segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Presidente Lula acusa Israel de praticar genocídio, ele por acaso está errado?

 


Quando o presidente Lula acusa Israel de praticar genocídio em Gaza, ele por acaso está errado?

Por João Evangelista

   No último dia da primeira viagem internacional do ano, em 18 de Fevereiro, em que visitou Egito e Etiópia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva subiu o tom das críticas a Israel, provocando uma dura reação do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de aliados dele no Brasil e no mundo. Em viagem a Adis Adeba, capital da Etiópia, Lula começou por criticar os ataques do Hamas em 07 de outubro de 2023, e prosseguiu afirmando que a reação israelense contra a  Faixa de Gaza está sendo desproporcional e similar à Hitler, quando o regime nazista matou na Segunda Guerra Mundial milhões de judeus, ciganos, comunistas e homossexuais: "O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu. Quando Hitler resolveu matar os judeus", disse Lula, ao responder uma pergunta sobre a decisão do Brasil de manter doação de recursos para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Médio (UNRWA, na sigla em inglês).

 

Netanyahu reage a fala de Lula

   Depois das declarações, Netanyahu convocou o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer, para prestar esclarecimentos. O gesto, no protocolo diplomático, significa grave descontentamento com as posições do país. No mesmo dia, o primeiro-ministro israelense. Binyamin Netanyahu, declarou que comparar as ações dos nazistas na Europa com a ação do Estado de Israel em Gaza era inadmissível, e chamou a declaração de Lula de antissemita – neste caso discriminação contra os judeus: ““As palavras do presidente do Brasil são vergonhosas e graves. Trata-se de banalizar o Holocausto e de tentar prejudicar o povo judeu e o direito de Israel se defender”, escreveu o premiê israelense em sua conta verificada na rede social X.

   No dia seguinte, o Estado de Israel montou uma provocação e convocou o embaixador brasileiro para “reprimendas” em um local público, o memorial do Holocausto Yad Vashem na Jerusalém ocupada, onde o ministro israelense de relações exteriores, Israel Katz, declarou que o presidente Lula é “persona non grata”.

    Logo em seguida o governo brasileiro então decidiu retirar seu embaixador de Tel Aviv por dez dias, um sinal diplomático de desacordo com a provocação sionista. As últimas notícias vindas do governo brasileiro indicam a possibilidade ( ainda que remota) de expulsão do embaixador de Israel no Brasil ser expulso. Tudo depende de como vai evoluir essa crise.

 

No entanto, está errado o presidente Lula ao acusar o Estado de Israel de praticar genocídio contra o povo palestino?

   Recentemente o governo da África do Sul, um país onde por décadas a sua população nativa sofreu o regime de Apartheid, acionou o Tribunal Internacional de Justiça-TIJ com a mesma acusação de que Israel pratica genocídio em Gaza, a qual mais da metade dos países do mundo compartilhada mesma opinião.  Nosso companheiro Michael Probsting, secretário Internacional da  Corrente Comunista revolucionária Internacional-CCRI,  lançou recentemente um artigo sobre essa questão, no qual reproduzimos sobre o requerimento do governo  África do Sul ao Tribunal Internacional de Justiça-TIJ contra o genocídio praticado em Gaza por Israel: “Em primeiro lugar, o tribunal aceitou quase por unanimidade – apenas o juiz Sebutinde, nomeado pela ditadura pró-imperialista do Uganda foi o único que votou consistentemente contra todas as disposições – a acusação da África do Sul de que Israel comete um genocídio em Gaza é “plausível”. “Na opinião do Tribunal, os fatos e circunstâncias acima mencionados são suficientes para concluir que pelo menos alguns dos direitos reivindicados pela África do Sul e para os quais procura proteção são plausíveis. Este é o caso no que diz respeito ao direito dos palestinianos em Gaza a serem protegidos de atos de genocídio e atos proibidos relacionados identificados no Artigo III, e ao direito da África do Sul de procurar que Israel cumpra as obrigações deste último nos termos da Convenção.” (§ 54). (1)

    A mídia burguesa corporativa do Brasil, liderada pela Rede Globo, se uniu em bloco para criticar a fala do presidente brasileiro, na prática defendendo o massacre perpetrado por Israel, acusando o presidente de antissemitismo, mesmo tendo ele criticado as ações do Hamas. Uma mídia tão subserviente ao sionismo que,  como porta-voz de Netanyahu exige imediatas desculpas ao Estado de Israel, algo que nem  mesmo os EUA e a o imperialismo Europeu exigiram

     Em resposta às críticas recebidas por Lula, o Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal) expressou “total solidariedade” ao presidente brasileiro e afirmou que é apropriada a comparação entre a ação de Israel em Gaza e a de Adolf Hitler na Alemanha nazista. “Enquanto a intenção de Hitler era a eliminação dos judeus, a de 'Israel' consiste na aniquilação do povo palestino, em uma operação de limpeza étnica. Nesse sentido, os nazistas e os sionistas podem ser considerados entidades irmãs siamesas”, afirmou, em nota, Ahmed Shehada, presidente da Ibraspal.

