sábado, 28 de novembro de 2020

Diante do brutal assassinato racista de Joao Alberto Freitas; Transformar a indignação em revolta popular!

 


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Em 19 de novembro de 2020, um dia antes do feriado nacional denominado “dia da consciência negra”, João Alberto Silveira Freitas, um homem negro de quarenta anos, foi assassinado por dois seguranças Magno Braz Borges e Giovane Gaspar da Silva, respectivamente um ex-militar e um policial militar temporário, numa loja do hipermercado da rede francesa Carrefour no bairro na cidade de Porto Alegre, capital do rio grande do Sul. Ambos eram contratados da empresa privada terceirizada de segurança Vector, sendo que  Gaspar da Silva não tinha autorização para trabalhar como segurança.

Os dois seguranças conduziram o homem até o estacionamento da unidade e o espancaram brutalmente enquanto pessoas filmavam tranquilhamente, asfixiando-o por quatro minutos até a morte. Conforme testemunhas, João Alberto pedia por ajuda e suplicava avisando que não conseguia respirar. Os seguranças impediram que outras pessoas interviessem, mesmo com gritos de que estavam matando o homem. Um entregador que estava no local e filmou o homicídio relatou que os assassinos tentaram apagar o vídeo e o ameaçaram. Os seguranças foram presos preventivamente acusados por homicídio triplamente qualificado: por motivo fútil, por asfixia, e por utilizarem meio que impede defesa da vítima.

As impactantes cenas gravadas e a constatação da morte por asfixia imediatamente trouxe a memória do caso George Floyd nos EUA. A repercussão foi forte, não só pela selvageria , mas por ter acontecido na véspera do feriado do Dia da Consciência Negra.

O CEO global do Carrefour, o francês Alexandre Bompard, afirmou no dia seguinte à tragédia que “em primeiro lugar, gostaria de expressar meus profundos sentimentos, após a morte do senhor João Alberto Silveira Freitas. As imagens postadas nas redes sociais são insuportáveis (...) a nossa empresa não compactua com racismo e violência" e que pediu ao Grupo Carrefour Brasil que faça uma "revisão completa das ações de treinamento dos colaboradores e de terceiros.”

Nos dias seguintes até o final da semana muitas milhares de pessoas compareceram em frente das lojas Carrefour em várias capitais do país; São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Recife, Salvador, etc. Em São Paulo uma das lojas Carrefour foi parcialmente incendiada pelos manifestantes que gritavam a famosa palavra de ordem “vidas negras importam”.

Diante das várias  dos protestos se espalhando pelo país  o presidente Bolsonaro fez uma declaração  chamando  Manifestantes Contra o Racismo de "lixo”. Enquanto isso, o vice-presidente Hamilton Mourão fazia  a declaração  mais grotesca dizendo que “no Brasil não existe racismo.”

O Carrefour  é considerado a segunda maior empresa varejista do Brasil e a segunda a maior rede de atacado do país tem vínculos com o poderoso Itaú Unibanco, maior banco privado do Brasil, que há quase uma década adquiriu 49% das ações do Carrefour Soluções Financeiras.

O senador Paulo Paim (PT-RS), presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, disse que convidou o Carrefour para uma reunião. Baseado numa lista feita pelo senador, o jornal  Estado de Minas juntou seis casos de racismo e situações extremas que Agosto aconteceram no Carrefour:


1) Em agosto de 2020, em Recife, o cadáver de um homem identificado como Moisés Santos, 53 anos, foi coberto com guarda-chuvas e cercado por caixas para que a loja pudesse continuar funcionando. O corpo permaneceu no local, entre as 8h e as 12h, até ser removido pelo Instituto Médico Legal.

2) Em setembro, no Rio de Janeiro, Nataly Ventura da Silva, 31 anos, se surpreendeu ao encontrar a frase “só para branco usar” escrita em um avental.

3) Em 2019, a 5ª Vara do Trabalho de Osasco, São Paulo, identificou condições consideradas degradantes para os empregados da empresa. Isso porque o Carrefour estava controlando a ida dos funcionários ao banheiro.

4) Em dezembro de 2018, um cachorro que estava no estacionamento de uma das lojas da empresa em Osasco, morreu envenenado e espancado por um funcionário.

5) Em 2018, funcionários da empresa em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, agrediram Luís Carlos Gomes porque ele abriu uma lata de cerveja dentro da loja. Apesar do cliente ter reiterado que pagaria pelo item, ele foi perseguido pelo gerente da unidade e um segurança e depois encurralado em um banheiro, onde recebeu um mata-leão.

6) Em 2009, seguranças do Carrefour agrediram o técnico em eletrônica Januário Alves de Santana, 39 anos, no estacionamento de uma unidade em Osasco. Ele foi acusado de ser um ladrão que quer roubar um carro. Na verdade, ele poderia provar que era o dono daquele carro.

A extremamente conservadora e majoritariamente branca burguesia brasileira não tem o menor interesse de acabar com o racismo. É um processo histórico de 500 anos de exploração e opressão não somente com o povo negro, mas com os mestiços, indígenas e os milhões de brancos pobres. No fundo não é somente um problema de cor da pele, mas de classe social, é a luta  de classes. É o sistema capitalista que incorpora o racismo que resulta na superexploração do povos negros.

Nós da Corrente Comunista Revolucionária fazemos o chamado a uma forte mobilização do movimento de massas, dos trabalhadores organizados, dos sindicatos e partidos progressistas a apoiar a resistência do povo negro contra nosso racismo estrutural e opressão  histórica. Precisamos transformar nossa indignação em uma grande revolta popular!

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