UMA REVOLUÇÃO
DEMOCRÁTICA INCOMPLETA EM PERIGO DEVIDO À CONTRA-REVOLUÇÃO APOIADA PELO
IMPERIALISMO
1. O
processo da Revolução Árabe- marcado por lutas heroicas das massas, em vitórias
parciais, assim como derrotas contrarrevolucionárias- é o mais importante
evento de luta de classes desde o início do novo período histórico da
decadência capitalista em 2008. Têm sido um teste crucial para revolucionários
em todo o mundo. Nós confirmamos as conclusões e análises programáticas do RCIT
para a Revolução Árabe assim como foram elaborados em nossos vários documentos
nos últimos anos. Compreender essas lições assim como adotar o programa correto
para o próximo período é crucial para os revolucionários no sentido de
encontrar o caminho para os futuros turbulentas eventos de lutas de classe.
UMA REVOLUÇÃO DEMOCRÁTICA INCOMPLETA EM PERIGO
DEVIDO À CONTRA-REVOLUÇÃO APOIADA PELO IMPERIALISMO
2. Há
aproximadamente quatro anos e meio, a Revolução Árabe se iniciou na Tunísia e
rapidamente se espalhou pelo Egito, Líbia, Bahrein, Síria e Iêmen. Suas causas
fundamentais foram uma combinação de:
i) A
fúria das massas populares após décadas de empobrecimento.
ii) O
sofrimento decorrente da tirania de corruptas ditaduras, as quais eram todas
lacaias servis do imperialismo.
iii) A
derrota dos Estados Unidos como potência imperialista hegemônica (Afeganistão,
Iraque) assim como a derrota de Israel, o estreito aliado ocidental e pequeno
estado imperialista da região (Guerras do Líbano e Gaza) – consequentemente as
massas árabes foram encorajadas pelo visível enfraquecimento das potências imperialistas
ocidentais no papel de tradicionais apoiadores dos ditadores árabes.
iv) Finalmente
incentivando a luta de libertação pelas convulsões fundamentais do mundo
imperialista desde o começo do novo período histórico revolucionário em 2008.
3. Ao
mesmo tempo em que os trabalhadores e os pobres obtiveram sucessos em alguns
países- pelo menos temporariamente- em derrubar velhas ditaduras e conseguindo
certos direitos democráticos, em nenhum lugar tiveram sucesso em completar a
revolução democrática, muito menos acabar com a pobreza e a super-exploração
pelos monopólios imperialistas e as grades potências. Isto somente seria
possível ao fazer a revolução permanente, assim como Leon Trotsky – líder da
Revolução de Outubro (Rússia, 1917) junto com V.I.Lenin- já explicada quase um
século atrás. Tal revolução permanente comporta o caráter de uma revolução
social vitoriosa.- combinando a luta por direitos democráticos com a
expropriação dos monopólios imperialistas e da burguesia interna e a destruição
do aparato do velho estado capitalista. Desta forma, abrindo o caminho para a
criação de repúblicas de trabalhadores e camponeses e a formação de federação
socialista do Magreb e Mashreq (ambos respectivamente constituem o mundo
árabe entre o Norte de África e Oriente Médio).
4. Em
vez disso, os levantamentos populares espontâneos da revolução árabe foram logo
sequestrados por vários tipos de lideranças burguesas e pequeno-burguesas.
Alguns fomentaram a ilusão que as lutas das massas podem ser vitoriosas por
meio de mobilizações pacíficas e através se organizando através de redes
sociais. Outros propagaram pela orientação à democracia parlamentar e o ao
liberalismo. Outra tendência foi a orientação para uma combinação de democracia
burguesa e agenda religiosa (al-Ikhwan-Irmandade Muçulmana e Ennahda-Partido
do Renascimento-Tunisia). O que essas orientações tinham em comum era:
i) A
recusa em esmagar o velho aparato estatal- costumeiramente dominado pela
burocracia das forças de repressão e intimamente alinhadas com os grandes
capitalistas internos, assim como alinhadas com as potências imperialistas.
ii) A
aceitação da propriedade de setores chaves da economia por corporações
privadas.
5. A
predominância de setores burgueses e pequeno-burgueses sobre os movimentos
democráticos populares asseguraram que eles falhariam de seguir adiante no
processo revolucionário. Como resultado, os avanços iniciais revolucionários
dos trabalhadores e dos pobres- levando à derrubada de Bem Ali, Mubarak,
Kadaffi e Saleh em 2011- foram em vão. Em muitos casos eles foram contidos por
novos regimes burgueses. Estes regimes, ao mesmo tempo em que foram forçados a
permitir mais direitos democráticos – refletindo a força da luta do povo –
prepararam novos ataques contra os trabalhadores e os pobres em nome do
imperialismo (Líbia depois de Kadaffi, Morsi no Egito, Ennahda na
Tunísia, al-Hadi no Iêmen). No Bahrein o levante popular foi esmagado pelo
reino saudita em nome do imperialismo em março de 2011.
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