     Os defensores do sionismo, tanto indivíduos como Estados, por exemplo os governos dos países imperialistas do ocidente tem como prática acusar falsamente todos aqueles que são contra o Estado de Israel com a denominação pejorativa de antissionista, como se nós todos praticássemos o ódio contra todos os  povos de origem judaica. Nada mais falso do que isso. Isso se concretiza em processos judiciais contra militantes antissionistas de longa data, como por exemplo o nossos camarada Michael Probisting, que está sendo investigado pelas autoridades de Viena, na Áustria, como tendo supostamente incentivado o terrosismo. Veja relato em  nosso artigo de 01 de Fevereiro. (2)

     Na verdade, nós da Corrente Comunista Revolucionária-CCR, seção brasileira da CCRI, vamos além: defendemos o rompimento de relações com o Estado de Israel conforme nosso artigo intitulado “Que o Governo Lula rompa relações com o Estado sionista de apartheid de Israel!” (3). Reiteramos que, enquanto o Estado sionista existir, os palestinos continuarão sofrendo com o terrorismo de Estado! É por isso que defendemos a perspectiva socialista de uma Palestina democrática e vermelha. Apoiamos a luta pela destruição do Estado sionista e o direito de retorno de todos os refugiados palestinos.

 

(1) https://www.thecommunists.net/worldwide/africa-and-middle-east/on-the-icj-ruling-on-south-africa-s-genocide-case-against-israel/#anker_2

 

(2) https://elmundosocialista.blogspot.com/2024/02/o-sionismo-pretende-silenciar-nosso.html

 

(3) https://elmundosocialista.blogspot.com/2023/11/que-o-governo-lula-rompa-relacoes-com-o.html

 

Remetemos os leitores para uma página especial em nosso site, onde estão compilados todos os documentos da CCRI-RCIT sobre a Guerra de Gaza  compilados, https://www.thecommunists.net/worldwide/africa-and-middle-east/compilation-of-articles-on-the-gaza-uprising-2023/

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

ARGENTINA: Declaração política da Convergência Socialista-CS: é necessário construir um novo Argentinazo

 


 Um plano de luta para acabar com o governo de Milei e os planos do FMI  

Convergencia Socialista (Secção argentina da CCRI), fevereiro de 2024, https://convergenciadecombate.blogspot.com/  

Desde que chegou ao poder, Milei tentou aprofundar o plano de austeridade e os ataques anti-democráticos contra a classe trabalhadora e as massas populares, que tinham sido levados a cabo pelos governos anteriores, peronistas, macristas e outros. Porém, enfrenta todo o tipo de dificuldades, já que não tem maioria no parlamento, carece do apoio de vários sectores do aparelho de Estado e não conta com os burocratas sindicais do seu próprio partido. No entanto, não há razão para subestimar o inimigo, pois Milei e o seu governo farão tudo o que estiver ao seu alcance para que os de baixo paguem pela crise do seu sistema capitalista.

Os seus planos devem ser derrotados e o seu governo derrubado. Como é que isso pode ser conseguido? Organizando uma greve geral nacional militante, um outro Argentinazo, que deve durar o tempo que for necessário até se alcançar a vitória. É claro que não é necessário esperar passivamente por essa greve geral nacional, mas é necessário preparar-se para essa luta. A Convergência Socialista apoia todas as formas de resistência de massas - desde manifestações, greves locais até greves gerais por um período limitado - os seus militantes participarão na organização de tais acções, que, embora limitadas, podem ser passos preliminares na preparação da greve geral nacional para derrubar o governo.

Os trabalhadores e as massas populares só conseguirão pôr fim a Milei e às suas políticas de austeridade se não confiarem em mais ninguém a não ser neles próprios. Não podem confiar em nenhuma fração do partido peronista, que tem governado nos últimos anos impondo medidas de austeridade e entregando o país aos grandes monopólios imperialistas, nem nos dirigentes das centrais sindicais - CGT e CTAs - constituídas por burocratas traiçoeiros que defendem os seus próprios privilégios e os das camarilhas patronais que representam. É necessário construir uma oposição forte no seio dos sindicatos que os possa remover, para fazer dos sindicatos verdadeiros instrumentos ao serviço da luta, para a qual devem funcionar de forma democrática.

