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CCR E AS ELEIÇÕES NO BRASIL EM 2014
Corrente
Comunista Revolucionária (RCIT Brazil), 24.9.2014, www.elmundosocialista.blogspot.com and www.thecommunists.net
See this article in English at:
http://www.thecommunists.net/worldwide/latin-america/brazil-elections-2014/
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As eleições no Brasil,
como em todo os governos dentro do sistema capitalista são uma paródia de
democracia. O Estado e os partidos burgueses organizam para a lavagem cerebral
; os jornais, o rádio, o clero, tudo é comprado e mobilizado pela burguesia
para fazer propaganda dos candidatos burgueses às próximas eleições e dessa
forma iludir as massas trabalhadoras, fazendo-as imaginar que elas realmente
estão decidindo o seu futuro, mas contraditoriamente é mantida a propriedade
privada dos meios de produção. Na verdade, a classe trabalhadora está a
escolher o seus próximos algozes nos próximos 4 anos. Nós, revolucionários
bolcheviques, por princípio sabemos que as lutas dos trabalhadores contra o
domínio do capital e o seu Estado não se decide em espaços super-estruturais da
democracia burguesa.
Nós nos opomos ao
eleitoralismo, mas ao mesmo tempo não nos opomos a ter uma política eleitoral.
As eleições da democracia burguesa podem ser uma oportunidade para os
revolucionários denunciarem as próprias eleições como uma farsa e ao mesmo
tempo fazerem propaganda do seu programa revolucionário.
O Partido dos
Trabalhadores-PT já está finalizando o seu terceiro mandato, tendo começado em 2003 com Lula da Silva com
dois mandatos e Dilma Roussef nos últimos quatro anos. O governo petista é uma
Frente Popular em que setores da burguesia fazem parte do seu governo. O seu
vice atual e também candidato à reeleição é Michel Temer do PMDB. O PT conta
como aliado em seu governo também com a presença do Partido Popular- PP-
comandado pelo famigerado político de extrema direita Paulo Maluf, famoso como
governador de São Paulo, durante a ditadura militar pela repressão a todos os
movimentos sociais e de greves dos trabalhadores.
Nesse contexto, o
governo do PT, nesses 12 anos, cumpriu muitas exigências do imperialismo tais
como: a reforma da previdência, a privatização de estradas e dos aeroportos, o
financiamento do agronegócio exportador, o apoio financeiro aos grandes bancos
e grandes empresas multinacionais sediadas no Brasil, etc. Lula em final do
segundo mandato chegou a ressaltar que “Nunca os banqueiros tiveram tanto lucro como no meu governo”. Em
âmbito internacional, a mando do imperialismo americano, enviou tropas
brasileiras ao Haiti. São inúmeras as denúncias de abuso e violência contra os
trabalhadores haitianos por parte dos soldados brasileiros. Mas o PT precisava
dar algumas respostas às massas. Então foram desenvolvidas políticas mínimas de
ajuda social tais como: O bolsa família, um bônus mensal para as famílias mais
pobres.
Nos últimos anos, para
garantir a Copa do Mundo de futebol e as próximas olimpíadas em 2016, o governo
federal, com a ajuda dos governos estaduais impôs medidas duras de repressão
para garantir os lucros bilionários dos dois eventos. O grupo Coletivo Lenin,
sediado no Rio de Janeiro declarou o seguinte em seu blog: “Vivemos debaixo de uma onda de prisões políticas sem precedentes
desde a ditadura. O bloqueio do bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, com o
cárcere privado de mais de 500 manifestantes, e dos próprios moradores do
bairro, durante a final da Copa, mostrou que os partidos da burguesia são
capazes de rasgar as mínimas garantias legais da Constituição para impedir as
lutas contra as consequências dos megaeventos. E essas consequências têm sido
remoções de comunidades inteiras, as UPPs- Unidades de Polícia Pacificadoras,
que escondem o tráfico, enquanto militarizam mais ainda as favelas, enquanto ocorre
aumento absurdo dos alugueis (residenciais) e passagens (de transportes
urbanos)”. (1)
Naturalmente, o fato de
o PT governar como qualquer outro
partido burguês causou, logicamente uma grande desilusão em vários setores organizados
da classe trabalhadora. A reforma de previdência de Lula em 2003 causou o
rompimento de um setor do PT que fundou o PSOL e ao mesmo tempo incentivou o
PSTU a romper com a CUT- central sindical dirigida pelo partido e fundar a
Conlutas, tendo como base uma parte do funcionalismo público federal. Os
escândalos de corrupção, tais como o mensalão (governo Lula) e o caso da
refinaria de Pasadena- EUA (governo Dilma) são consequência diretas de governar
com a burguesia, para a burguesia e com os métodos da burguesia).
