Quem ganhou a guerra de Gaza?
por Yossi Schwartz, Liga Socialista Internacionalista (seção
do RCIT-em Israel/Palestina Ocupada), 2014/08/08, www.thecommunists.net e www.the-isleague.com
Depois de quase um mês
massacres, a linha de propaganda sionista defende que Israel ganhou a guerra contra o Hamas. Se
os 1.900 palestinos mortos, dos quais 80% eram crianças, idosos, homens e
mulheres não-combatentes, além de milhares de feridos, for a medida da vitória, então Israel certamente
ganhou. Se o número de casas destruídas, escolas, mesquitas e hospitais
for utilizado, então, mais uma vez,
Israel ganhou a guerra. E se o número de túneis destruídos é tomado como a
medida do sucesso, então Israel ganhou a guerra. No entanto, se o
enfraquecimento do Hamas for o fator que determina quem foi o vencedor e quem
era o perdedor, então Hamas ganhou a guerra.
Objetivos de Israel
Para responder à
questão de quem exatamente ganhou a guerra, em primeiro lugar, é necessário
estabelecer quais eram , exatamente,
objetivos de Israel em lançá-la.
Na imprensa israelense
há poucos dias (05 de agosto) apareceu o
seguinte: "... Sérias dúvidas foram
levantadas quanto à possibilidade ou não de
Israel haver alcançado os objetivos declarados da guerra, criando o tipo
de dissuasão que seria impedir o Hamas
de iniciar outra guerra em um ou dois anos a partir de agora. Sem dúvida,
Israel não conseguiu chegar ao elevado objetivo do desarmamento de Gaza, e
ninguém espera que o Hamas abaixe voluntariamente
as suas armas. "(1)
Nesta mesma questão, o
britânico The Guardian escreveu em 3 de agosto: "Para Israel, que tropeçou em uma guerra que claramente não
queria travar, a questão não é de lutar ou não lutar, mas, sim, a agressividade
com que eles devem fazê-lo. Há aqueles, especialmente o primeiro-ministro,
Benjamin Netanyahu, que não querem nada mais do que acabar com esta guerra antes que a situação
fique ainda mais fora de controle, com
medo dos crescentes custos diplomáticos e do potencial para uma crise
humanitária em grande escala em Gaza. Mas há um outro lado, aquele em que JJ
Goldberg do jornal jornal diário judeu
“Forward” clama pelo "esmagamento
das facções do Hamas." Estes são os membros de extrema-direitistas da
coalizão de governo de Netanyahu que querem ver Israel continuar sua ofensiva
em Gaza até que o Hamas seja derrotado ou, no mínimo, incapazes de empreender
qualquer ataque sério contra alvos civis israelenses. À medida que Naftali
Bennett da extrema-direita, , ministro da Economia do país, colocou na semana
passada: "Não desista e não pare
até você conseguir esse objetivo ... ataquem o no Hamas sem piedade ... até desmilitarização,
até uma vitória ... até que nós
terminemos o trabalho."" (2)
A maioria dos
israelenses apoiou claramente a posição de Bennett, no entanto, mesmo a
propaganda sionista tem que admitir que a popularidade do Hamas entre os
palestinos é alta, enquanto que a do colaborador AP-Autoridade Palestina é
baixo.
O Jewish Telegraph
Agency, órgão sionista, escreveu o seguinte:
"Será
que o Hamas perdeu?
Hamas
certamente não saiu dessa vitorioso. As suas capacidades operacionais sofreram
um golpe pesado graças aos bombardeios de Israel, à descoberta e destruição de dezenas de túneis
que funcionam sob a fronteira entre Israel e Gaza, e ao esgotamento de um
grande pedaço de estoques de foguetes do Hamas.
Mas
é difícil dizer exatamente quanto dano Hamas sofreu, porque muito do que o
grupo terrorista faz tem lugar no subterrâneo - literal e figurativamente. O verdadeiro
uqadro das capacidades do Hamas podem tornar-se evidente apenas nos
próximos meses e anos.
