sexta-feira, 14 de junho de 2013

A LUTA PELO DIREITO AO TRANSPORTE PÚBLICO –GRATUITO E DE QUALIDADE- SOB CONTROLE DOS TRABALHADORES NO BRASIL.

 A LUTA PELO DIREITO AO TRANSPORTE PÚBLICO –GRATUITO E DE QUALIDADE- SOB CONTROLE DOS TRABALHADORES NO BRASIL.
 O Movimento Passe Livre (MPL) é um movimento social brasileiro que defende a adoção da tarifa zero para transporte coletivo. O movimento foi  fundado em uma plenária no Fórum Social Mundial em 2005, em Porto Alegre.
  Faz alguns anos que o Movimento Passe Livre, em âmbito nacional, vem se manifestando contra o aumento das passagens de ônibus. Não chamavam muito a atenção da imprensa. Eram notícias de 5 segundos nos noticiários da TV. Era meados do segundo mandato do governo Lula, em que esses aumentos das passagens incomodavam, mas não causavam fúria. A inflação, mesmo manipulada e rebaixada, estava sob controle, com o valor do dólar artificialmente rebaixado pela política de Obama (inundar de dólares a economia mundial). Mas nos EUA e na Europa a crise já era uma dura realidade desde 2008,  com centenas de milhares de demissões no setor público e privado dos dois lados do Atlantico. Mas o Brasil seguia como se não fizesse parte desse planeta. Como se a Grécia, a Espanha, Portugal, Chipre (países de economia menor na Europa) fossem de outro mundo e não tivéssemos nada a ver com isso.  As imagens e as notícias vindas desses países, e  mais as greves gerais em França, Itália, o máximo que causavam na população brasileira era uma espécie de alívio por não estar no centro dessa crise.
  Mas alguns acontecimentos recentes foram nos alertando de que não estaríamos imunes à crise econômica mundial. Diminuição do PIB, crescimento industrial estagnado, leve aumento do valor do dólar, retomada do aumento da taxa de juros pelo banco Central brasileiro, investimentos públicos e investimentos privados praticamente congelados. Fortes demissões no setor industrial, inclusive de alta tecnologia como a planta da Embraer (aviões militares) em São José dos Campos. Definitivamente o governo de Dilma Rousseff não contava com a bonança financeira do seu antecessor Lula da Silva, e não contava com a mesma desenvoltura que o ex-presidente para conter os movimentos de massa e nem mesmo alguns setores de direções sindicais sob a tutela do seu partido, o PT. O número de greves aumentou consideravelmente nos últimos doze meses. O milagre econômico brasileiro tão  elogiado lá fora tinha  como receita algo similar aos centros industriais da China – bom índices de emprego da população com baixos salários e uma inflação controlada (ou manipulada). Então as greve foram necessárias para os trabalhadores, ou para não perder ainda mais o poder de compra, ou por obter pequenas migalhas. Mas mesmo essas greves foram  controladas pelas burocracia sindicais do PT – PcdoB- PSB- PSOL e mesmo o morenista PSTU-LIT (em São José dos Campos)
 Nos  últimos meses o que vemos é o aumento da violência no campo, especialmente a disputa por terras entre latifundiários e comunidades indígenas. Houve um crescimento de setores de extrema direita ocupando  mais espaços com suas diatribes xenófobas, racistas, homofóbicas, saudosos da ditatura militar. O presidente da “Comissão de Direitos Humanos” na Câmara dos Deputados, Marcos Feliciano, é um pastor protestante (Assembleia de Deus) que não fica nada a dever ao TEA PARTY, (setor mais radical da Direita Estadunidense), quando ele mesmo afirma que a África é um continente amaldiçoado por deus. Isso causou imensa revolta do Movimento Negro.
 Para completar, nos último doze meses a inflação oficial chegou, diz o governo, a 6,5 por cento. Levando em conta que esse índice é manipulado (não é só na Argentina), pode ser que seja pelo menos o dobro disso. O feijão, base da alimentação no Brasil aumentou de em média quatro reais há dois anos para oito reais hoje. A população mais pobre ainda vive da chamada bolsa Família( uma espécie de Bonus para o indivíduo não morrer de fome), mas não resolve o problema da pobreza. Ao mesmo tempo milhares de pobres estão sendo expulsos das áreas perto dos estádios de football com a complacência dos governos estaduais e Federal em nome da Copa do Mundo de Football em 2014. E a imprensa não têm vergonha em alardear que mais de 1 bilhão de reais dos governos estão sendo jogados para os empresários  capitalistas nacionais e internacionais , para deleite da FIFA e da burguesia que controla a Construção Civil, o turismo, a hotelaria, etc.
 É nesse contexto que, quando seis meses após a posse dos novos prefeitos das milhares de cidades brasileiras, eles anunciaram o aumento dos preços das passagens dos transportes públicos (controlados pelo setor privado), o Movimento Passe Livre, que antes não tinha a expressão que tem hoje, convocou nacionalmente os protestos, com uma adesão popular que não era vista desde o final da ditadura militar, quando milhões de pessoas foram às ruas pelo direito ao voto direto e secreto para presidente.  A diferença entre o preço anterior e o proposto varia em média de alguns centavos. Em São Paulo passa de 3,00 reais para 3,20, mas para o trabalhador urbano, que já recebe um baixo salário, que viu seu poder aquisitivo ser devorado pela inflação, que não teve aumento real de salário, que sentiu no bolso tudo aumentar e principalmente que precisa do transporte público para poder ir trabalhar para garantir o pouco salário,  esse aumento foi a gota d’água.
 Na repressão extremamente truculenta do aparato militar de segurança aos protestos que aconteceram nesses últimos dias (principalmente ontem dia 13/06) os governos tradicionais de direita (PSDB-PMDB) e os governos de Frente Popular (PT-PCdoB) não se diferenciam. O Prefeito da cidade de São Paulo, Fernando Haddad do PT, e o governo do Estado de São Paulo Geraldo Alckmin do PSDB, patrocinam uma das mais violentas repressões ao movimento popular contra o aumento dos preços das passagens só comparadas à Praça Tahir do Egito de Mubarak e atualmente ao governo de Erdogan na Turquia. As imagens simultâneas na televisão  da Praça Taksim na Turquia e as imagens da repressão em São Paulo e Rio de Janeiro são simbólicas de para quem serve o Estado burguês: para a burguesia. Inclusive com prisões de 230 manifestantes, em que alguns foram presos porque simplesmente portavam garrafas de vinagre para se proteger do gás lacrimogênio. A justiça endureceu, a maioria foi solto, mas os poucos que ficaram presos foram acusados de formação de quadrilha e destruição do Patrimônio Público, e para esses poucos que continuam presos a fiança é de 20 mil reais. São presos políticos.
 Tudo indica que a  repressão foi um tiro no pé dos governos. Quanto mais aumentou a repressão mais pessoas foram aderindo ao movimento nessas quatro manifestações. A próxima  está marcada para segunda feira.
Não ao aumento das passagens!
Liberdade imediata e incondicional para todos os presos políticos!
Passe livre e estatização dos transportes!
Transporte tem que ser público e sob controle dos trabalhadores!

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