quinta-feira, 23 de março de 2023

Cadê o Estado Mínimo tão defendido e alardeado pelo mercado financeiro?

 

 

Sobre o socorro governamental (EUA e Suíça) aos bancos insolventes. Cadê o Estado Mínimo tão defendido e alardeado pelo mercado financeiro?

Por João Evangelista

 Recentes notícias da mídia dão conta de que o governo Joe Biden (EUA) e a União Europeia pretendem aumentar o limite de seguro federal mais alto para depósitos bancários e investidores no intuito de conter uma crise financeira marcada pela retirada de grandes depósitos de bancos, hoje no limite de 250 mil dólares. Ou seja, o Estado nacional estadunidense bancará com dinheiro público a saúde financeira de um banco mal administrado. As mesmas notícias dão conta que Christine Lagarde, presidente do Banco Central europeu defende a mesma medida de aumento do valor dessa garantia aos investidores da União Europeia.

 

Confirma-se mais uma vez a velha regrado capitalismo, lucros privados, mas prejuízos coletivos, divididos com toda a população. E historicamente isso não acontece somente nos países ricos, também foi uma prática de vários governos brasileiros, por exemplo, isso ocorreu durante o governo de Fernando Henrique Cardoso e durante a ditadura militar. [1]

 

Só neste mês de março houve a quebra de três bancos nos EUA após a execução de manobras e gestão arriscadas: o Silicon Valley Bank (SVB, com base no próprio Vale do Silício, o Signature Bank (“especialista” em dividendos de firmas jurídicas, com base em Nova York) e o First Republic Bank (com base na Baía de São Francisco, norte da California). De acordo com o articulista econômico Bruno Lima Rocha, do site cartacampinas.com.br,  Esses três bancos “sofreram intervenção federal. De forma direta os dois primeiros e de maneira terceirizada, o terceiro. Seriam “bancos médios”, pois seu risco de quebra não deve gerar um castelo de cartas em função do “baixo volume de derivativos”. Ou seja, como em escala mundo especulam pouco, sua quebra “apenas” deve atingir os correntistas de pequeno porte e fieis depositários. Nenhum deles é “grande demais para falir”. [2]

 

Esse não é o caso de um dos gigantes como o Banco Credit Suisse, cuja sede fica em Zurique, na Suíça. Esse sim é considerado pelo sistema financeiro mundial como “Grande demais para quebrar”. Até agora o Credit Suisse era uma referência de um m banco sólido, centenário (fundado em 1856), com um faturamento em 2017 de 21 bilhões de Francos Suíços. Somou-se a má gestão do banco dos últimos anos, combinada com a alta dos juros na Europa, em função das sanções econômicas o Governo de Putin (Rússia) em função da Guerra e o Credit Suisse está à beira da falência. Mas o Governo suíço está garantindo 280 bilhões de dólares, equivalente a 1/3 do PIB da Suíça. A conta do  socorro ao Credit Suisse por parte do governo suíço faz com que cada cidadão do país seja obrigado pagar 13 mil dólares, de acordo com o site O globo. [3]

 

 

Estado máximo para socorrer os poderosos? Mas e para a classe trabalhadora...Estado mínimo?

 

A pergunta que não quer calar é a seguinte: Os economistas neoliberais, portanto defensores ferrenhos do sistema capitalista, e, portanto, defensores ardorosos do chamado Estado Mínimo (“quanto menos Estado melhor, ele só atrapalha!”) entram em enorme contradição quando eles mesmos defendem que Estado nacional utilize o dinheiro dos nossos impostos a socorrerem os grandes capitalistas e seus correntistas milionários.

Fica então claro, cada vez mais claro, que o tão alardeado Estado Mínimo fortemente defendido pelos economistas burgueses é somente para os pobres. Dessa forma desviam-se verbas do orçamento governamental que seria destinado à saúde pública, à previdência pública, a educação, saneamento básico e etc, para depois dizerem que “não há verbas suficientes, portanto temos que agilizar as reformas”.

 

A nossa resposta como socialistas deve ser reverter essa lógica de tirar dos pobres para dar aos ricos. Em vez de socorrer esses bancos, estatizá-los sobre controle dos trabalhadores, cobrar dos capitalistas o prejuízo causado nessas instituições e repassar aos pequenos investidores. Taxar as grandes fortunas. Punir severamente aqueles que desviam verbas públicas.

 

     [1] https://congressoemfoco.uol.com.br/temas/economia/calote-de-bancos-socorridos-por-fhc-e-sete-vezes-o-recuperado-pela-lava-jato/

     [2]   https://cartacampinas.com.br/2018/10/o-brasil-expoe-a-face-horrenda-da-nova-extrema-direita/

 

     [3] https://oglobo.globo.com/economia/financas/noticia/2023/03/a-conta-do-socorro-ao-credit-suisse-cada-cidadao-suico-vai-pagar-us-13500-para-salvar-o-banco.ghtml

 

 Encaminhamos nossos leitores ao artigos da CCRI/RCIT referentes à recente crise  bancária mundial:

https://www.thecommunists.net/worldwide/global/banks-and-stock-markets-teeter-on-the-brink/#anker

https://convergenciadecombate.blogspot.com/2023/03/cs-tv-noticias-troskas-caida-del.html

 

 

 

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