de morte.
O presidente da República foi eleito com a participação ativa e ampla das Polícias civis, polícias militares, milícias de extrema direitta e das Forças Armadas. Denúncias várias existem, mas até agora não avançaram os processos judiciais que apuram os vínculos dos filhos do presidente com essas milícias do Rio de Janeiro. 24 horas antes da matança na favela do Jacarezinho o atual governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, encontrou com o presidente e não é possível considerar tal fato como mera coincidência. Recentemente, Bolsonaro orientou o parlamentar do PSL, Major Vitor Hugo, a levar adiante o Projeto de Lei que poderia subordinar as polícias estaduais diretamente ao presidente da República. Essa investida expôs a tendência ao recrudescimento do Estado policial.
O Rio de Janeiro, é uma cidade símbolo, não só por ser um ícone no mundo, mas também por concentrar as contradições entre riqueza e miséria, entre desenvolvimento e atraso do País. A violência policial contra contra os pobres moradores das favelas, em sua maioria uma comunidade negra oprimida ganhou novamente destaque mundial com o furor da matança no Jacarezinho.
Somente no primeiro semestre de 2020, foram assassinados pela polícia 3.181 pessoas no Brasil, a maioria denominada pela polícia militar. Tal fato é uma demonstração cabal da decomposição econômica e social do capitalismo e, portanto, do avanço da barbárie, especialmente no Brasil. Deve-se se ter em mente que a mortandade não é exceção do estado do Rio de Janeiro. De janeiro a maio de 2020, São Paulo bateu o recorde, nas duas últimas décadas, com 442 pessoas assassinadas pela polícia. É fato que isso não só acontece nas duas principais cidades do país, mas nas outras grandes capitais dos estados.
A facilidade e a impunidade com que os policiais matam nas favelas e bairros pobres indicam, não apenas o recrudescimento da militarização do polícia, mas também a ausência de respostas dos movimentos operários e populares. Os bairros miseráveis estão sob o controle das ONGs, igrejas e partidos de direita. Para romper a camisa de força desses organismos, que servem para conter a revolta instintiva dos oprimidos, é necessário que a classe operária, organizada em seus sindicatos e seus movimentos populares, se coloque à frente das reivindicações dos explorados. O desemprego, o subemprego e o salário mínimo, que não cobrem as necessidades da família trabalhadora, estão na base de todas as tragédias vividas nos bairros pobres e favelas. Não é desconhecido que a juventude é arrastada para o narcotráfico e todo tipo de criminalidade em razão da pobreza e miséria. Esses jovens são cercados pela pobreza, miséria, promiscuidade e completamente sem perspectiva de vida.
Diante de uma chacina como a do Jacarezinho, os sindicatos, as centrais sindicais, os partidos ditos de esquerda e os movimentos populares se encontram em estado letárgico. Durante um ano e três meses de pandemia, a política dessas direções foi a de barrar a revolta instintiva em apoio ao reacionário lockdown. Com raras exceções, nem mesmo o 1º de Maio serviu para realizar mobilizações e protestos em todo o país. A principal central sindical, a CUT, sob orientação do Partido dos Trabalhadores orientou para um grande primeiro de maio...on line. Nem as demissões em massa, nem a escalada da fome quebraram a passividade dessas direções burocráticas.
O Supremo Tribunal Federal já havia proibido ações da polícia nas favelas enquanto durar a pandemia. A polícia majoritariamente bolsonarista do Rio de Janeiro fez exatamente o contrário. Uma clara provocação ao próprio Supremo Tribunal Federal. Essa demonstração de força da polícia do Rio de Janeiro ocorreu depois dos apoiadores de Bolsonaro estarem nas rua no 1º de Maio, com as faixas insuflando o golpe militar.
O conjunto desses fatores expõe a traição por parte de suas direções que os explorados têm sofrido e vêm sofrendo durante a pandemia, por suas direções dos movimentos dos trabalhadores. É preciso que esse acontecimento sirva para alertar a classe operária e a sua vanguarda, sobre a gravidade e os perigos da passividade em que estão mergulhados os trabalhadores.
* Pelo fim das polícia militares e do aparato repressivo!
* Pelo fim das operações policiais nas favelas e nos bairros pobres!
* Pela condenação dos assassinos dos moradores da favela do Jacarezinho!
* Pela construção de um verdadeiro revolucionário do trabalhadores!
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