sexta-feira, 2 de novembro de 2018

ESCANDALOSA FRAUDE ELEITORAL ABRE CAMINHO PARA A VOLTA DO NOVO REGIME MILITAR


Organizar a resistência e a autodefesa dos trabalhadores e oprimidos! Preparar para uma Greve Geral para derrubar Bolsonaro!


Declaração da Corrente Comunista Revolucionária-CCR (seção no Brasil da CCRI) 02 de Novembro de 2018, www.elmundosocialista.blogspot.com

Segundo os dados oficiais divulgados pela própria Justiça Eleitoral, controlada totalmente pela direita e pela burguesia, do total do eleitorado, o ultrarreacionário candidato Jair Bolsonaro conquistou 55% dos votos válidos, mas apenas 39% dos eleitores registrados. Tendo isso como referência, Fernando Haddad ganhou 32%. Votos nulos, brancos e abstenções chegaram a 29%. Somando-se os votos do candidato do PT com os votos nulos, brancos e abstenções, resulta que 61% (41 milhões) do eleitorado não votou em Bolsonaro.
Essa não foi uma eleição comum. Tratou-se de um processo eleitoral absolutamente fraudado. A Fraude se tornou possível primeiro a partir do momento em que o principal candidato, o preferido pelas massas pobres e oprimidas, Lula da Silva, naquele momento ele tinha mais de 40% das intenções de votos, foi afastado do processo eleitoral por uma condenação absolutamente falsa e com fortes evidencias de cerceamento da sua defesa pelo poderoso juiz Sergio Moro. Pode-se acrescentar que nunca desde o fim da ditadura em 1985 os militares tiveram um papel tão decisivo como agora em 2018. Não só porque Jair Bolsonaro é capitão reformado do exército, e seu vice um general também reformado, como pelas constantes opiniões dos altos escalões militares sobre não reconhecer uma possível vitória da esquerda, entenda-se, vitória do Partido do Trabalhadores-PT. 

De acordo com o website UOL "Os militares ocuparão áreas estratégicas em áreas como saúde, segurança, infraestrutura, trabalho, meio ambiente, internacional, justiça e defesa". Em resumo, o regime já possui uma forte influência do comando militar, tendo chegado ao poder através de manobras e controle das eleições que facilmente se pode caracterizar essa eleição como uma fraude. 

Foram 3,5 milhões de títulos de eleitor cancelados poucos dias antes das eleições, supostamente por falta de registro na biometria. Esses títulos são, em sua esmagadora maioria da região nordeste, de gente pobre e sem recursos para tentar resolver o problema junto à justiça eleitoral. 

Dois dias antes do segundo turno, universidades públicas foram invadidas pelas polícias militares. O motivo foram as várias palestras com o tema quase sempre alertando sobre o perigo do fascismo, sem especificar o nome de Jair Bolsonaro, mas a polícia vestiu a carapuça e proibiu as palestras. Foi necessário que ministros do Supremo protestarem contra essa flagrante inconstitucionalidade obrigando a repressão a se retirarem das universidades. 



As redes Sociais e as Fake News

As fake news e as mensagens através de robôs via WhatsApp, pagas por ricos empresários a favor de Bolsonaro foram mais uma vez nesse segundo turno um dos fatores determinantes para a vitória fraudulenta de Jair Bolsonaro. Mas o tribunal eleitoral simplesmente achou que isso não foi importante. Parte da população demonstrando um bom humor mesmo na tragédia já está dando o apelido jocoso a Bolsonaro de "presidente WhatsApp". 



Os Futuros Ataques à Classe Trabalhadora 

As primeiras entrevistas de Bolsonaro, já definido como presidente eleito, sobre economia indicam a continuidade do governo Temer quanto às privatizações, com exceção de áreas que ele considera estratégicas como Banco do Brasil, Caixa Econômica, Banco do Nordeste, entre outros, a mesma coisa com o setor de energia elétrica. 

Por outro lado, o futuro novo ministro da economia é um Chicago boy, Paulo Guedes, que um dia após a vitória, se apressou em garantir ao sistema financeiro em fazer a famigerada reforma da previdência, e em futuro próximo fazer a privatização total no modelo de capitalização individual, um modelo já fracassado implantado no Chile de Pinochet, mas devemos lembrar que foi preciso para a burguesia e o sistema financeiro a implantação de uma ditadura sangrenta, com mais de 30 mil vítimas, naquele país para a implantação daquelas duras reformas neoliberais.


Geopolítica e Economia sob o futuro governo Bolsonaro 
Do ponto de vista político e econômico, o governo Bolsonaro tende a se aproximar muito mais dos EUA de Donald Trump e diminuir ações do acordo Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai).  

Isso implica necessariamente um grave problema para a potência imperialista China, atualmente o maior investidor estrangeiro no Brasil. O governo chinês através do website China Daily, no dia 30 de outubro, fez uma forte advertência ao eleito Bolsonaro com a manchete " Nenhuma razão para o "Trump dos Trópicos Romper Relações Econômicas Com a China" afirmando que se ele seguir o estilo de Donald Trump de confronto econômico com a China o Brasil será o maior prejudicado (economicamente). http://usa.chinadaily.com.cn/a/201810/29/WS5bd702e9a310eff303285424.html.

 

No que se refere às relações com a Venezuela a tendência é piorar. Seguindo a política do governo estadunidense, alguns mais exaltados dentro da equipe de Bolsonaro, como o vice General Mourão chegaram inclusive a defender uma intervenção conjunta com a Colômbia para intervir na Venezuela, mas por enquanto foram desautorizados pelo novo presidente.  

