segunda-feira, 12 de outubro de 2015

DEFENDER A REVOLUÇÃO SÍRIA CONTRA O IMPERIALISMO RUSSO



Defender a Revolução Síria contra o Imperialismo Russo!
Parar os ataques aéreos dos EUA, do Reino Unido e dos franceses! Esmagar a Ditadura Assad!
Declaração da Corrente Comunista Revolucionária Internacional-CCRI (em inglês RCIT), 09/10/2015, www.thecommunists.net

1. Desde 30 de setembro, a força aérea russa está a realizar ataques em massa contra os rebeldes sírios, bem como contra a população civil. O regime de Putin transferiu cerca de 50 aviões e helicópteros militares, vários sistemas antiaéreos superfície-ar SA-22, tanques T-90, artilharia, BTR-82A Blindada de Transporte de Pessoal e várias centenas de fuzileiros navais para sua base militar naval em Tartus. Eles estão coordenando a sua intervenção militar estreitamente com tropas iranianas, juntamente com os açougueiros de Assad.
2. Essa invasão do imperialismo russo começou logo após o imperialismo britânico e francês juntarem-se aos EUA em sua campanha militar reacionária contra rebeldes islâmicos na Síria. Da mesma forma que Obama, Cameron e Hollande, Putin também justifica a sua intervenção como uma "luta contra o terrorismo do ISIS (Estado Islâmico)". Como em todos os outros casos, isso é uma mentira! A intervenção militar de Moscou é nada mais do que uma invasão a fim de salvar a ditadura sanguinária de Bashar al-Assad! Isso é comprovado pelo fato de que a maioria dos ataques aéreos russos não são dirigidos contra Daesh (o chamado "Estado islâmico"), mas contra as facções importantes dos rebeldes como Jabhat al-Nusra, Ahrar al-Sham, o Exército Sírio Livre e outros.
3. Isso não surpreende. O regime de Assad tem sido o aliado mais próximo da Rússia imperialista no Oriente Médio desde há muitos anos. A evolução nos últimos seis meses, como a libertação completa da província de Idlib pelos rebeldes e seus avanços para Latakia -  área estrategicamente crucial para a sobrevivência do regime de Assad -  soou o alarme entre os governantes em Damasco e em Moscou.
4. Além disso, o regime de Putin tem medo que uma derrota de Assad pelas mãos de um levante popular islâmico iria aumentar a instabilidade entre as minorias muçulmanas que compõem um sétimo (14%) da população da Rússia. Moscou teme, com razão, o ódio profundo de suas inúmeras minorias nacionais, uma vez que têm sido oprimidos por séculos (exceto no breve período da jovem União Soviética sob Lênin e Trotsky em 1917-1923). O símbolo mais bárbaro do domínio colonial da Rússia é a sua ocupação da Chechênia onde foram massacrados pelo menos um quinto dos pequenos povos chechenos e que estupraram e expulsaram a maioria do que restaram desde 1994. Enquanto os líderes mundiais todos permaneceram em silêncio, nenhuma pessoa com senso de justiça não pode e não vai esquecer tal genocídio - é um dos piores crimes da história da humanidade moderna!
5. No entanto, existem dois factores adicionais importantes que explicam o início da intervenção militar da Rússia. Em primeiro lugar, como o RCIT explicou muitas vezes, a Rússia - em conjunto com a China - é uma potência imperialista emergente, como já foi demonstrado durante a crise na Síria em setembro de 2013, assim como pela anexação e intervenção da Crimeia e a participação de Moscou na guerra civil ucraniana. Ao mesmo tempo, o imperialismo dos EUA - hegemonia absoluta global por décadas - enfrenta um declínio a longo prazo do mesmo jeito que as grandes potências ocidentais europeias. Estes acontecimentos resultaram, entre outros fatos, em mudanças geopolíticas importantes no Oriente Médio. O Imperialismo norte-americano foi forçado a terminar a sua guerra fria contra o Irã e a Rússia construiu relações estreitas com a ditadura militar do general Sisi no Egito. Da mesma forma, Israel - mais importante aliado dos EUA na região - está agora a colaborar estreitamente com a Rússia na invasão na Síria.
