GREVE 43 DIAS DO SINPEEM 2014- COM SUA MOBILIZAÇÃO A CATEGORIA
IMPÕE SUAS EXIGÊNCIAS AO GOVERNO HADDAD-
MAS AS DIREÇÕES BUROCRÁTICAS NÃO LUTARAM
PELA UNIFICAÇÃO DAS LUTAS.
Foi a
greve mais duradoura da história do Sinpeem: Exatos 43 dias. A cada tentativa
da administração Haddad-PT e Callegari-PSB de acabar com a greve, inclusive
fazendo pressões que se aproximavam do assédio moral contra educadores e
gestores, só fez aumentar a revolta da categoria, consequentemente, muitos que
não estavam em greve acabaram aderindo à luta.
Estava em jogo não só as questões salariais
como antigas questões como condições de trabalho e aposentadoria ameaçada. As
escolas de CEIs nem intervalo tinham numa jornada de 6h diárias.
A Oposição de Verdade-Chapa 06 foi a primeira e única, a defender que a greve por tempo
indeterminado tivesse seu início já na volta às aulas em fevereiro, e mais
especificamente defendeu essa proposta na primeira assembleia massiva de rua em 11 de
abril, exatamente para não dar ao governo
a chance de manter a sua própria agenda, centralizada no Forum de
Negociação Permanente (governo –sindicato), o SINP, o qual na prática só serve
ao governo como um “Sistema de Enrolação Permanente”. Tal proposta de luta
direta imediata não encontrou eco na direção do Sindicato, Claudio Fonseca, mas
a direção também contou com a ajuda da denominada Oposição Alternativa-Chapa 02 (que
inclui setores do PSTU-PSOL e outros
menores) em protelar a luta. Dessa forma, tanto a situação-direção do Sinpeem
como a Oposição Alternativa ajudaram a cumprir a agenda do governo.
Porém, com a recusa sistemática da administração em atender às demandas da
categoria essas direções foram obrigadas a chamar pela greve da educação por tempo indeterminado em 23 de abril.
A partir de então começou a maior greve já registrada na história do Sinpeem
em união com Aprofem, com ampla mobilização e quase 50% em greve, chegando a 80% em alguns dias. Foram
assembleias que foram aumentando gradativamente, desde 8 mil educadores até quase 20 mil no seu auge. A administração
Haddad-Callegari usou de todas as armas que dispunha para desmoralizar o
movimento, como por exemplo, em acordo com a imprensa burguesa, pontuar que a
greve era politica, porque supostamente os professores tinham salário de em
média 8.000 reais(uma mentira), que as crianças estavam sem comer por causa da
ausência dos professores, que não havia dinheiro suficiente, etc. Quando nada
disso deu certo cortou o salário dos grevistas, esperando assim arrefecer a
vontade de luta da categoria. O tiro saiu pela culatra: aumentou a mobilização
e as assembleias aumentaram em quantidade de pessoas e de radicalização. E já
com mais de 30 dias de greve, faltando poucos dias para a Copa do Mundo, com
várias outras categorias nas ruas também em greve, assim como os educadores professores e estudantes
das universidades públicas, com os movimentos contra a COPA fazendo seus
protestos, os sem-teto em milhares nas passeatas exigindo moradias e também
contestando os gastos exorbitantes com os estádios de futebol, com a
possibilidade dos professores estaduais também entrarem em greve, tudo isso
estava contribuindo para um processo de unificação das lutas que há muitos anos
não se via no Brasil. Além disso, os setores mais radicalizados dos educadores da prefeitura, de forma voluntária, se organizaram
para acampar em frente à prefeitura aumentando dessa forma a pressão sobre a
administração. Foram heróis que enfrentaram noites frias e pouca estrutura até
que a assembleia em votação majoritária obrigou a direção do sindicato a dar
apoio e suporte ao acampamento. A repercussão foi positiva inclusive saindo na
mídia.
As direções sindicais e o governo sentiram o perigo dessa possibilidade
de unificação e começaram a preparar o desmonte da greve. Isso ficou claro
quando na assembleia de 30 de maio, com milhares de pessoas presentes, após
mais uma rodada de “enrolação” de negociação em que o governo nada oferecia de
novidade, a direção do sindicato propôs que a próxima assembleia fosse direto
à câmara dos vereadores para fazer
pressão parlamentar. O setor da Oposição
de Verdade-Chapa 06 fez a intervenção
contra ir à câmara, pois entendiam que
deveriam fazer a assembleia na Avenida Paulista
e depois ocupar as ruas em passeata e que era para continuar a dar mais impacto e visibilidade à luta, e que aos vereadores não interessam a
melhoria da educação e da saúde, estão lá para defenderem o sistema
capitalista. Além disso, foram eleitos com campanhas eleitorais caríssimas financiadas
pelo grande capital, portanto nada devem aos trabalhadores. Para surpresa geral quem fez a defesa de ir à câmara
foi a chapa 02 Alternativa em aliança com a direção do sindicato –Claudio Fonseca.
Nos momentos decisivos a situação majoritária (chapa 01) e a situação
minoritária (chapa 02 Alternativa) não são diferentes.
Finalmente na assembleia do dia 03 de junho a
direção informa sobre as última propostas da administração Haddad-Callegari
para acabar com a greve: Garantiu-se a incorporação do bônus de 15,38% em 3
parcelas, começando em 2015 e terminando em 2016; promessa de aplicar 15 min de
intervalos nas CEIs, manter os direitos de aposentadoria da forma como estão
vigentes hoje, o pagamento dos dias parados com compromisso de reposição das
aulas, O PDE a partir de 2015 com primeira parcela opcional, discutir o
aperfeiçoamento do SGP, etc. Em votação a assembleia decidiu pelo fim do
movimento, mesmo não tendo o sido completo o atendimento das reivindicações.
Fica claro que o governo ficou pressionado
pela intensa mobilização da categoria que de forma heroica não recuou diante
das pressões e pela proximidade da Copa do Mundo e das outras mobilizações que
se somariam à essa luta. Porém, numa análise mais profunda o que se garantiu para
todos os educadores esse ano foi os 13,43% que já havia sido assinado pelo
ex-prefeito Kassab-DEM, e mesmo a incorporação de 5,5% para o ano que vem não
cobrirá sequer a inflação anual que beira os 6% anuais. Os 15min de intervalo para
CEIs e a manutenção dos direitos de aposentadorias só poderão ser
contabilizados como vitória se realmente forem aplicados em lei.
A categoria saiu com a sensação
de vitória, e isso é bom, pois dá fôlego para as inevitáveis lutas que deverão
prosseguir nos próximos anos. A administração da Frente Popular do PT em
aliança com os setores mais tradicionais da direita burguesa como o PP de Maluf nada tem a oferecer aos
trabalhadores a não ser arrocho salarial, privatização, retirada de direitos,
etc. Dessa forma, a tão propalada idéia
entre os trabalhadores que deve-se votar
no PT com intuito de evitar um mal pior,
é uma ilusão que se desfaz a cada dia. Aos trabalhadores só resta resistir e lutar!
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