Declaração da Corrente Comunista Revolucionária -CCR, seção brasileira da CCRI/RCIT
08 de fevereiro de 2022
No dia 24 de janeiro, o imigrante congolês Moïse Kabagambe foi brutalmente assassinado na Barra da Tijuca, bairro nobre da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Moïse tinha apenas 24 anos e estava com sua família há mais de uma década no brasil, na qualidade de refugiado político vindo do Congo. Ele tinha foi ao quiosque onde trabalhava reivindicar o pagamento de dois dias trabalhados que não foram pagos por seu patrão, em que as informações disponíveis indicam que é policial militar. Apenas por reivindicar somente o que lhe tinha direito ele foi e espancado até a morte por três pessoas. A causa da morte feita Instituto Médico Legal-IML indicou que a causa da morte foi traumatismo do tórax, com contusão pulmonar, causada por ação contundente.
A situação dos trabalhadores imigrantes no Brasil, principalmente oriundos de países com muita pobreza ou guerras é de extrema exploração: Não são registrados oficialmente, portanto sem qualquer direito trabalhista, tais como férias, abono de Natal, licenças por saúde, etc. Uma escravidão moderna inclusive para os trabalhadores cidadãos brasileiros após a reforma trabalhista feito pelo ex-presidente Michel Temer de 2017 após a destituição da Ex-presidente Dilma Rousseff. Foi nessa extrema condição que atraso do salário, mesmo sendo por somente dois dias obrigou Moise a fazer a cobrança. A violência contra os pobres, e os negros em particular, é uma faz parte da histórica desde os tempos coloniais, passando pela independência em relação a Portugal (1822) que libertou somente os brancos da opressão. Aos olhos de certa parte da população essa violência com característica escravocrata é algo absolutamente normalizado. Tal normalização se acentuou com onda ultrarreacionária dos últimos oito anos, e atualmente, com o apoio explícito do presidente Jair Bolsonaro, que faz costumeiramente faz discursos racistas acusando o povo negro e habitantes dos quilombos de serem vagabundos. É famosa a frase dele que disse num encontro com empresários: “eu fui num quilombo. o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas, não servem nem para procriar.”
o assassinato de Moïse chamou atenção pela extrema brutalidade, por parte dos agressores, que curiosamente também não são brancos e pelo fato de se tratar de um imigrante vindo de um país com histórico de pobreza causada principalmente pelo jugo colonial. No Brasil há muitos anos já se tornou comum a assistir dia a dia a repressão policial contra os pobres e os negros, principalmente nas áreas das favelas. Não é surpresa de que também historicamente quase não há punição aos policiais. Dizem as estatísticas que das mortes violentas causada por policiais militares, 78% das vítimas é o povo afrodescendentes.
Repercussão nacional e internacional
Mesmo sendo a violência contra os pobres e oprimidos cotidiano e normalizado esse caso chamou atenção por se tratar de um imigrante, um refugiado, portanto sujeito a leis internacionais. Vários organismos internacionais, alguns ligadas à Organização das Nações Unidas (ONU) do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) e da Organização Internacional para Migrações (OIM), a organização não governamental Pares Cáritas do Rio de Janeiro, A Anistia Internacional Brasil exigiram esclarecimentos do governo brasileiro sobre o assassinato de Moïse.
Cinco dias após o assassinato de Kabangabe quase ninguém sabia do ocorrido. Foi somente quando a comunidade de imigrantes congoleses fez a convocatória para um ato de protesto através de sua página do facebook, no mesmo local do assassinato. Foi essa mobilização da comunidade congolesa que fez a mídia prestar a devida atenção, e como consequência, logo após surgiu o vídeo com as cenas do assassinato. E somente depois desses protestos e do vídeo é que os responsáveis foram identificados e presos.
Uma importante aliança: Trabalhadores brasileiros e imigrantes na luta contra o racismo e a opressão social e econômica
No último sábado, dia 05 de fevereiro, aconteceram protestos de multidões contra o assassinato de Moïse em várias capitais do país. Esses protestos reuniram movimentos brasileiros antirracistas, movimentos sociais e partidos de esquerda junto com vários imigrantes de países da África. Essa mobilização entre trabalhadores brasileiros e imigrantes é um importante passo de solidariedade internacionalista e pela organização de uma luta comum.
A luta antirracista é anticapitalista e internacional.
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