6. Em segundo lugar, e relacionado a isso, Putin está habilmente explorando o beco sem saída estratégico em que o imperialismo dos EUA e da UE se envolveram. Nos anos 1990 e 2000 o imperialismo ocidental colaborou com Assad em várias questões, incluindo a guerra do Golfo em 1991, bem como o programa global de tortura da CIA., no entanto, quando a Revolução árabe começou em janeiro de 2011 e regimes após outros foram derrubados ou sofreram convulsões, Washington, Londres, Paris e Berlim esperavam manter sua influência na região através da construção de alianças com os setores mais corruptos da burguesia liberal e islâmica. Eles fingiram defender a "liberdade" e os "direitos humanos". Quando ficou claro que a revolta em massa dos trabalhadores e camponeses (fallahin) sírios foi uma dura realidade, o imperialismo ocidental desejava a substituição do fantoche de Moscou Assad pelo seu próprio fantoche. Enquanto Obama, Cameron e Hollande tentaram ganhar alguma influência entre os rebeldes principalmente através de apoio verbal (eles conseguiram treinar apenas algumas dezenas de rebeldes), o seu desejo principal era colocar um regime Assadista sem Assad no comando - ou seja, manter o aparelho de Estado e alterar apenas as principais figuras.
7. No entanto, esta estratégia do imperialismo ocidental falhou em todas as frentes até agora. Os poucos rebeldes treinados pelos EUA desertaram e entregaram suas armas para rebeldes islâmicos anti-ocidentais ou foram esmagados por este último. Além disso, a guerra civil na Síria custou até agora a vida de cerca de 250 mil sírios e transformou metade da população da Síria de 22 milhões em refugiados. Uma vez que os países vizinhos Líbano, Jordânia, Iraque e Turquia já receberam cerca de 4 milhões de refugiados, mais e mais sírios tentam entrar na Europa. Por sua vez, isto provocou uma crise política maciça na Europa e levou ao surgimento tanto de um movimento de massas de solidariedade em defesa dos refugiados, bem como de partidos da extrema direita racista. Por todas estas razões os governos ocidentais cada vez mais mudam sua tática e expressam agora o seu apoio a uma "solução política da guerra civil síria que inclua Assad". É provável que nos próximos meses haverá uma disputa intensa entre as grandes potências em que, por um lado vão tentar aumentar a sua influência à custa dos outros (o que inclui também possíveis atritos militares entre elas). Por outro lado, estas grandes potências irão cooperar a fim de pacificar a guerra civil e para impor uma "solução política" reacionária em que terá a continuidade do aparelho de Estado Assadista (com ou sem Assad) no centro de tudo.
8. Não é de surpreender que todas as forças rebeldes sírias - desde os Comitês de Coordenação Local da Síria, a Irmandade Muçulmana da Síria, Jabhat al-Nusra, Ahrar al-Sham, até o Exército Livre Sírio - denunciam fortemente a invasão russa. Além disso, a oposição Coalizão de Oposição Síria e 70 formações de rebeldes armados emitiram uma declaração em que declararam a sua decisão de acabar com a cooperação de iniciativa do enviado da ONU Staffan de Mistura*.
9. A Corrente Comunista Revolucionária Internacional-CCRI (RCIT) denuncia fortemente a invasão russa, bem como a intervenção imperialista ocidental na Síria. Continuamos a apoiar a revolução síria. É verdade que muitas facções do dividido movimento rebelde seguem uma agenda islamita pequeno-burguesa que nós, como comunistas, não compartilhamos. Mas este é o trágico resultado da falta de uma liderança revolucionária na Síria e não uma falha das massas populares! É um fato vergonhoso que os "comunistas" da Síria (ou seja, os dois partidos stalinistas “) apoiam a ditadura de Assad desde há décadas. Em tal situação, os islamitas manobram falsamente para apresentar-se como a única força lutando contra a ditadura de Assad, bem como opondo-se tanto ao imperialismo ocidental quanto ao imperialismo russo. No entanto, esses reveses políticos não mudam o fato de que os trabalhadores sírios e fallahin continuam a lutar contra o regime de Assad para a sua liberdade e enxergando os rebeldes como sua liderança.

10. O RCIT continua a apoiar a luta do povo curdo pela sua auto-determinação nacional. Isso inclui apoiar a luta militar legítima de forças curdas contra aqueles que tentam suprimir este direito (como Daesh-Estado Islâmico, por exemplo). No entanto denunciamos veementemente a liderança nacionalista pequeno-burguesa do YPG / PKK, que colabora abertamente com o imperialismo dos Estados Unidos em sua campanha militar contra os islamitas na Síria, e que falhou durante anos em não se juntar à luta contra a ditadura de Assad. É característico do oportunista pequeno-burguês e da natureza principais setores da esquerda internacional que acriticamente saúdam o PKK e sua chamada "revolução" no Curdistão sírio.

