A MARCHA CONTRA O GOVERNO, O INÍCIO DE UMA NOVA REVOLTA QUE ESTÁ EM SINTONIA COM AS VITÓRIAS POPULARES NA SÍRIA E NA PALESTINA
Por Damián Quevedo
https://convergenciadecombate.blogspot.com/2025/02/la-marcha-contra-el-gobierno-el.html
A massiva mobilização do dia 1º de
fevereiro, que teve repercussões em todo o país e em grande parte do mundo,
atingiu duramente o governo. Tanto que, antes mesmo do evento, o presidente se
viu obrigado a recomendar a Patricia Bullrich que não aplicasse seu
“protocolo”. Esse recuo do aparato repressivo constituiu uma grande vitória
para o movimento de massas.
Além das manifestações multitudinárias
previstas em outros pontos do território argentino, durante o dia houve
concentrações em cidades europeias como Berlim, Roma, Paris, Barcelona, Madri,
Londres, Lisboa e Amsterdã. Também foram convocadas em Santiago do Chile, Rio
de Janeiro, São Paulo, Florianópolis, Montevidéu, Nova York e Cidade do México,
entre outras cidades das Américas.
A marcha superou em muito os convocantes e
suas reivindicações, já que, de uma forma ou de outra, unificou inúmeras
demandas parciais, como as dos funcionários e funcionárias do hospital
Bonaparte ou a dos aposentados e aposentadas. No entanto, essa mobilização
popular não deve ser caracterizada como um fato isolado ou uma resposta
específica ao discurso de Milei, porque, se assim fosse, não se poderia
explicar a massividade e a solidariedade internacional que teve.
O protesto é um salto na situação política
da Argentina, uma demonstração de que existem condições mais do que favoráveis
para lutar e da fraqueza do governo. É, em outro sentido, um indicador de uma
tendência geral. Uma ascensão operária e popular que tem características
internacionais, já que faz parte do que começou a se desenvolver a partir de
dois acontecimentos excepcionais: a revolução síria e, sobretudo, o avanço
excepcional da luta palestina.
Os processos revolucionários são
extremamente contagiosos. Foi assim com a Primavera Árabe, que desencadeou centenas
de rebeliões em todo o mundo, desde a Europa até as Américas, passando pela
Ásia e África. Desde a esquerda revolucionária e todos aqueles lutadores e
lutadoras honestos que veem essa perspectiva, devemos nos preparar para grandes
conflitos, lutas muito mais massivas e radicalizadas, porque ainda falta o
sujeito que pode inclinar definitivamente a balança: a classe operária.
Apesar das aparências de calma ou desânimo, a classe operária argentina nunca renunciou às suas conquistas sem lutar, e o fará em um contexto diferente dos anteriores, já que existe um elemento que a radicalizará e facilitará a construção de uma nova direção combativa. É o descrédito dos dirigentes e seus podres “corpos orgânicos”, uma realidade que a esquerda deve aproveitar para se fortalecer e disputar a condução política e sindical.
Nenhum comentário:
Postar um comentário