Além
disso, o Hamas não viver somente pela
arma. Seu poder depende em grande parte do apoio popular. Em que medida, seja
provável que o
Hamas tenha ganhado pontos dos palestinos por enfrentar Israel - em contraste
com a Autoridade Palestina, que coopera com Israel "(3)
Uma derrota política
para Israel
Que o exército de
Israel, o exército quarta mais forte do mundo, foi capaz de matar e destruir nesse
tanto não é surpreendente. No entanto, as guerras servem a objetivos políticos
e, ao longo da história, vitórias militares que resultaram em derrotas
políticas não são consideradas vitórias, mas derrotas. Na guerra de 2006 no
Líbano, Israel matou e destruiu tanto como durante o último mês, da mesma forma
bárbara, mas ainda politicamente o Hezbollah foi o lado vitorioso e sua vitória
foi uma das razões para a eclosão do movimento revolucionário na região que
derrubou, entre outros líderes, o presidente do Egito, Hosni Mubarak. Na guerra
de independência da Argélia, a França venceu as batalhas militares com a FLN,
mas em última análise, a França teve que deixar a Argélia. Na África do Sul, o
exército racista do Apartheid era muito mais forte do que a organização guerrilheira
negra da ANC- Umkhonto we Sizwe ("Lança da Nação"), mas o regime do
Apartheid perdeu.
Nenhuma dessas vitórias
resultou em uma revolução socialista e, assim, os imperialistas conseguiram
permanecer no poder, principalmente devido à falta de uma direção
revolucionária da classe trabalhadora e da traição da direção do proletariado
atual. Mas, isto não diminui o facto de que do lado apoiado pelo imperialismo
foi que , em cada um destes casos, ganhou temporariamente. Além disso, como
regra geral, a derrota do lado imperialista leva a uma maior confiança entre as
massas e à eclosão de revoltas.
Israel
está mais isolada do que nunca
E hoje, Israel está
mais isolada do que nunca. O JTA teve que admitir este fato: Escreveu: "Israel pode ter amplo apoio de
governos estrangeiros para a sua guerra contra o Hamas – mesmo com as críticas desta semana pelo Departamento de
Estado dos Estados Unidos sobre um ataque israelense específico em uma escola
da ONU em Gaza - mas sua imagem pública com pessoas comuns, provavelmente, tem algumas
semelhanças com os escombros em Gaza.
Ver
as notícias desta guerra era, na verdade, assitir imagens após imagens de destruição humana e estrutural em Gaza. As
manifestações anti-Israel fortemente vistas ao redor do mundo, algumas das quais incluídas expressões anti-semitas,
eram um sinal potente de como as pessoas estavam reagindo à guerra ". *
Existem apenas duas
verdadeiras questões: (1) Será que a última derrota de Israel reacenderá o movimento revolucionário contra os regimes
árabes reacionários que, em vez de ajudar os habitantes de Gaza, esperavam a
vitória de Israel? (2) uma nova
intifada, alguns sinais já são visíveis,
acontecerá?