11. Os socialistas na Síria e em âmbito internacionalmente deveriam se manifestar para apoiar a revolução síria e a luta dos rebeldes contra Assad, assim como contra o reacionário Salafista-Takfiri Daesh, o chamado Estado Islâmico. O RCIT apoia a resistência dos rebeldes, tanto contra o imperialismo russo, bem como contra os EUA, o britânico e contra os imperialistas franceses. Ao mesmo tempo, os socialistas têm que lutar contra a agenda política da liderança dos rebeldes. É urgente apoiar todas as medidas para reforçar as estruturas de auto-governo local. É crucial construir os conselhos e as milícias locais, a fim de quebrar a influência sobre a revolução dos islamitas militaristas pequeno-burgueses e das facções seculares (não religiosas). Esta é a única perspectiva de avançar na luta por uma república dos trabalhadores e fallahin na Síria e por uma federação socialista do Oriente Médio. Em qualquer possível confronto entre as forças militares russas e ocidentais, os revolucionários não devem apoiar um ou outro lado, mas se oporem a ambos, uma vez que ambos são imperialistas reacionários e inimigos da revolução síria.
12. Denunciamos a esquerda pró-russa social-imperialista - como os adeptos stalinistas do Castro-Chavismo, assim como as cabeças centristas confusas que apoiam o regime supostamente anti-imperialista de Putin e Xi (China), etc. - que elogiam o regime de Assad e o apoio russo a ele. O autentico marxismo é incompatível com dar apoio para uma das grandes potências imperialistas, bem como dar apoio para uma ditadura em luta reacionária contra a revolta de sua própria classe operária e do seu campesinato!
13. O RCIT chama socialistas de combinarem a solidariedade internacionalista com a revolução síria, com apoio contínuo para a luta palestina de libertação contra o Estado sionista, com a resistência popular contra a ditadura egípcia e com a guerra de libertação iemenita contra a invasão estrangeira da gangue Al-Saud. Ao mesmo tempo, os socialistas na Europa devem participar do movimento de solidariedade pró-refugiados e lutarem por uma perspectiva da classe trabalhadora e internacionalista.
14. Os mais importantes revolucionários devem se unir com base em um programa internacional que inclua a solidariedade com a Revolução Árabe, a luta pela revolução permanente pelo poder da classe trabalhadora e contra o imperialismo tanto ocidental como oriental. O RCIT chama os revolucionários ao redor do mundo para se juntarem a nós na luta por um novo partido mundial da revolução socialista!

15. O RCIT chama os socialistas autênticos, todos os trabalhadores e os pobres e oprimidos para lutar junto com a gente para:
* A vitória da Revolução síria! Abaixo a Ditadura de Assad!
* Derrotar os russos, os  EUA, o Reino Unido e intervenção militar francesa!
* Não ao sectarismo reacionário! Abaixo o Salafi-Takfiri Daash-Estado Islâmico!
* Pelas milícias de Trabalhadores e conselhos Fallahin(camponeses)! Por um Governo de Trabalhadores aliado à Fallahin com base em conselhos e as milícias locais!
* Pela a solidariedade internacional com o movimento rebelde sírio e o movimento popular! Ajuda militar   ao movimento rebelde, sem restrições!
* Pela solidariedade internacional do movimento operário com seus irmãos e irmãs no Egito!
* Abaixo o Estado Sionista de Apartheid ! Solidariedade com a luta de libertação palestina! Por uma Palestina livre, Vermelha, desde o rio até o mar!
* Defender o Iêmen contra a  Gangue dos agressores de Al-Saud!
* Renovar e ampliar a Revolução Árabe que teve início em 2011! Por uma federação socialista do Oriente Médio!
* Avançar na construção de um partido revolucionário no Egito, Síria e internacionalmente! Pela  revolucionária Quinta Internacional dos Trabalhadores!

Secretariado Internacional do RCIT
Sobre nossas análises referentes à Revolução Árabe recomendamos:

Para outros documentos e artigos sobre síria veja em:
http://www.thecommunists.net/worldwide/africa-and-middle-east/

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