sábado, 18 de setembro de 2021

Brasil: Não esperar pelas eleições - derrotar o governo Bolsonaro nas ruas!

 

Brasil: Não esperar pelas eleições - derrotar o governo Bolsonaro nas ruas!

 

Os trabalhadores e as organizações populares devem romper a colaboração com setores da classe capitalista!

 

Declaração Conjunta da Corrente Comunista Revolucionária (Seção RCIT no Brasil) e do Bureau Internacional da Corrente Comunista Revolucionária Internacional (CCRI/RCIT), 17 de setembro de 2021,  www.thecommunists.net

 

1.            O governo de Bolsonaro, de extrema direita, está em crise profunda. Sua economia - recém saindo da profunda recessão em 2020, está se contraindo novamente (-0,1% no 2º trimestre de 2021). Da mesma forma, a situação social e de saúde é catastrófica. O governo está profundamente desacreditado, pois é amplamente conhecido pela corrupção. Como resultado, o regime perdeu muito de seu apoio. De acordo com as últimas pesquisas, Bolsonaro receberia apenas cerca de 25% dos votos nas próximas eleições presidenciais em outubro de 2022.

 

2.            Como resultado, Bolsonaro tenta mobilizar seus partidários e implicitamente ameaçar com um golpe. O presidente também ataca o Supremo Tribunal Federal e outras instituições que estão fazendo investigações de corrupção do clã Bolsonaro e que podem torná-lo inelegível e  junto com seus dois filhos irem para a prisão. No entanto, apesar de empregar enormes recursos do Estado, o número de participantes nas duas manifestações pró-Bolsonaro no Dia da Independência (7 de setembro) em Brasília e São Paulo ficou claramente abaixo das expectativas.

 

3.            Se Bolsonaro realizasse tal golpe, à CCRI convocaria os trabalhadores e as organizações populares a pará-lo por meio de uma greve geral e mobilizações de massa nas ruas. Os socialistas defenderiam a formação de guardas de autodefesa armados e apelariam aos soldados para que ajudassem a derrotar o golpe.

 

4.            No entanto, é improvável que Bolsonaro seja capaz de lançar tal golpe. A principal razão para isso é que seu governo é profundamente desprezado pelas massas populares, bem como pela maioria da própria burguesia. Muitos representantes da classe dominante veem Bolsonaro como um palhaço maluco, incapaz de governar um Estado e que trabalha para desacreditar as principais instituições burguesas (a versão brasileira de Trump). Sob tais condições, um golpe de partidários do Bolsonaro provavelmente seria mais parecido com a caricatura do motim de 6 de janeiro( Capitólio) em Washington do que com um golpe sério.

 

5.            Os setores “liberais” da burguesia estão neste momento em oposição ao Bolsonaro (por exemplo, setores do PMDB, PSB, PSD, etc.). Ao mesmo tempo, são fortemente a favor das chamadas reformas neoliberais. No entanto, esses partidos não têm votos suficientes para vencer as eleições presidenciais. Para isso, precisam do apoio popular que o PT reformista tem. O PT e os burocratas sindicais em torno do ex-presidente Lula estão mais dispostos a aderir a uma frente popular, pois essa tem sido sua estratégia por décadas. Eles tentam explorar o ódio popular contra o governo Bolsonaro para canalizar apoio para as eleições do próximo ano. Essa coalizão entre setores da burguesia e da burocracia trabalhista constitui o que os trotskistas caracterizam como uma frente popular. Essas forças se opõem a qualquer tentativa de derrubar o governo de direita por meio de mobilizações de massa nas ruas o mais rápido possível. Para os dirigentes dessas frentes populares, as manifestações têm apenas o objetivo de mobilizar o apoio eleitoral para a possibilidade de ganhar as eleições e se tornar o próximo governo. Na verdade, uma revolução que possa verdadeiramente levar ao poder um governo popular e de trabalhadores  está longe de seu objetivo.

 

6.            A CCRI adverte que tal frente popular representaria apenas outra versão de governo burguês. Seria como o governo Biden nos Estados Unidos - representaria um governo mais eficaz da classe dominante do que seu antecessor, pois implementaria basicamente uma semelhante política à favor dos negócios empresariais de ataques contra a classe trabalhadora e os oprimidos, mas sem um palhaço na presidência. Na verdade, esse governo de frente popular poderia realizar esses ataques de forma mais eficaz, pois teria o apoio dos líderes sindicais e das organizações populares. Podemos ver isso nos EUA, onde o movimento Black Lives matter ( Vidas Negras Importam) - que mobilizou uma revolta gigantesca no verão de 2020 - praticamente desapareceu das ruas desde que Trump perdeu a eleição! Da mesma forma, podemos ver em outros países que uma agenda burguesa-bonapartista visando a criação de um governo mais autoritário pode ser impulsionada não apenas por governos clássicos de direita, mas também por governos liberais (por exemplo, Macron na França) ou pela “ala esquerda ”(como a ditadura estalinista-capitalista na China).

 

7.            Naturalmente, nosso alerta sobre os perigos de uma frente popular não significa que os socialistas não devam participar das mobilizações contra Bolsonaro iniciada por essas forças. Obviamente, esta segue sendo uma tarefa importante para todos os socialistas. No entanto, as forças de esquerda devem trabalhar dentro destas manifestações no sentido construir uma ruptura dos trabalhadores e organizações populares com as forças abertamente burguesas. Precisamos de uma frente única dos trabalhadores para construir uma greve geral contra o governo Bolsonaro em vez de uma frente popular para fazer avançar tal projeto eleitoral de Lula & Cia.!

 

8.     A CCRI convoca todos os socialistas a lutarem conjuntamente por:

 

* Mobilizações de massa e greve geral para derrubar o governo de direita o mais rápido possível! Não esperem por eleições ou impeachment para se livrar do Bolsonaro!

 

* Construir conselhos de ação nos locais de trabalho, bairros e aldeias para organizar os trabalhadores e as massas populares!

 

* Trabalhadores e organizações populares precisam romper com qualquer frente popular!

 

* Nenhum voto para qualquer frente popular nas eleições!

 

* Por um governo operário e popular baseado em conselhos populares e milícias!

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