Footnotes
(1) Ryan Jones: As Truce Holds, Doubts Whether Israel Met War Goals, August 05, 2014 http://www.israeltoday.co.il/NewsItem/tabid/178/nid/24822/Default.aspx
(2) Michael Cohen: Is the Arab-Israeli conflict going to be the war that never ends?The Guardian, August 03, 2014, http://www.theguardian.com/commentisfree/2014/aug/03/arab-israel-palestinians-gaza-conflict-may-never-end
(3) Uriel Heilman: Who won and who lost in the Gaza war? Jewish Telegraph Agency, August 5, 2014 http://www.jta.org/2014/08/05/news-opinion/israel-middle-east/who-won-and-who-lost-in-the-gaza-war
(4) Ibid
For more ISL and RCIT analyses and statements of the present war in Gaza see:
Joint Statement: Israel Starts Ground Offensive: Defend Gaza! Defeat Israel’s War! Support the Palestinian Resistance! For a Workers’ and Popular International Campaign to Boycott Israel! Down with the Regimes which Collaborate with Israel! For a Free, Red Palestine! Joint Statement of the Revolutionary Communist International Tendency, Internationalist Socialist League (RCIT-Section in Israel / Occupied Palestine), the Communist Left of Australia and the Editor of the Blog vansterparlan.v-blog.se (Sweden), 22.7.2014,http://www.thecommunists.net/worldwide/africa-and-middle-east/joint-statement-defend-gaza/
RCIT and ISL: Palestine: Forward to the Third Intifada! Organize the Uprising in Workers, Peasant, and Youth Popular Committees! Revitalize the Arab Revolution! Smash the Imperialist Apartheid State Israel! 7.7.2014, http://www.thecommunists.net/worldwide/africa-and-middle-east/victory-to-palestinian-uprising/
Gerard Stephens: Israel: While the Guns Roar, Exacerbated Political Intimidation of Israel’s Palestinian Citizens, 2.8.2014, http://www.thecommunists.net/worldwide/africa-and-middle-east/report-antiwar-meeting-2-8-2014/
Michael Pröbsting: Ultra-Leftism and the Destruction of the Israeli State - A Reply to the Argentinean COR, 27.7.2014, http://www.thecommunists.net/worldwide/africa-and-middle-east/reply-to-cor-on-israel/
Boris Hammerschlag: Israel: Report on antiwar rally in Tel Aviv on 26 July, 27.7.2014, http://www.thecommunists.net/worldwide/africa-and-middle-east/report-antiwar-rally-26-7-2014/
Boris Hammerschlag: Fascists Attack Pro-Gaza Demonstration in Haifa, 21.7.2014, http://www.thecommunists.net/worldwide/africa-and-middle-east/fascists-attack-pro-gaza-demo-in-haifa/
Yossi Schwartz: Down with Israel’s New War! 9.7.2014, http://www.thecommunists.net/worldwide/africa-and-middle-east/israels-new-war/
Yossi Schwartz: Palestine: Masses Rise Up after the Killing by Burning Alive of Palestinian Youth, 6.7.2014, http://www.thecommunists.net/worldwide/africa-and-middle-east/palestine-killing-of-palestinian-youth/
RKOB: Austria: Tens of Thousands march in Solidarity with Palestine, 21.7.2014, http://www.thecommunists.net/worldwide/africa-and-middle-east/demo-for-palestine-20-7-2014/
RKOB: Austria: Rally in Solidarity with Gaza on 13.7.2014 http://www.thecommunists.net/worldwide/africa-and-middle-east/rally-for-palestine-13-7-2014/
RKOB: Austria: Rally in Solidarity with Gaza on 9.7.2014, http://www.thecommunists.net/worldwide/africa-and-middle-east/rally-for-palestine-9-7-2014/
For more ISL and RCIT historical analyses of Israel as a Zionist apartheid state and the revolutionary program for the Palestinian liberation struggle in numerous documents and articles, see among others:
Internationalist Socialist League: Summary of the ISL-Program, February 2014, http://www.thecommunists.net/theory/summary-of-isl-program/
Yossi Schwartz: Israel's War of 1948 and the Degeneration of the Fourth International, in: Revolutionary Communism, Special Issue on Palestine, No. 10, June 2013,www.thecommunists.net/theory/israel-s-war-of-1948-1
Yossi Schwartz: Israel’s Six-Day War of 1967. On the Character of the War, the Marxist Analysis and the Position of the Israeli Left, in: Revolutionary Communism, No. 12, July/August 2013, www.thecommunists.net/theory/israel-s-war-of-1967
Michael Pröbsting: On some Questions of the Zionist Oppression and the Permanent Revolution in Palestine, in: Revolutionary Communism, Special Issue on Palestine, No. 10, June 2013,http://www.thecommunists.net/worldwide/africa-and-middle-east/permanent-revolution-in-palestine
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