Foto: a população trabalhadora e oprimida rejeita o movimento golpista
As manifestações golpistas convocadas pelos setores de direita e extrema
direita no último de 15 de março, altamente infladas pelas chamadas diárias e
indisfarçáveis da mídia televisiva, principalmente da Rede Globo de televisão, tinha como objetivos principais o combate à corrupção (somente da Petrobras) e
exigir o processo de impeachment da presidente eleita Dilma Rousseff contaram
com a presença de pelo menos 100 mil pessoas, não muito diferente em números da
manifestação de dois dias antes convocada ,com propósitos opostos, pela Central
Sindical CUT. A composição social dos
milhares de presentes na manifestação golpista era formada em sua grande
maioria das classes médias e ricas, predominantemente branca. Esse mesmo setor
foi o que lotou os estádios de futebol nos jogos da Copa do Mundo de 2014,
quando proferiram xingamentos à presidente |Rousseff. Os pobres, os negros e
mulatos não foram aos estádios em 2014, assim como não compareceram no dia 15
de Março de 2015.
São apontados como organizadores do ato golpista os seguintes grupos: O
movimento “Vem Pra Rua”, o “Revoltados Online” e o “Movimento Brasil Livre” -MBL.
A imprensa apontou que o movimento “Vem Pra Rua” tem como seu patrocinador o
bilionário brasileiro controlador da AMBEV (AB INBEV)1. Esse grupo está ligado
ao candidato à presidência derrotado Aécio Neves- PSDB. O Revoltados Online tem
como seu ícone o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), representante dos
militares, o qual defende abertamente o retorno da ditadura militar que
governou o país de 1964 a 1985. O Movimento Brasil Livre (MBL) é o principal
grupo convocador das manifestações. O MBL é sediado na cidade de São Paulo e defende
o impeachment da presidente. A revista “Carta Capital” afirma que o bilionário
David Koch financia o MBL.
O argumento a favor do impeachment da
manifestação golpista com relação à corrupção cai por terra quando sabemos que
o setor da oposição que governa há mais de 30 anos, o Estado de São Paulo, mais
rico estado do país, está afundado na lama com os desvios de verbas da
ampliação do Metrô-SP que superam mais 200 milhões de dólares. Tais fatos foram
denunciados pelos Wall Street Journal e o Der Spiegel, mas “estranhamente”
ignorados pela grande imprensa brasileira, principalmente durante a campanha
eleitoral de 2014. O mesmo pode-se dizer
da chamada crise hídrica (seca nos reservatórios de água) que atingiu o Estado
de São Paulo e que começou a mais de um ano, causando até hoje um brutal
racionamento de água a milhões de moradores da maior região metropolitana do
país, e que também somente foi denunciado como grave pela mídia depois de
garantida a eleição do principal responsável pelo desastre: O governador do
PSDB Geraldo Alckmin. Dessa forma, o governo de Frente Popular do PT, tendo à
frente Dilma Roussef, fica perante a população sendo “o mais corrupto de todos
os tempos”, alimentando assim a presença nas ruas de uma raivosa e rancorosa classe
média racista, xenófoba e anti-comunista.
De qualquer forma, existe um crescimento dos movimentos de direita no
país, insuflados pela crise econômica que teve seu início em 2008, se espalhou
pelo mundo desenvolvido e no Brasil começou a se aprofundar em 2014.Entre 2008
e 2014 tal crise foi parcialmente
contida pelo governo de Frente Popular do governo de Lula da Silva com forte
oferta de crédito a longo prazo aos consumidores e subsídios fiscais ao grande
empresariado, notadamente o setor agrário exportador e à indústria
automobilística, porém tais subsídios significou uma notável redução de verbas
orçamentárias do Estado Brasileiro, e pior, não garantiu os empregos quando a
crise evoluiu (por exemplo na indústria automobilística). O setor financeiro não
ficou de fora da ajuda do governo de Frente Popular. Quando Lula da Silva
estava para deixar governo chegou a
afirmar que nunca os banqueiros haviam ganhado tanto quanto nos 8 anos de seu
governo. Mas a bolha do crédito estourou junto com as contas públicas pela
renúncia fiscal causada pelos subsídios, e finalmente a crise que estava
latente explodiu no último ano. O setor mais
rico e conservador da burguesia, junto com a classe média, a qual além de sofrer
os fortes efeitos da recessão, paga altos impostos, se se uniram contra a
Frente Popular causando um enorme crescimento da oposição, e trazendo junto
consigo um forte setor reacionário com características muito parecidas com o
Tea Party Republicanos dos EUA, ou seja, do quanto pior, melhor para derrubar a
presidente eleita. A presidente Dilma só conseguiu a reeleição porque além da
região nordeste ter mantido a histórica boa margem de votos ao Partido dos
Trabalhadores, o Estado de Minas Gerais e do Rio de Janeiro garantiram à Dilma Rousseff
a margem apertada de vencer por apenas 3% de diferença.