O governo só pode ser derrotado se as bases dos trabalhadores e o povo se organizarem de forma independente nos seus locais de trabalho e bairros, através de assembleias que discutam e decidam como lutar pelas suas reivindicações não satisfeitas e por um plano económico alternativo. Nestas assembleias terão de ser eleitos delegados - controlados e revogáveis pelas bases - que, além disso, devem coordenar acções com outras assembleias e coordenadores em nível regional e nacional. Desta forma, poder começar a construir-se um verdadeiro e eficaz Centro de Coordenação da Resistência.

Milhares de trabalhadores e povo pobre, organizados nas suas assembleias, precisam tomar nas suas próprias mãos a organização da resistência contra o governo. Nestas organizações democráticas será necessário discutir que tipo de país é necessário para sair da crise: o proposto pelos capitalistas - defendido tanto pelo partido no poder como pelo partido da oposição - ou o proposto pelas organizações socialistas, para conseguir uma mudança fundamental, através do único governo capaz de ir completamente contra o capitalismo: o da classe trabalhadora.

Para isso, a Argentina deve converter-se numa grande assembleia popular, de carácter fundacional e constituinte, onde todo o povo discuta e decida o seu futuro, que não pode ser deixado nas mãos de uns quantos mafiosos, que decidem tudo entre as quatro paredes do Congresso ou da Casa Rosada (palácio do governo). Para impor esta solução democrática, temos de os expulsar a todos com uma greve geral ativa, outro Argentinazo.

A construção, desenvolvimento e ampliação destas novas organizações contribuirá, através da pressão operária e popular, para que determinados sectores da burocracia sindical decidam lançar algumas medidas de luta, que, embora limitadas, serão importantes, pois servirão para paralisar sectores da indústria, dos transportes, da educação ou dos serviços. Neste sentido, os lutadores têm de incentivar as bases a exigir, nas assembleias e outros organismos ligados aos respectivos sindicatos, que passem das palavras aos actos.

Além disso, esses dirigentes burocráticos serão obrigados a tomar a dianteira na luta, para não perderem a liderança das suas bases para o novo sindicalismo e para a esquerda. Entretanto, nestes sindicatos, as organizações militantes devem organizar agrupamentos que se proponham substituir as direcções vendidas, de modo a recuperar os sindicatos para a luta.

Enquanto não houver uma direção alternativa apoiada pelas massas, os socialistas devem intervir corajosamente nos sindicatos, propondo aos trabalhadores acções reivindicativas, como manifestações nacionais, greves parciais e gerais. Ao mesmo tempo, as direcções burocráticas devem ser denunciadas pela sua incoerência, tendo elas que explicar às bases porque só organizarão lutas de formas limitadas, tentando defender os seus interesses burocráticos, por pressão dos seus trabalhadores, ou por uma combinação de ambos os factores. Nunca serão fiéis servidores dos trabalhadores, pelo que a tarefa dos revolucionários é ajudar a estabelecer uma nova direção operária, consistentemente militante e democrática!

* Por um aumento imediato dos salários, de modo a que estes ultrapassem o custo de vida familiar e sejam reajustados mensalmente, de acordo com o índice de inflação.

* O não reconhecimento dos pagamentos da fabulosa dívida, de modo a que esses fundos possam ser utilizados para financiar um grande plano de obras para a reconstrução da economia nacional, criando postos de trabalho para os milhões de desempregados e melhorando a qualidade de vida de todos, com mais fábricas, escolas, estradas-de-ferro, hospitais, fornecimento de eletricidade e gás, etc.

* Expropriação e nacionalização, sob controle dos trabalhadores, das empresas privatizadas, das grandes indústrias, dos bancos e dos supermercados, para que funcionem ao serviço do povo e não dos mafiosos que lucram com a pobreza de todos.

Contra qualquer tentativa de atacar os direitos conquistados pelo movimento de mulheres, como o aborto livre e a organização de milhares de comitês de mulheres para enfrentar e derrotar todas as manifestações de violência de gênero!

*Por um Argentinazo para acabar com o Plano de Ajuste do FMI e do governo Milei!

* Pela conquista da segunda e definitiva independência nacional, rompendo laços com as grandes potências saqueadoras de recursos, como os Estados Unidos, a China, a Europa, a Rússia e outras potências.