Quais
as opções eleitorais no campo da esquerda?
Descartado o PT e sua
Frente Popular temos que analisar as opções dos partidos de esquerda, ou que se
apresentam como de esquerda. O PSOL, o PSTU,e o PCO têm candidaturas próprias.
O PSOL- Partido do Socialismo
e Liberdade, o qual surgiu em 2005 em consequência da ruptura de vários grupos
com o PT, vendia a ideia de que queria resgatar o PT das origens, porém
passados todos esses anos deu uma guinada extraordinária para a direita. A sua
candidata à presidente, Luciana Genro, declarou abertamente que “não há problema em receber apoio financeiro
de empresas”. Roberto Robaina, coordenador de campanha e principal assessor
de Luciana Genro, disse à Reuters: "Recebemos
o dinheiro (da multinacional brasileira Gerdau) e já estamos gastando!".
Além disso, em 2012, nas eleições para prefeito na cidade do Rio de Janeiro, o
candidato do PSOL, Marcelo Freixo, contava com o apoio de DEM e PSDB. O DEM tem
suas raízes no Partido ARENA governante durante a ditadura militar e o PSDB é o
representante direto do imperialismo dos EUA-EU no Brasil e principal partido de
oposição ao PT. A guinada à direita do PSOL se reflete nas posições contra o
aborto e pela criminalização dos “black
blocks” nos movimentos de protestos que surgiram a partir de junho de 2013.
O PSTU- Partido
Socialista dos Trabalhadores Unificado, é o partido da LIT-morenista no Brasil.
Seu candidato à presidente é Zé Maria, ex-operário metalúrgico. O PSTU tenta há
vários anos a formação de uma ampla Frente de Esquerda tendo o PSOL como
principal aliado. Tal tentativa tem fracassado por causa principalmente da
recusa do PSOL, o qual não vê vantagem eleitoral em concretizar essa união. O
PSTU não vê problemas em tentar uma aliança com um partido como o PSOL, o qual recebe
financiamento da burguesia. Porém, o próprio PSTU, se não recebe financiamento
da burguesia, vêm adotando políticas do mais absoluto centrismo nos últimos
anos.
Apesar do discurso que
se assemelha ao radical, o PSTU através de sua central sindical, a CONLUTAS, em
2009, na região se São José dos Campos-SP aceitaram, sem nem uma convocação a
uma greve por tempo indeterminado, a demissão de mais de 4 mil trabalhadores da
multinacional brasileira Embraer- que fabrica aviões comerciais e militares.
Tal fato abriu caminho para que nos anos seguintes as outras multinacionais
como a GM impusessem demissões de milhares de trabalhadores. No campo sindical,
o PSTU-Conlutas não se coloca de forma muito diferente do Partido dos
Trabalhadores-PT.
No seu projeto
eleitoral, o qual leva a sério, o PSTU vem rompendo inclusive com o que
qualquer partido trotskista tem como uma das suas principais bandeiras: O
internacionalismo proletário. O partido se posicionou fortemente contra a vinda
de médicos cubanos ao Brasil pelo programa do governo federal denominado “Mais
Médicos”. Esse programa, inspirado pelo modelo que Chávez implantou na
Venezuela, garantia a presença de médicos tanto nas periferias das grandes metrópoles
(São Paulo, Rio de Janeiro, etc.) como nas regiões mais distantes como
Amazônia, Nordeste, etc.