Enquanto isso, a presidente, para manter a
“governabilidade” e sob intensa pressão externa do imperialismo americano e
europeu, logo após tomar posse decreta leis que reduzem direitos trabalhistas, redução
de direitos das pensões, redução de verbas para educação, e exigência maior
para a obtenção do seguro desemprego. Dessa forma, o PT e suas lideranças ficam
desmoralizadas perante milhões de trabalhadores, pois a sua vitória contra o
candidato derrotado Aécio Neves também foi garantida quando ela denunciou que
ELE iria tirar direitos trabalhistas e sociais.
Portanto, o movimento golpista que já havia crescido como resultado
final dos movimentos de Junho de 2013, após uma campanha eleitoral profundamente
agressiva, volta com força com o desenvolvimento das investigações sobre
corrupção na empresa Petrobras e o envolvimento de membros da empresa e do
governo em acusações de corrupção.
Do ponto de vista interno é um erro pensar que o foco das manifestações
seja o combate à corrupção. Se isso fosse realmente levado à sério haveria que
pedir o impeachment do governador de São Paulo Geraldo Alckmin-PSDB, em que
além das denúncias de desvio de bilionárias verbas do Metrô de São Paulo,
deixou o Estado de São Paulo secar as represas de água depois de ser alertados
há anos pelos técnicos de que poderia haver uma grave crise de
desabastecimento. O foco principal é que a burguesia não precisa e não quer
mais o governo de Frente Popular PT aliado ao falso amigo PMDB. Com o
agravamento da crise, alta na inflação
(7% nos últimos 12 meses), pátios lotados nas montadoras de automóveis (
inclusive com milhares de demissões),
aumento do dólar (3,25 reais por dólar até esta data), aumento no preço dos
combustíveis, diminuição da arrecadação de impostos, diminuição do superávit
primário, essa tradicional burguesia, quer ela mesma gerenciar a nova reforma
de previdência, a privatização total da Petrobrás junto com as reservas do
pré-sal, a privatização dos únicos bancos estatais que ainda restam ( Banco do
Brasil e Caixa Econômica Federal), além de promover um forte arrocho salarial e
perda de direitos sociais e trabalhistas. O Partido dos Trabalhadores, apesar
de haver colocado um ministro escolhido ao dedo pelo imperialismo americano e
Wall Street, o Chicago Boy Joaquim Levy, e apesar dos ataques aos direitos que
promoveu contra os trabalhadores logo no início do seu governo, não estará
disposto a abrir mão do controle da Petrobrás e dos bancos estatais.
Do ponto de vista internacional, o imperialismo americano e europeu
nunca aceitou a proximidade do governo brasileiro com o chavismo e rejeita
profundamente o projeto do Brincs (Brasil-Rússia-China-Índia-África do Sul) de
criar o seu próprio banco, uma verdadeira afronta ao FMI e ao Banco Mundial,
isso no exato momento em que esse imperialismo ocidental está num enfrentamento
com a Rússia por causa da Ucrânia e tem fortes
concorrência com a China que está expandindo seus investimentos na
região que o imperialismo americano considera seu quintal, a América Latina,
como por exemplo, a construção de um canal em Nicarágua parta fazer
concorrência direta ao canal do panamá. Várias ONGS e fundações que operam no Brasil e
que estão por trás das manifestações são financiadas pelo imperialismo
americano.
Caracterização do movimento golpista
de 15 Março
Como já afirmamos, trata-se de um
massivo movimento direitoso e reacionário, liderado por um setor de elite da
burguesia em trono do conservador Partido da Social Democracia Brasileira-PSDB (o
qual de social-democrata não tem nada). Eles saem às ruas vestidos das cores
nacionais, o verde-amarelo, disfarçando seu objetivo entreguista das riquezas
nacionais ao imperialismo americano e Europeu. Seu objetivo inicial era fazer
sangrar o governo de Frente Popular PT-PMDB, mas com o desenvolvimento e
crescimento das manifestações se tornou abertamente golpista. Atualmente eles
defendem o impeachment da presidente (como aconteceu em Honduras e no Paraguai.
