Intervenção Federal no Rio: Um Primeiro Passo Para a
Volta dos Militares?
Declaracão da CCR, 18 de fevereiro de 2018
A notícia chegou ao país logo pela manhã do
dia 16 de fevereiro, o presidente ilegítimo Michel Temer decidiu pela
intervenção militar federal no estado do Rio de Janeiro. Por isso, o secretário
de Segurança do estado do Rio, Roberto Sá, foi afastado do cargo e em seu lugar
foi nomeado o general Braga Netto
para controlar toda a segurança até pelo menos o fim do ano.
A medida é uma continuação e aprofundamento
da intervenção militar nas ruas do Rio de Janeiro que já vem acontecendo desde
as Olimpíadas de 2016. na prática, as Forças Armadas ocuparão as ruas da
cidade, substituirão a polícia. Oficialmente o general-interventor ocupará
apenas a secretaria de Segurança, mas na prática os militares tomarão o
controle do estado.
As festas de carnaval expressaram fortemente
o nível de reprovação da população brasileira contra o golpe de Estado e o
regime de exceção. O exemplo mais evidente foi o desfile da escola de samba Tuiutí que sacudiu o país mostrando
todos os efeitos do golpe de estado em horário nobre e em rede nacional,
causando um terremoto político. O presidente golpista foi retratado como um vampirão neoliberal que destruiu os
direitos trabalhistas, entre outras coisas, e aquela imagem atravessou o
mundo. Tal fato foi devastador para a
imagem do governo, que já estava prestes a tentar
votar a reforma da previdência. O governo tinha que tentar reagir para
minimizar a humilhação internacional. A resposta do governo Temer veio quatro dias
depois quando declarou a intervenção militar no estado do Rio de Janeiro.
Porém, o governo Temer como o
argumento para a intervenção sobre a necessidade de se conter a violência, que supostamente
teria aumentado nos últimos dias nesse mesmo período de carnaval. Na realidade o
decreto de intervenção não está nada relacionado à segurança, mas à grave
situação política do país.
Em primeiro lugar, a promessa
de concretizar a reforma da Previdência que o governo Temer fez ao sistema
financeiro, protelada várias vezes durante o ano de 2107 por falta de votos
insuficientes entre os congressistas, já estava semi-morta nesse início de 2018.
Em ano eleitoral, pelo menos metade dos parlamentares não queriam arriscar suas
eleições por um projeto rejeitado por 85% da população. A rejeição ao
presidente igualmente alcança até hoje mais de 90% de rejeição e
consequentemente qualquer candidato nas próximas eleições que estiver muito
próximo do presidente e de suas reformas corre o risco de não ser reeleito.
A intervenção federal militar
no Rio de Janeiro veio para resolver um problema somente do presidente e não da
segurança da população. Pelo contrário, as outras intervenções militares no
estado só serviram para proteger a classe rica e média e aumentar a opressão
nos bairros pobres e comunidades da cidade. O soldado do exército é treinado
especificamente para matar, e não para controlar a violência urbana. Pior ainda
quando pensamos nas manifestações populares de greves dos trabalhadores e
mobilizações dos movimentos sociais. “Coincidentemente” tal medida do governo
federal veio após aparecerem várias faixas das comunidades dizendo “Se prenderem o Lula, o morro vai descer!”. A referência das massas à Lula da Silva
reflete o estado de ânimo de uma população que não enxerga nos outros
candidatos uma esperança de melhora de vida após concretizadas as reformas
neoliberais. Fica implícito na mensagem que a população do morro não vai descer
o morro para desfiles de samba.
Em resumo, essa intervenção
militar no estado do Rio é um primeiro passo para uma provável intervenção das
Forças Armadas em âmbito nacional, inclusive com a possibilidade de controlar
as eleições presidenciais em outubro, ou mesmo o cancelamento das eleições e a
instalação de um regime mais duro do que acontece hoje.
Portanto nós do CCR
condenamos fortemente essa intervenção militar e chamamos a todos os
trabalhadores e oprimidos a se organizarem contra essa medida, assim como também
chamamos as organizações de massa e os movimentos sociais a fazerem o mesmo. De
fato, chamamos a CUT, MST, MTST, PSTU, os setores progressistas do PSOL, e outras organizações progressistas a apoiar
as mobilizações e a criação de comitês de ação, por qualquer meio necessário O
processo golpista a cada dia avança em novas medidas contra a população.
Primeiro com suas duras medidas econômicas, as tais reformas estruturais, e
agora com o aumento do aparato repressivo. Nós chamamos pela formação de
comitês de Trabalhadores bairro para organizarem seus próprios comitês de
segurança contra a violência dos criminosos e contra a violência das polícias.
*Não à criminalização das manifestações políticas e à
criminalização dos movimentos sociais!
Segurança pública não é papel das Forças Armadas! Pelo
cancelamento da intervenção federal militar no estado do Rio de Janeiro!
* Pela criação de comitês de ação nas fábricas,
sindicatos, bairros, favelas e regiões periféricas em defesa de nossos direitos
e contra o governo dos golpistas e contra qualquer intervenção militar! Por
comitês de autodefesa dos trabalhadores e pobres nos bairros e periferias!
* Pelo cancelamento das Reforma da Previdência e
Trabalhista, privatizações e terceirizações!
* Abaixo o dispositivo constitucional que permite ao
exército a intervenção em assuntos políticos!
* Por um partido operário revolucionário- um novo
partido mundial da revolução socialista! A Quinta Internacional
Nenhum comentário:
Postar um comentário