segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Sob pressão internacional e nacional,  Bolsonaro é obrigado a demitir  membro do Governo após  discurso nazista.

Abaixo o regime de estado policial sob o governo Bolsonaro!
Declaração da Corrente Comunista Revolucionária-CCR, Seção Brasileira da Corrente Comunista Revolucionária Internacional-CCRI, 03/02/2020, https://elmundosocialista.blogspot.com ; www.thecommunists.net
Em 16 de janeiro de 2020, enquanto ocupava o cargo de Secretário Especial de Cultura do presidente Jair Bolsonaro, Roberto Alvim, publicou um vídeo em sua conta oficial do Twitter  em que parafraseia trechos de um discurso de Joseph Goebbels, ministro de Propaganda na Alemanha nazista. O vídeo era uma propaganda do governo Bolsonaro com suas propostas para a cultura nos próximos anos em que Alvim declarou: “A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada.” Para efeito de comparação vejamos as palavras de Goebbels: "A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada".
A fala do secretário gerou enorme espanto, primeiro nas redes sociais do Brasil e depois alcançou os principais veículos de comunicação do mundo. Dos dez assuntos mais comentados no Twitter, oito tinham relação com o episódio. Todos os partidos e organizações de esquerda do paísse manifestaram em repúdio. Além disso, presidente da Câmara dos Deputados, o direitista Rodrigo Maia do partido Democratas-DEM, pediu o afastamento imediato de Alvim e disse que o secretário "passou de todos os limites". O presidente do Senado Nacional, Davi Alcolumbre-DEM juntou-se a vários políticos de direita e de esquerda e pediu a demissão do secretário da Cultura: «Como primeiro presidente judeu do Congresso Nacional, manifesto veementemente meu total repúdio a essa atitude e peço seu afastamento imediato do cargo", escreveu Alcolumbre no Twitter”. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, repudiou o discurso. Disse o ministro: “Há de se repudiar com toda veemência a inaceitável agressão que representa a postagem feita pelo secretário de Cultura. É uma ofensa ao povo brasileiro e, em especial, à comunidade judaica”, afirmou.
Para um governo como o de Bolsonaro, totalmente alinhado com o governo de Donald Trump e consequentemente com o estado de Apartheid de Israel, a ponto de pela primeira vez votar contra os direitos dos palestinos na ONU, o discurso do neo-nazista Alvim foi um tiro no pé. O tiro de misericórdia contra Alvim foi quando O embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley, entrou em contato direto com Jair Bolsonaro para expressar o incômodo da comunidade israelense, praticamente exigindo a demissão do secretário. Horas depois, já no dia 17 A Embaixada de Israel no Brasil divulgou  na qual apoiou a decisão do governo brasileiro de demitir Roberto Alvim do cargo de secretário especial da Cultura.
Nós da CCR temos plena consciência de que o presidente Jair Bolsonaro é em sua essência um político neofascista, não muito diferente de Hilter ou Mussolini. É um declarado admirador de falecidos ditadores do tipo Pinochet do Chile, Alfredo Stroessner do Paraguay e do famoso torturador Brasileiro na época da ditadura, Carlos Brilhante Ustra. Seu discurso imita a época da guerra fria, ou seja, abertamente anticomunista e promove uma perseguição e intensa repressão aos movimentos populares, e já deixou claro sua intenção de exterminar toda  a esquerda.
Portanto, a demissão de Roberto Alvim não foi porque Bolsonaro não apoia as mesmas ideias. Toda a política do presidente desde que tomou posse em janeiro de 2019 foi continuar o desmonte dos direitos  econômicos e sociais da classe trabalhadora e atacar os povos indígenas, a comunidade  negra, incentivar a destruição da Amazônia, debochar de quem alerta para o futuro desastre  ambiental mundial,  cercear a liberdade de imprensa, incentivar a repressão brutal contra as comunidades das favelas e contra as greves das organizações sindicais. Porém nesses doze meses a burguesia, a grande imprensa e grande parte da classe média conservadora nunca condenaram fortemente as políticas e os discursos  de Bolsonaro, ou seja, esse projeto neo-fascista brasileiro não incomoda, mas a história é outra quando se assume explicitamente como  simpatizantes do nazismonazista, foi quando tudo passou dos limites. Mas não há como negar: o estado brasileiro é um estado policial sob o comando de Bolsonaro, com apoio do exército, da poderosa mídia conservadora, do parlamento e setores do judiciário.
No entanto, obviamente as simpatias neofascistas   de Bolsonaro  e seus auxiliares diretos  não significam que neste momento o Brasil esteja sob um regime fascista. As ideias dos políticos e dos governantes não são a questão decisiva para o caráter de um governo. Para fazer tal caracterização é necessário analisar qual é a formação concreta de um governo -  é como chegou ao poder, é como age, é  qual é a sua base, qual é a sua relação com as diferentes classes (e facções das classes). No Brasil as instituições da democracia burguesa ainda existem, os partidos liberais e de esquerda ainda existem, não há uma campanha sistemática nas ruas para esmagar as organizações do movimento operário. A verdadeira questão é como a classe trabalhadora organizada e os movimentos de massa resistirão a tudo isso.
Os principais partidos de esquerda corretamente se posicionaram contra o escandaloso vídeo de Roberto Alvim. Mas a principal preocupação desses partidos é a campanha eleitoral para prefeitos que se dará em outubro de 2020. O que deve ficar claro  é que não é possível jogar todas as apostas no campo puramente eleitoral. Como afirmamos em nosso último documento durante a crise das queimadas na amazonia.1Nossa tarefa é denunciar esse governo chamar a população, os movimentos sociais, os partidos progressistas a  tomar as ruas e defender a floresta contra esse governo de extrema-direita, traidor, entreguista. É necessário chamar por uma greve geral por tempo indeterminado, cancelar as eleições fraudulentas que elegeram Bolsonaro,  cancelar todas as mediadas econômicas neoliberais, como por exemplo a reforma da previdência, libertar todos os presos políticos e chamar por uma assembleia nacional constituinte revolucionária. Temos que chamar pelo fora o governo de Bolsonaro e do seu vice general Mourão e ao mesmo tempo não ter nenhuma confiança  em qualquer aliança com a  direita tradicional que praticou o golpe de estado de 2016 que pavimentou o caminho para a extrema-direita na pessoa de  Bolsonaro.”

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