Existe uma minoria fascista dentro do movimento, liderada por atuais e
ex-militares que abertamente chamam por um golpe militar, como aconteceu na
Venezuela em 2002 ou mesmo no Brasil em 1964. Esse movimento golpista em seu
conjunto é a maior ameaça aos (poucos) direitos dentro da democracia burguesa
que ainda restam à classe trabalhadora e aos oprimidos.
A classe Trabalhadora também
se mobilizou
A Central Única dos Trabalhadores-CUT e as organizações sociais provaram
que ainda podem, se quiser mobilizar milhares de trabalhadores como fazia até o
final dos anos 80. Calcula-se, pelo men os em pelo menos 100 mil trabalhadores presentes no
dia 13 de março de 2015 na avenida Paulista, São Paulo e outras milhares noutras capitais, principalmente do Rio de Janeiro e do Nordeste como Salvador,Recife São Luis, Joao Pessoa, etc.
. Lá
estavam as bases trabalhadoras dos movimentos de massa: metalúrgicos,
funcionários públicos, os sem-teto, os sem-terra, comerciários, petroleiros,
bancários, professores públicos, etc.
Mesmo que oficialmente as exigências fossem a defesa da Petrobras e
contra as recentes medidas de austeridade da presidente Dilma Roussef, o que se
viu e o que se ouviu dos oradores foi total rejeição ao impeachment e à volta
da ditadura militar. Ou seja, deixou de ser majoritariamente econômica para ser
política. Esta manifestação foi das mais importantes para a classe trabalhadora
do Brasil.
Caracterização do Governo de Dilma Roussef
É um governo de Frente Popular.
Portanto, aplica a política da burguesia. Apesar de alguns parcos benefícios
sociais dos últimos anos em forma de Bolsas (Família-Escola-Faculdade), seu governo
forneceu amplas concessões à burguesia ao mesmo tempo implementa um pacote de
austeridade contra os trabalhadores. Não é um governo burguês comum, pois conta
como apoio de setores organizados da classe trabalhadora e dos pobres. Para os
revolucionários não há possibilidade de dar apoio a esse tipo Frente Popular no
período de eleições. O objetivo dos revolucionários é afastar e fazer com que os
trabalhadores venham a romper com as chamadas Frente Populares.
A polarização
A atual polarização pode levar a
uma crise pré-revolucionária. A maioria do setor da burguesia está insatisfeita
com o governo Dilma, e a classe trabalhadora, mesmo defendendo o governo contra
o movimento golpista, ao mesmo tempo encontra-se insatisfeita.
O que fazer?
A Corrente Comunista
Revolucionária-CCR e a Fração Trotskysta-Vanguarda Popular-FT-VP conclamam as
organizações de trabalhadores a resistir contra a ameaça de golpe (como os
revolucionários fizeram na Venezuela em 2002 e Honduras em 2009). Nós chamamos
pela formação de comitês de resistência (ou comitês anti-golpistas) nas
empresas, nos bairros, nas comunidades populares, favelas, etc. Nós chamamos a
CUT,o PT o PSTU, o PSOL etc, para se
organizar tais comitês de resistência. É necessária a criação grupos armados de
auto-defesa contra o golpe e também em defesa da Petrobras, ao mesmo tempo
devem se opor às medidas de austeridade.
A CCR e a FT-VP condenam os
partidos PSTU e PSOL e PCB pela posição centrista ao se colocar como neutro em
face da ameaça de golpe de estado. Nós os chamamos a romper com essa política e
se juntarem à resistência.
O Partido Revolucionário
É necessário a construção de um
partido revolucionário dos trabalhadores como parte de um Partido
Revolucionário Mundial. A CCR e a FT-VP chamam os revolucionários a se unir no
objetivo de construir uma pré-organização partidária cujo objetivo seja construir
esse Partido Mundial.
CORRENTE COMUNISTA REVOLUCIONÁRIA -CCR
E
FRAÇÃO TROTKISTA-VANGUARDA PROLETÁRIA-FT-VP
E
FRAÇÃO TROTKISTA-VANGUARDA PROLETÁRIA-FT-VP
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