Por Ernesto Buenaventura, 18.05.2021, https://convergenciadecombate.blogspot.com/2021/05/chile-derrota-enorme-del-gobierno-y.html
O dado mais significativo das eleições chilenas, para constituintes convencionais, governadores para municípios, é a escandalosa derrota da coalizão que apóia Piñera, assim como da antiga Concertación. Estes, além de terem perdido vários governadores, não alcançaram o terço dos votos necessários para poder vetar o que finalmente se resolve na Convenção Constituinte.
No entanto, o dado mais importante de todos, que é aquele que expressa a tendência geral dentro do movimento de massas, tem sido o avanço fenomenal dos candidatos "independentes", como os organizados através da Lista Popular, cujos Candidatos prometem "rejeitar partidos políticos e alcançar um estado ambiental, igualitário e participativo. Ontem, 27 de seus representantes - entre eles, “Tia Pikachú” - conseguiram um lugar na Convenção, posicionando-se como uma das principais forças da nova assembléia." (La Tercera, Chile, 17 de maio)
Este mesmo periódico indicou que "enquanto no Chile Vamos começava a calibrar-se a derrota, o que compromete o cenário presidencial, o Presidente destacou que “não estamos nos sintonizando com as demandas dos cidadãos” e se declarou em estado de reflexão. Agora, o partido no poder está pressionando por uma mudança de curso que pode incluir um novo ajuste no gabinete. (La Tercera, Chile, 17 de maio)
Para além da coerência ou não das posições políticas dos "independentes", estes e estas conquistaram um grande número de adesões, pois de uma forma ou de outra expressavam a revolta operária e popular e a necessidade de mudar, a sério, a atual semi-institucionalidade pinochetista, que se desintegra atingida pela crise e pelas lutas dos trabalhadores, como a última greve dos estivadores.
A Convenção Constitucional não vai resolver nada, porque quem perdeu de forma escandalosa continuará a governar, e porque nesse espaço estarão representados partidos patronais da oposição, como os que vêm do antigo PC, que pretendem impor uma política de a recauchutagem de um regime que deveria ser jogado fora pelo movimento de massas, através da única ferramenta que serve para cumprir essa tarefa, a mobilização.
A esquerda revolucionária deve aproveitar este avanço qualitativo da crise nas alturas, não para fomentar a confiança numa instituição cujo único objetivo é mudar algo para que nada se mude, mas para promover com mais força do que antes, a construção das ferramentas. de trabalhadores de poder e populares -assembleias, conselhos populares, etc.- que votem as próximas medidas de luta e se preparem para governar, substituindo com - revolução - as instituições podres do capitalismo semicolonial chileno.
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