sábado, 12 de dezembro de 2015

Declaração conjunta de la Agrupación de Lucha socialista (ALS) e da Corrente Comunista Revolucionária Internacional (em inglês RCIT), 07/12/2015

A contra-revolução imperialista ameaça a Síria

Abaixo com as guerras das grandes potências! Solidariedade com a revolução síria em luta contra a ditadura de Assad! Por uma Federação Socialista no Magreb e Mashreq!















Declaração conjunta  de la Agrupación de Lucha socialista (ALS)  e da Corrente Comunista Revolucionária Internacional (em inglês RCIT), 07/12/2015

1. Desde dezembro de 2012, as massas operárias e camponesas do Magreb (norte da África) e do Mashreq (Oriente Médio) se rebelaram por pão e democracia. Por 5 anos, temos assistido a uma onda de revoluções, um após o outra, em que as massas derrubaram ditaduras que governaram por décadas como a de Ben Ali na Tunísia, Mubarak no Egito, Kaddafi na Líbia (que pagou por seus crimes nas mãos da classe trabalhadora) e Saleh no Iêmen. Todas as revoluções aconteceram contra ditaduras sangrentas, exigindo o pão que tinha sido negado, exigindo a queda das figuras mais representativas dos exploradores e opressores do povo do Magrebe e do Mashrek.

2. Na Síria as massas se rebelaram início da primavera de 2011, enfrentado o regime assassino de Bashar al-Assad. Desde então, mais de 400.000 sírios foram mortos e cerca de 10 milhões de pessoas foram forçadas a deixar suas casas. O levante se causou a intervenção na arena de muitas das grandes potências. A Rússia, o Irã e o Hezbollah têm prestado apoio maciço para Assad desde o primeiro dia dos levantes e enviaram milhares de toneladas de armas e soldados com o objetivo de ajudar a ditadura a massacrar trabalhadores e camponeses sírios. A União Europeia e os Estados Unidos também favoreceram a manutenção do aparelho de Estado baathista, mesmo que por um tempo tenham preferido para substituir Assad com outra pessoa. Além disso, a Revolução Síria tem enfrentado o Daesh (o denominado Estado Islâmico-EI), uma organização terrorista reacionária e inimiga mortal da Revolução.

3. No entanto, hoje todas as forças contra-revolucionárias estão se alinhando e são ativas na coordenação dos seus planos na mesa de negociações em Viena, com um objetivo em mente: esmagar a Revolução Síria e todas as revoltas populares no Oriente Médio. Naturalmente, entre as várias forças externas têm intervindo na disputa - Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Rússia, China e outros partidos-  há uma série de interesses em disputa. Mas esses diferentes interesses não são uma manifestação do conflito entre opressores e oprimidos, são apenas expressões de rivalidade entre as diferentes potências. Assim, vemos que, independentemente de estes interesses serem opostos, quando se trata de esmagar as massas insurgentes não há diferenças entre a classe dominante, e todos eles podem encontrar um ponto comum para unirem-se contra as revoluções populares com o objetivo de sufocá-las.

4. O ALS e a RCIT denunciam com veemência a traiçoeira esquerda estalinista e bolivariana que abertamente ou disfarçadamente apoiam o regime de Assad. Rejeitamos totalmente suas alegações de que os ditadores reacionários burgueses como Assad ou Kaddafi de alguma maneira foram “anti-imperialistas". Na verdade, esses ditadores brutais têm sido e sempre serão opressores de seu próprio povo, coniventes com as grandes potências como eles foram ao longo de décadas, para manter a ordem mundial imperialista (por exemplo o Assad o pai unindo-se a  Bush  na primeira  Guerra do Golfo contra o Iraque em 1991, a  constante ajuda de Kadaffi à União Europeia para evitar os imigrantes de atravessar o Mediterrâneo em direção à Europa, e com a colaboração de ambos os regimes  com o programa global de tortura da CIA). Da mesma forma, rejeitamos totalmente a afirmação estúpida que a Rússia foi e está a desempenhar um papel anti-imperialista por meio de sua agressão na Síria. Finalmente, denunciamos as enormes mentiras ditas em   apoio de Assad, no sentido de que os rebeldes sírios são "agentes da OTAN e do imperialismo". Na verdade, todas as grandes potências, a Rússia e os Estados Unidos, França e Grã-Bretanha, todas elas estão realmente muito pouco focadas em atacar militarmente o Estado Islâmico. Em vez disso, seus principais objetivos são as várias milícias rebeldes sírias que na verdade são as únicas forças que estão realmente lutando contra o Estado islâmico, contra o carniceiro Bashar Assad e contra as grandes potências! A esquerda reformista pró-Assad não compreende que todas as grandes potências e seus lacaios locais estão trabalhando em conjunto para um objetivo comum: extinguir totalmente a chama da Revolução que ainda arde no Oriente Médio. Consciente ou inconscientemente, esses "esquerdistas" estão objetivamente a apoiar os esforços contra-revolucionários!