Outra expressão do caráter reacionário do governo Bolsonaro é a decisão de transferir a embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. Embora essa decisão esteja de acordo com o desejo da base evangélica de Bolsonaro, isso pode criar problemas para as exportações brasileiras para os países muçulmanos. A exportação de carne e aves para os países muçulmanos equivale a 13 bilhões de dólares por ano. 


A repressão contra os movimentos sociais/ Nova "Lei antiterrorista" aprovada por Temer 

Enquanto todos estavam preocupados com as eleições, o golpista presidente Temer aprovou a lei O decreto federal de número 9.527/2018. De acordo com o website redebrasilatual essa lei poderá "permitir a perseguição a movimentos sociais e entidades que representam os trabalhadores e minorias. Essa nova lei trata da criação de uma força-tarefa de inteligência para o enfrentamento ao crime organizado no Brasil, e "poderá ser usada por um governo extremista para criminalização dos movimentos sociais, segundo ativistas. Mas a falta de definição sobre o conceito de atividade terrorista pode ser uma brecha para a atuação de membros do Executivo e do Legislativo contra organizações como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e Movimento dos Trabalhadores Sem teto (MTST).". https://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2018/10/decreto-de-temer-pode-ser-usado-por-extremistas-para-criminalizar-movimentos-sociais


A resistência dos partidos de esquerda e dos movimentos de massa

Em nota divulgada logo após o resultado da eleição presidencial, as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, onde se articulam diversos movimentos, organizações populares e partidos de esquerda declararam "que as eleições terminaram, mas a luta pela democracia e pelos direitos sociais estão apenas começando. Ou seja, o resultado das eleições abre uma janela de resistência popular contra o fascismo.". https://www.esmaelmorais.com.br/2018/10/frentes-brasil-popular-e-povo-sem-medo-articulam-resistencia-democratica/ . 

O oportunista PSTU, o mesmo que se recusou a resistir contra o golpe de estado contra o governo Dilma (e na prática apoiou o golpe ao defender os slogans para derrubar o governo do PT), agora sente o perigo, e em seu website chama pela unidade com as forças progressistas e declara a necessidade de "Uma frente única para unir os de baixo para defender nossos direitos", https://www.pstu.org.br/nota-do-pstu-sobre-o-resultado-das-eleicoes-os-desafios-da-classe-trabalhadora-com-a-eleicao-de-bolsonaro/.

O deputado Paulo Pimenta (PT-RS), líder do PT na Câmara e reeleito com mais de 133 mil votos, em nome do Partido está chamando para "a construção de uma frente ampla em defesa da democracia e a mobilização pela libertação do ex-presidente Lula são as principais tarefas da esquerda e dos setores sociais que foram às ruas contra a candidatura de Jair Bolsonaro no segundo turno da campanha presidencial.". http://www.pt.org.br/pimenta-defende-frente-ampla-para-manter-a-luta-por-democracia/.  

O Partido da causa Operária está chamando pela 2ª Conferência Nacional Aberta Contra o Golpe e o Fascismo. A 1 ª conferência foi realizada em julho de 2018 com cerca de mil delegados de todo o país em que compareceram os camaradas do CCR e junto com outras organizações do movimento de massa.


Perspectivas

A seção brasileira da CCRI estará não só participando dessa nova Conferência contra o golpe, como estaremos nas ruas junto com os movimentos sociais e as lutas. Somos categóricos em reafirmar que única defesa que o povo brasileiro tem contra o regime militarizado ultrarreacionário que já está em vigor é nossa luta e organização independentes. O que é necessário é a formação imediata de uma ampla frente unida de todas as organizações de massas da classe trabalhadora e oprimida (CUT, PT, MST, MTST, etc.) para organizar uma resistência de massas contra o governo Bolsonaro e seus ataques reacionários. Tal resistência deve incluir manifestações de massa e greves. Em última análise, é urgente preparar uma greve geral política para derrubar Bolsonaro! 

Cada vez mais devemos organizar nossas próprias forças nas cidades e nas periferias junto com os camponeses pobres, mulheres, negros, povos indígenas, a comunidade LGBT! Por isso, precisamos nos organizar em Comitês de Ação, bem como em Comitês de Defesa Popular, a fim de nos defender contra a repressão policial e os ataques fascistas. Não vamos deixar o fascismo crescer!




* Por uma Frente Única de todas as organizações de massa da classe trabalhadora e dos oprimidos
(CUT, PT, MST, MTST, etc.)

* Pela criação de comitês de ação em fábricas, sindicatos, bairros, favelas e regiões periféricas em defesa de nossos direitos, bem como contra o governo do golpe e qualquer intervenção militar. Por comitês de autodefesa dos trabalhadores e pobres nos bairros e periferias!

* Não à criminalização de manifestações políticas e à criminalização dos movimentos sociais! Pela revogação do decreto 9.527/18 que aponta para a criminalização das ações do movimento de massa.

* Segurança pública não é o papel das Forças Armadas! Pelo cancelamento da intervenção militar federal no estado do Rio de Janeiro!

* Liberdade imediata para Lula da Silva!

* Abaixo a lei constitucional que permite ao exército intervir em questões políticas!

* Organizar manifestações de massa e greves contra o governo de Bolsonaro e seus ataques reacionários! Preparar para uma greve geral política para derrubar Bolsonaro!

* Pela Assembleia Constituinte Revolucionária!

* Por um governo dos trabalhadores em aliança com os pobres urbanos e rurais!

* Por um partido operário revolucionário - um novo Partido Mundial da revolução socialista!

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