Além disso, a política
do PSTU com relação aos órgãos de repressão, especificamente a Polícia Militar,
rompe absolutamente com a política leninista de que a polícia de forma nenhuma
representa a classe operária. Uma das principais ações da Revolução russa de
1917 foi o desmantelamento das polícias. Pois o PSTU em sua Central Sindical, o
CSP-Conlutas, conta entre seus membros com associações de policiais. Isso
coloca em contato direto os movimentos sociais de resistência com os seus
algozes repressores.
O PCO- Partido de Causa
Operária, esquerda centrista, concorre a presidente com o jornalista Rui Costa.
Há anos o PCO concorre às eleições presidenciais no Brasil, com baixíssimo
percentual de votos. Na votação presidencial do PCO, PSTU, PSOL e PCB JUNTOS!
nas últimas eleições, de 2010, não chegou a 1% do eleitorado, então a análise
que vale para o PCO também vale para os demais em um levantamento de
representatividade junto as massas. O partido é tido pela imprensa como sendo
de extrema-esquerda, isto é, a própria imprensa burguesa coloca o PCO como
muito mais à esquerda que o PSOL e PSTU. Isso tem consequências: num eleitorado
majoritariamente conservador, a inserção do PCO junto à classe trabalhadora é
muito limitada. No entanto, o PCO é o único partido de esquerda legalizado que
coloca no seu programa eleitoral pela televisão e pelas rádios o aviso de que
as eleições burguesas não servem para nada e que somente a revolução social é
que poderá ser o caminho para a classe trabalhadora. Além disso, diante da
evidente falta de democracia vigente nas leis eleitoral do Brasil, que impede
os partidos muito menores em concorrer
às eleições, o partido abriu a sua legenda para que outros agrupamentos revolucionários
possam concorrer às eleições com o seu próprio programa partidário, tais como o
LC-Liga Comunista, seção brasileira do CLQI-Comitê de Ligação da Quarta
Internacional, o qual concorre com dos operários que estão nas bases das suas
categorias e no chão da fábrica.
O PCO defende a
completa dissolução das policias. De acordo com relatório elaborado pela OAB-RJ
(Ordem dos Advogados do Brasil-seção Rio de Janeiro) As polícias do Brasil
estão entre as que mais matam no mundo. De acordo com esses dados , entre os
anos de 2001 e 2011, houve um assustador crescimento do número de mortes
provocadas pela polícia e registradas como “autos de resistência”. Esse número
atingiu um pico no ano de 2007. No Rio de Janeiro foram analisados 12 mil autos
de resistência e 60% deles foram execução pura e simples, muitas com tiro na
nuca.
Não temos acordo
programático com o PCO. Temos visão diferente quando se trata de caracterização
sobre o papel contemporâneo de Rússia e China, o qual caracterizamos como
países imperialistas; Não defendemos a libertação dos criminosos do PT,
ex-ministro José Dirceu e ex-líder do PT José Genoino; diferente do PCO nós
defendemos que o movimento “Não vai ter Copa” tinha reivindicações legítimas
devido ao aparato repressivo que desalojou milhares de pessoas de suas casas e
a continuidade da situação de penúria em que vive ainda os hospitais, a saúde
pública em geral, a habitação e a educação. Porém, o PCO não rompeu a barreira
de classe como o PSOL e não traiu ou boicotou as lutas das greves dos
trabalhadores como fez, e ainda faz o PSOL e o PSTU.
Por essas razões o CCR-Seção brasileira do RCIT dá o apoio
crítico eleitoral PCO.
2.
http://oglobo.globo.com/brasil/policia-mata-cinco-pessoas-por-dia-no-brasil-10669947
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