Quem é responsável pelo terror em Paris?

5. Os coordenados ataques terroristas em Paris em 13 de novembro, estão servindo de pretexto para os Estados Unidos, Rússia, Israel, França e outros, intensificarem as suas guerras imperialistas. Eles derramaram lágrimas pelas vítimas inocentes dos ataques terroristas, mas nunca mencionaram as centenas de milhares de vítimas do terror dos Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, da Alemanha e outros no Afeganistão, Iraque, África Central, ou da Rússia sobre a Chechênia. Os governos imperialistas também estão usando os ataques a Paris como um pretexto para eliminar os direitos democráticos e intensificar a repressão, enquanto aumenta a dinâmica da guerra no Magrebe e do Mashrek. Atualmente a França está a desempenhar um papel de liderança nesta ofensiva reacionária. O governo "socialista" de Hollande, com o pleno consentimento e apoio de todos os partidos no Parlamento (incluindo o denominado Partido "Comunista" Francês), impôs um estado de emergência a durar por três meses, o que limita drasticamente os direitos democráticos. Este é uma medida obviamente "bonapartista" da classe dominante para suprimir os protestos populares, que se tornaram imediatamente visíveis durante a conferência da COP 21 em Paris no final de novembro. Como resultado do atual estado de emergência, todas as manifestações públicas contra o encontro da COP 21 foram proibidas. Neste contexto, uma “ilegal” manifestação por justiça climática realizada por 5.000 participantes em 29 de novembro, foi brutalmente agredida por policiais e 200 manifestantes foram presos. Pelo menos 24 ativistas do clima foram colocados sob prisão domiciliar pela polícia francesa antes do protesto planejado. O Estado francês também fechou três mesquitas.

6. Os grupos ALS e RCIT denunciam a burocracia reformista na França, que capitulou completamente à burguesia imperialista. O Front de Gauche-Frente de Esquerda (FDG) e o Partido "Comunista" (PCF) assim como os dirigentes sindicais aderiram maciçamente de forma traiçoeira à "União Nacional" - assim como fizeram após o ataque contra os escritórios da revista Charlie Hebdo em janeiro deste ano. Sem exceção, todos os membros da PCF votaram a favor da extensão do estado de emergência de três meses! Da mesma forma, o Partido da Esquerda Europeia -a associação internacional de partidos ex-estalinistas na Europa, que também inclui o Front de Gauche o PCF, o SYRIZA, o alemão LINKE, o BE em Portugal e outros, repetiram a sua capitulação social-imperialista de janeiro, ao falhar completamente em condenar o estado de emergência ou as agressões militares da França. Novamente, esses reformistas se comprovaram leais lacaios do imperialismo.

7. É verdade, a esquerda centrista em França não se juntou à "União Nacional" e ativistas do Novo Partido anticapitalista-NPA, Alternativa Libertaire e Ensemble, incluindo os porta-vozes do NPA, Olivier Besancenot e Christine Poupin participaram na manifestação contra a COP 21 em 29 de novembro. No entanto, a esquerda centrista é organicamente incapaz de romper de forma consistente com as instituições do imperialismo francês e tornar-se um canal para os trabalhadores e os oprimidos. Nenhum dos três principais grupos centristas franceses (o mandelista NPA, o lambertista PT / ITC e a LO) ousaram chamar pela derrota das tropas francesas e pela solidariedade com a resistência contra os invasores nas guerras coloniais da França na última década e meia (Afeganistão, Mali, etc). Nenhum desses partidos se uniram aos jovens migrantes na sua revolta nos banlieues (bairros da periferia de Paris) em 2005/06. Eles todos também expressaram sua simpatia para a racista revista Charlie Hebdo em janeiro de 2015 após o ataque. O Lutte ouvrière-LO (Luta Operária) tem um histórico vergonhoso de apoio à proibição do véu para jovens muçulmanas nas escolas. O PT / CCI (Corrente Comunista Internacional) lambertista tem estado intimamente ligado com a burocracia sindical corrupta, particularmente a FO, todos eles apoiaram o estado de emergência de Hollande.

8. O RCIT e ALS e enfatizam que os terríveis ataques de Paris, Beirute etc.  São o resultado direto da intervenção imperialista. É miséria e as guerras provocadas pelo imperialismo, o que leva as pessoas a participarem de organizações terroristas. E quem se esqueceu que esses mesmos imperialistas ocidentais apoiaram os jihadistas anti-comunistas no Afeganistão que lutaram contra o exército soviético na década de 1980?

9. Sob o pretexto de combater Daesh (Estado Islâmico, todas as grandes potências querem esmagar a revolução no Oriente Médio, para poder saquear a região pacificamente. Eles realmente não estão lutando contra o Daesh, pelo contrário, quando   é conveniente comprar petróleo deles ou usam o Daesh como arma de contra-revolução.