* Que o país se transforme numa grande assembleia popular, onde todo o povo discuta, de forma democrática, qual o modelo necessário para sair da crise.

* Neste espaço democrático, os socialistas proporão uma ruptura com o sistema capitalista e a implementação de um governo operário e popular baseado nas organizações democráticas e de autodefesa das massas!

* Para lutar por estes objectivos e pela unidade dos revolucionários, junte-se ao nosso partido, Convergência Socialista, e à nossa Corrente Comunista Revolucionária Internacional, CCRI.


 https://www.thecommunists.net/rcit/rcit-activities-in-2024-part-1/#anker_10

 


domingo, 4 de fevereiro de 2024

Argentina, mobilizações contra as leis de austeridade de Milei

 


Argentina, mobilizações contra as leis de austeridade de Milei

Por Convergência Socialista (secção argentina da CCRI), 03.02.2024

 

Esta semana, o parlamento argentino começou a debater um pacote de leis de ajuste proposto pelo governo de direita de Javier Milei, que, além de retirar direitos dos trabalhadores, pretende conceder poderes extraordinários ao presidente para que ele possa passar por cima do parlamento.

 

Perante esta situação, a esquerda mobilizou-se durante três dias consecutivos, desafiando o protocolo repressivo do governo e exercendo a auto-defesa, em constantes confrontos com a polícia e outras forças de segurança.

 

Na próxima semana, o debate prosseguirá no Parlamento e a esquerda está a chamar por  novas manifestações.

 

Desde Convergência Socialista, secção argentina da CCRI, participamos ativamente, na linha da frente durante todos os dias e continuaremos na luta até que as leis de austeridade caiam e Milei também.

 

 https://youtu.be/K_4I2Js9m1Y

 

 https://youtu.be/i-YuMSZPmS8

 

 https://www.thecommunists.net/rcit/rcit-activities-in-2024-part-1/#anker_10

 

 https://convergenciadecombate.blogspot.com/

 

 

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

O Sionismo pretende silenciar nosso companheiro Michael Pröbsting- ÁUSTRIA

 

 

 

Áustria: Forças pró-Israel apresentam queixa criminal contra Michael Pröbsting

Relatório da RKO BEFREIUNG (secção austríaca da CCRI/RCIT), 29 de janeiro de 2024, www.rkob.net e www.thecommunists.net

 

Várias forças pró-Israel na Áustria apresentaram uma queixa-crime contra Michael Pröbsting, o Secretário Internacional da CCRI. Michael Pröbsting visitou a Palestina por duas vezes, é um ativista de solidariedade de longa data e há muitos anos participa regularmente em manifestações a favor da Palestina na Áustria.

A queixa-crime baseia-se num parágrafo da declaração da CCRI que emitimos em 7 de outubro de 2023 e que foi distribuído como folheto em alemão e árabe em manifestações em Viena: "À CCRI reitera que, enquanto o Estado sionista existir, os palestinos continuarão a sofrer o terrorismo de Estado! É por isso que defendemos a perspetiva socialista de uma Palestina democrática e vermelha. Apoiamos a luta pela destruição do Estado sionista e o direito de regresso de todos os refugiados palestinianos." ("Este é o momento de expulsar os ocupantes!", https://www.thecommunists.net/worldwide/africa-and-middle-east/fifth-gaza-war-support-the-heroic-palestinian-resistance/#anker_2 )

Como noticiamos naquele momento, o folheto causou um escândalo público, pois um tabloide publicou um artigo histérico e um vereador liberal apelou às autoridades para que atuassem contra nós. (Veja: Áustria: Tabloide ataca a CCRI por "Apelo aberto à violência contra Israel", https://www.thecommunists.net/worldwide/africa-and-middle-east/austria-tabloid-attacks-rcit-for-open-call-for-violence-against-israel/#anker_2 )

Na sequência da queixa-crime, Michael foi convocado para a sede da polícia em Viena, onde foi questionado sobre as suas opiniões políticas sobre a Guerra de Gaza e a questão da Palestina em geral, bem como sobre as suas atividades políticas. Michael reafirmou as nossas posições, que desenvolvemos em várias publicações da CCRII, bem como em discursos e entrevistas aos meios de comunicação social.

O Ministério Público deve agora decidir se abre um processo judicial.

A queixa-crime contra Michael Pröbsting faz parte de uma série de tentativas para silenciar as vozes de solidariedade pró-Palestina. Mas seja qual for o resultado deste caso - recusamo-nos a ficar em silêncio! Continuaremos a dizer a verdade e a apoiar a Palestina e todos os povos oprimidos!