quarta-feira, 1 de julho de 2015

REVOLUÇÃO E CONTRA-REVOLUÇÃO NO MUNDO ÁRABE Capitulo I



UMA REVOLUÇÃO DEMOCRÁTICA INCOMPLETA EM PERIGO DEVIDO À CONTRA-REVOLUÇÃO APOIADA PELO IMPERIALISMO

1.            O processo da Revolução Árabe- marcado por lutas heroicas das massas, em vitórias parciais, assim como derrotas contrarrevolucionárias- é o mais importante evento de luta de classes desde o início do novo período histórico da decadência capitalista em 2008. Têm sido um teste crucial para revolucionários em todo o mundo. Nós confirmamos as conclusões e análises programáticas do RCIT para a Revolução Árabe assim como foram elaborados em nossos vários documentos nos últimos anos. Compreender essas lições assim como adotar o programa correto para o próximo período é crucial para os revolucionários no sentido de encontrar o caminho para os futuros turbulentas eventos de lutas de classe.

UMA REVOLUÇÃO DEMOCRÁTICA INCOMPLETA EM PERIGO DEVIDO À CONTRA-REVOLUÇÃO APOIADA PELO IMPERIALISMO

2.            Há aproximadamente quatro anos e meio, a Revolução Árabe se iniciou na Tunísia e rapidamente se espalhou pelo Egito, Líbia, Bahrein, Síria e Iêmen. Suas causas fundamentais foram uma combinação de:
i)             A fúria das massas populares após décadas de empobrecimento.
ii)            O sofrimento decorrente da tirania de corruptas ditaduras, as quais eram todas lacaias servis do imperialismo.
iii)          A derrota dos Estados Unidos como potência imperialista hegemônica (Afeganistão, Iraque) assim como a derrota de Israel, o estreito aliado ocidental e pequeno estado imperialista da região (Guerras do Líbano e Gaza) – consequentemente as massas árabes foram encorajadas pelo visível enfraquecimento das potências imperialistas ocidentais no papel de tradicionais apoiadores dos ditadores árabes.
iv)           Finalmente incentivando a luta de libertação pelas convulsões fundamentais do mundo imperialista desde o começo do novo período histórico revolucionário em 2008.
3.            Ao mesmo tempo em que os trabalhadores e os pobres obtiveram sucessos em alguns países- pelo menos temporariamente- em derrubar velhas ditaduras e conseguindo certos direitos democráticos, em nenhum lugar tiveram sucesso em completar a revolução democrática, muito menos acabar com a pobreza e a super-exploração pelos monopólios imperialistas e as grades potências. Isto somente seria possível ao fazer a revolução permanente, assim como Leon Trotsky – líder da Revolução de Outubro (Rússia, 1917) junto com V.I.Lenin- já explicada quase um século atrás. Tal revolução permanente comporta o caráter de uma revolução social vitoriosa.- combinando a luta por direitos democráticos com a expropriação dos monopólios imperialistas e da burguesia interna e a destruição do aparato do velho estado capitalista. Desta forma, abrindo o caminho para a criação de repúblicas de trabalhadores e camponeses e a formação de federação socialista do Magreb e Mashreq (ambos respectivamente constituem o mundo árabe entre o Norte de África e Oriente Médio).
4.            Em vez disso, os levantamentos populares espontâneos da revolução árabe foram logo sequestrados por vários tipos de lideranças burguesas e pequeno-burguesas. Alguns fomentaram a ilusão que as lutas das massas podem ser vitoriosas por meio de mobilizações pacíficas e através se organizando através de redes sociais. Outros propagaram pela orientação à democracia parlamentar e o ao liberalismo. Outra tendência foi a orientação para uma combinação de democracia burguesa e agenda religiosa (al-Ikhwan-Irmandade Muçulmana e Ennahda-Partido do Renascimento-Tunisia). O que essas orientações tinham em comum era:
i)             A recusa em esmagar o velho aparato estatal- costumeiramente dominado pela burocracia das forças de repressão e intimamente alinhadas com os grandes capitalistas internos, assim como alinhadas com as potências imperialistas.
ii)            A aceitação da propriedade de setores chaves da economia por corporações privadas.
5.            A predominância de setores burgueses e pequeno-burgueses sobre os movimentos democráticos populares asseguraram que eles falhariam de seguir adiante no processo revolucionário. Como resultado, os avanços iniciais revolucionários dos trabalhadores e dos pobres- levando à derrubada de Bem Ali, Mubarak, Kadaffi e Saleh em 2011- foram em vão. Em muitos casos eles foram contidos por novos regimes burgueses. Estes regimes, ao mesmo tempo em que foram forçados a permitir mais direitos democráticos – refletindo a força da luta do povo – prepararam novos ataques contra os trabalhadores e os pobres em nome do imperialismo (Líbia depois de Kadaffi, Morsi no Egito, Ennahda na Tunísia, al-Hadi no Iêmen). No Bahrein o levante popular foi esmagado pelo reino saudita em nome do imperialismo em março de 2011.


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