Declaração
da Corrente
Comunista Revolucionária-CCR
15 de dezembro de 2018
Saiu na grande imprensa do
Brasil, no último dia 06 um relatório do Coaf (Conselho de Controle de
Atividades Financeiras) que apontou movimentação atípica de R$ 1,2 milhão de
reais em conta de um ex-assessor do
recém eleito senador Flávio Bolsonaro chamado Fabrício José Carlos de Queiroz. Queiroz
recebia um salário mensal de 8 mil reais, totalmente incompatível com uma
movimentação bancária tal volumosa. Uma das pessoas beneficiárias dos repasses
de Queiroz foi Michele Bolsonaro, própria esposa do Presidente eleito, o
capitão aposentado do exército Jair Bolsonaro. Flavio Bolsonaro é filho do
presidente. O documento foi enviado ao Ministério Público Federal, sendo mais
uma investigação da Operação Lava Jato, essa mesma Lava Jato que usou os meios jurídicos
ilegais para fins políticos, haja vista a
prisão do ex-presidente de Lula da Silva. Desta vez a Lava Jato levou à prisão dez deputados estaduais da
Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Queiroz foi exonerado do gabinete de Flávio Bolsonaro no dia 15 de
outubro deste ano, poucos dias antes do segundo turno tão logo ficou claro a
possibilidade de vitória de Jair Bolsonaro. Queiroz é também policial militar
e, além de motorista, trabalhava como segurança do filho do presidente eleito.
Pergunta: Qual a origem do dinheiro?
A Grande imprensa já chama
o caso de Bolsogate, uma clara
referência ao caso Watergate que derrubou o presidente Nixon em 1974. Em resumo, basta a Polícia Federal
seguir o tradicional “siga o dinheiro!” ( Follow the Money!), ou seja,
descobrir a origem desses mais de 1 milhão de reais e investigar as razões do
porque um simples assessor parlamentar movimenta as finanças da família
Bolsonaro e o mais importante, descobrir a origem do dinheiro.
O que diz o vice-presidente eleito
As principais vozes
cobrando fortes esclarecimentos não
partiram somente dos partidos de oposição,mas do general Hamilton Mourão, vice-presidente eleito. Mourão não disfarçou as
palavras: "O ex-motorista, que
conheço como Queiroz, precisa dizer de onde saiu este dinheiro. O Coaf rastreia
tudo, precisa explicar a transação, tem que dizer, senão fica parecendo que
está escondendo algo". Ou seja, em sendo Mourão não apenas o
vice-presidente, mas o máximo representante dos generais no poder, fica
evidente quem realmente dará as ordens.
Um presidente descartável?
Pela constituição qualquer
presidente eleito é hierarquicamente o comandante em chefe das forças armadas,
mas desde as prisões constitucionalmente ilegais do processo da Lava Jato,
comandada pelo ex-juiz Sergio Moro , hoje ministro da Justiça de Bolsonaro como
recompensa por ter retirado Lula da Silva ao decretar sua prisão) o chamado
Estado de Direito simplesmente não existe no Brasil. Então, o capitão
presidente Bolsonaro já é um governante sob vigilância do Estado Maior das
forças armadas, portanto, facilmente descartável se for necessário.
A Grande contradição de quem foi eleito se dizendo “Contra a corrupçao!”
A situação é de tal maneira
complicada para o futuro presidente que. além do problema da família Bolsonaro
de ter que explicar à Receita Federal e a seus eleitores a origem do dinheiro,
o seu escolhido para ser o importante ministro da Casa Civil, aquele que deverá
dialogar com o Congresso Nacional sobre as articulações políticas para
aprovação das reformas neoliberais, Onys Lorenzoni, antes mesmo da posse já
está sendo acusado pela Lava Jato de ter recebido dinheiro sujo da empresa
exportadora de carne a JBS.
Em resumo, o futuro governo
Bolsonaro antes mesmo de tomar posse, apesar de toda a sua retórica
semi-fascista, autoritária, ultra reacionária, já se mostra instável do ponto
de vista economico e político. Para um presidente que se elegeu com as
bandeiras contra a corrupção e contra os
“corruptos políticos tradicionai”, tendo como alvo principal o Partido dos
Trabalhadores, ironicamente este mesmo está sendo acusado dos mesmos supostos
malfeitos dos seus opositores. Bolsonaro
pode vir a ser um presidente descartável, assim como foi a ex-presidente Dilma
Rousseff do PT.
Posição do CCR
Para nós do CCR está cada
vez mais claro que o país já vive um regime militarizado ultra reacionário.
Nesse contexto é necessário construir a
nossa luta e organização independentes. O que é necessário é a formação
imediata de uma ampla frente unida de todas as organizações de massas da classe
trabalhadora e oprimida (CUT, PT, MST, MTST, etc.) para organizar uma
resistência de massas contra o futuro
governo que toma posse em
primeiro de janeiro de 2019, Tal resistência deve ser muito mais ampla e
permanente do que um simples projeto eleitoral, não dá pra esperar por 4 anos e
confiar em ganhar eleições que provavelmente serão novamente fraudadas. Tal
resistência deve incluir manifestações de massa e greves. Em última análise, é
urgente preparar uma greve geral política!