Abaixo
o regime de estado policial sob o governo Bolsonaro!
Declaração da Corrente
Comunista Revolucionária-CCR, Seção Brasileira da Corrente Comunista
Revolucionária Internacional-CCRI, 03/02/2020, https://elmundosocialista.blogspot.com
; www.thecommunists.net
Em 16 de janeiro de 2020, enquanto ocupava o
cargo de Secretário Especial de Cultura do presidente Jair Bolsonaro, Roberto Alvim, publicou um vídeo em sua
conta oficial do Twitter em que parafraseia
trechos de um discurso de Joseph
Goebbels, ministro de Propaganda na Alemanha nazista. O vídeo era uma
propaganda do governo Bolsonaro com suas propostas para a cultura nos próximos
anos em que Alvim declarou: “A arte
brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de
grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto
que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não
será nada.” Para efeito de comparação vejamos as palavras de Goebbels: "A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica,
será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e
igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada".
A fala do
secretário gerou enorme espanto, primeiro nas redes sociais do Brasil e depois
alcançou os principais veículos de comunicação do mundo. Dos dez assuntos mais
comentados no Twitter, oito tinham relação com o episódio. Todos os partidos e
organizações de esquerda do paísse manifestaram em repúdio. Além disso,
presidente da Câmara dos Deputados, o direitista Rodrigo Maia do partido Democratas-DEM, pediu o afastamento
imediato de Alvim e disse que o secretário "passou de todos os limites". O presidente do Senado Nacional,
Davi Alcolumbre-DEM juntou-se a vários políticos de direita e de esquerda e
pediu a demissão do secretário da Cultura: «Como
primeiro presidente judeu do Congresso Nacional, manifesto veementemente meu
total repúdio a essa atitude e peço seu afastamento imediato do cargo",
escreveu Alcolumbre no Twitter”. O presidente do Supremo Tribunal Federal
(STF), Dias Toffoli, repudiou o discurso. Disse o ministro: “Há de se repudiar
com toda veemência a inaceitável agressão que representa a postagem feita pelo
secretário de Cultura. É uma ofensa ao povo brasileiro e, em especial, à comunidade
judaica”, afirmou.
Para um
governo como o de Bolsonaro, totalmente alinhado com o governo de Donald Trump
e consequentemente com o estado de Apartheid de Israel, a ponto de pela
primeira vez votar contra os direitos dos palestinos na ONU, o discurso do neo-nazista
Alvim foi um tiro no pé. O tiro de misericórdia contra Alvim foi quando O embaixador de Israel no Brasil,
Yossi Shelley, entrou em contato direto com Jair Bolsonaro para expressar o
incômodo da comunidade israelense, praticamente exigindo a demissão do
secretário. Horas depois, já no dia 17 A Embaixada de Israel no Brasil
divulgou na qual apoiou a decisão do
governo brasileiro de demitir Roberto Alvim do cargo de secretário especial da
Cultura.
Nós da CCR temos plena consciência de que o presidente Jair Bolsonaro é em
sua essência um político neofascista, não muito diferente de Hilter ou
Mussolini. É um declarado admirador de falecidos ditadores do tipo Pinochet do
Chile, Alfredo Stroessner do Paraguay e do famoso torturador Brasileiro na
época da ditadura, Carlos Brilhante Ustra. Seu discurso imita a época da guerra fria, ou seja, abertamente
anticomunista e promove uma perseguição e intensa repressão aos movimentos populares,
e já deixou claro sua intenção de exterminar toda a esquerda.
Portanto, a demissão de Roberto Alvim não foi
porque Bolsonaro não apoia as mesmas ideias. Toda a política do presidente
desde que tomou posse em janeiro de 2019 foi continuar o desmonte dos
direitos econômicos e sociais da classe
trabalhadora e atacar os povos indígenas, a comunidade negra, incentivar a destruição da Amazônia,
debochar de quem alerta para o futuro desastre
ambiental mundial, cercear a liberdade
de imprensa, incentivar a repressão brutal contra as comunidades das favelas e
contra as greves das organizações sindicais. Porém nesses doze meses a
burguesia, a grande imprensa e grande parte da classe média conservadora nunca
condenaram fortemente as políticas e os discursos de Bolsonaro, ou seja, esse projeto
neo-fascista brasileiro não incomoda, mas a história é outra quando se assume
explicitamente como simpatizantes do
nazismonazista, foi quando tudo passou dos limites. Mas não há como negar: o
estado brasileiro é um estado policial sob o comando de Bolsonaro, com apoio do
exército, da poderosa mídia conservadora, do parlamento e setores do
judiciário.
No entanto, obviamente as simpatias neofascistas
de
Bolsonaro e seus auxiliares diretos não significam que neste momento o Brasil
esteja sob um regime fascista. As ideias dos políticos e dos governantes não
são a questão decisiva para o caráter de um governo. Para fazer tal caracterização
é necessário analisar qual é a formação concreta de um governo - é como chegou ao poder, é como age, é qual é a sua base, qual é a sua relação com as
diferentes classes (e facções das classes). No Brasil as instituições da democracia
burguesa ainda existem, os partidos liberais e de esquerda ainda existem, não
há uma campanha sistemática nas ruas para esmagar as organizações do movimento
operário. A verdadeira questão é como a classe trabalhadora organizada e os
movimentos de massa resistirão a tudo isso.
Os principais partidos de esquerda
corretamente se posicionaram contra o escandaloso vídeo de Roberto Alvim. Mas
a principal preocupação desses partidos é a campanha eleitoral para prefeitos
que se dará em outubro de 2020. O que deve ficar claro é que não é possível jogar todas as apostas no
campo puramente eleitoral. Como afirmamos em nosso último documento durante a
crise das queimadas na amazonia.1 “Nossa tarefa é denunciar esse governo chamar a
população, os movimentos sociais, os partidos progressistas a tomar as ruas e defender a floresta contra
esse governo de extrema-direita, traidor, entreguista. É necessário chamar por
uma greve geral por tempo indeterminado, cancelar as eleições fraudulentas que
elegeram Bolsonaro, cancelar todas as
mediadas econômicas neoliberais, como por exemplo a reforma da previdência,
libertar todos os presos políticos e chamar por uma assembleia nacional
constituinte revolucionária. Temos que chamar pelo fora o governo de Bolsonaro
e do seu vice general Mourão e ao mesmo tempo não ter nenhuma confiança em qualquer aliança com a direita tradicional que praticou o golpe de
estado de 2016 que pavimentou o caminho para a extrema-direita na pessoa de Bolsonaro.”
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