10. A atual ofensiva contra-revolucionária, também serve para fortalecer os esforços de Israel para esmagar o levante palestino. As grandes potências temem que outro impulso das lutas populares poderia levar a um renascimento da revolução árabe e provocar novas revoltas no Oriente Médio. Eles têm razão em temer essa possibilidade dada a turbulência enorme na Europa e no Oriente Médio: continua a resistência popular contra a agressão no Iêmen Al-Saud, a resistência palestina está em pé e à beira de uma terceira Intifada, milhões de refugiados estão chegando à Europa, a classe trabalhadora grega reiniciou seus protestos massivos com outra greve geral.

Paremos a guerra imperialista e esmaguemos a contra-revolução!

11. O RCIT e ALS e inequivocamente afirmamos que nesses conflitos, os explorados e oprimidos do mundo, só pode se posicionar em um lado: com as massas árabes em sua luta contra as intervenções militares imperialistas e ditaduras contra-revolucionárias. A classe trabalhadora da Europa e particularmente da França, não devem fornecer qualquer apoio a seus próprios governos. Devem denunciar a histeria chauvinista e a hipocrisia organizada pelo governo Hollande como pretexto para o bombardeio imperialista contra o povo sírio. Também os trabalhadores e oprimidos devem lutar contra a militarização e o permanente estado de emergência dentro dos países imperialistas, bem como lutar contra os ataques em forma de austeridade dos governos burgueses.

12. O Estado Islâmico é uma arma da contra-revolução. Ele não será derrotado pelos imperialistas e suas bombas. O Imperialismo e o Estado islâmico só podem ser derrotados pelas massas insurgentes e armadas do Oriente Médio com todo o apoio e solidariedade da classe trabalhadora do mundo. Portanto, o ALS e o RCIT chamam os partidos, os sindicatos organizações da classe trabalhadora e dos oprimidos, para organizar ações de solidariedade internacionalista ativa com a revolução na Síria e no Oriente Médio. Deve-se fornecer ajuda material à resistência por todos os meios possíveis.

13. Finalmente, o ALS e o RCIT enfatizam que a tarefa mais importante no próximo período é a construção de partidos revolucionários em todos os países, assim como um novo Partido Mundial da Revolução Socialista!

 * Derrotemos o imperialismo - solidariedade com a resistência! Estados Unidos, Rússia, França e quaisquer outras potências: Tirem as Mãos da Síria! Fora com as Tropas do Afeganistão e do Mali! Solidariedade com a luta de resistência contra os ocupantes invasores!
 *Solidariedade com a revolução árabe! Apoio para a revolução síria! Abaixo a ditadura de Bashar al-Assad!. Abaixo o reacionário Daesh / EI! Solidariedade com a resistência popular egípcia contra a ditadura do general Sisi! Apoiar a resistência iemenita contra a agressão da Al-Saud! Viva a terceira intifada na Palestina ocupada!
*Defender os direitos democráticos! Abaixo o estado de emergência em França! Abaixo todas as leis repressivas!
 *Parar o assédio contra os imigrantes muçulmanos! Mobilizar contra islamofobia e contra as campanhas racistas! Pelas unidades de autodefesa, formada por organizações do movimento operário e comunidades de imigrantes   para proteger os campos de refugiados e mesquitas de ataques racistas!
*Por um programa de igualdade revolucionário  para os imigrantes! Pela abolição da língua Estatal e por igualdade de línguas nativas dos imigrantes na educação e na administração pública! Por igualdade de remuneração e igualdade de acesso à habitação! Por plenos direitos de cidadania para os imigrantes! Abaixo os controles nas fronteiras imperialistas - Pela abertura das fronteiras para os imigrantes e refugiados!
 *Parem a austeridade! Por manifestações de massa, por um aumento da quantidade de greves apontando por uma greve geral por tempo indeterminado! Pela construção de comitês de ação nos locais de trabalho, escolas e bairros para organizar a luta! Construir um movimento popular nos sindicatos para fazer avançar a luta contra a burocracia e para finalmente expulsá-la do movimento operário!
*Abaixo União Europeia imperialista! Pelos Estados Unidos Socialistas da Europa!
Por uma república de trabalhadores e camponeses no Magrebe e do Mshreq! Por uma Federação Socialista!

Nota: Enquanto o RCIT considera que a Rússia é imperialista, o ALS ainda está discutindo sobre isso.
Agrupación de Lucha Socialista (México): http://www.agrupaciondeluchasocialista.wordpress.com, luchasocialistals@gmail.com

Corrente Comunista Revolucionária Internacional (em inglês RCIT) (Paquistão, Sri Lanka, Brasil, Israel / Palestina Ocupada, Iêmen, Tunísia, EUA, Alemanha, Reino Unido e Áustria): http://www.thecommunists.net, rcit@thecommunists.net

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