terça-feira, 15 de novembro de 2016

A Resistência dos Jovens é o Caminho para o Movimento de Massas

A Resistência dos Jovens é o Caminho para o Movimento de Massas


Há 40 dias  começou  o processo de ocupação  dos jovens nas escolas públicas de todo o país, principalmente no estado do Paraná. São mais de 1.000 escolas básicas ocupadas e algumas universidades públicas. A mobilização é contra a reforma do Ensino Médio, o qual retira matérias importantes como sociologia, filosofia, educação artística e educação física, e contra o projeto de emenda à constituição que impedirá por 20 anos qualquer investimento acima da inflação em Educação e Saúde  pública para todos os brasileiros. O projeto já foi apelidado corretamente de PEC do fim do mundo.
Esse projeto significará também o congelamento dos salários de todos os funcionários públicos pelo mesmo período. Além de que, a própria população sofrerá as consequências, pois o atendimento público na saúde vai piorar muito mais do que já está. Portanto, a luta de resistência deve ser de toda a classe trabalhadora. Neste momento,  são os jovens estudantes da escola pública principalmente da periferia que estão dando exemplo. É preciso que o movimento de massas e o operariado se junte a  essa resistência. 
Nesses pouco mais de 30 dias de ocupações das escolas os estudantes sofreram várias pressões e violência da polícia militar e do poder judiciário. Mesmo contra o Estatuto do Menor e da Criança, menores de idade foram algemados no processo de desocupação do Centro de Ensino Médio Dona Filomena Moreira de Paula no Estado do Tocantins. Na capital do Brasil, Brasília, o juiz Alex Costa de Oliveira, autorizou o uso de técnicas de tortura contra estudantes em ocupações. Entre as ações, estão cortes do fornecimento de água, luz e gás das escolas, uso de ruídos para impedir o período de sono e restrição ao acesso de familiares, amigos e alimentos. O ministro golpista da Educação, Mendonça Filho, disse estar convencido de que o movimento estudantil que já ocupa mais de mil instituições de ensino em todo o Brasil é partidário. "É evidente que setores ligados ao PT, ao PCdoB e ao PSOL estão instrumentalizando essa mobilização junto com os sindicatos". Ou seja, para essa direita reacionária o fato de impor medidas de corte de investimento em educação e fazer uma reforma no ensino médio de cima para baixo, sem discutir com os alunos e educadores não tem importância nenhuma e aqueles que se opõem são tachados de radicais manipulados pela esquerda. A imprensa  burguesa monopolista combinada com o governo só foi obrigada a divulgar o quantidade das escolas e universidades ocupadas porque tais escolas seriam usadas para o exame do ENEM e, obviamente tal informação chegou a milhões de brasileiros no sentido de criminalizar os movimento estudantil.
Porém repercutiu no Brasil e no mundo a intervenção da estudante Ana Julia Ribeiro, 16 anos quando em 27 de outubro, na assembleia dos deputados estaduais do Parana, fez um poderoso discurso em favor das ocupações e consequentemente em favor da educação. Seu discurso pela educação chegou a ser comparado à jovem Malala Yousafzai, a paquistanesa que aos 14 anos de idade sofreu uma tentativa de assassinato por parte do Talebã, e que em 2014 ganhou o prêmio Nobel da Paz. Ana Julia, mesmo não tendo experiência em falar em público,não poupou os deputados estaduais acusando-os de serem responsáveis pela situação e de terem sangue nas mãos. Ao ser questionada duramente pelos parlamentares ela não recuou dizendo que a responsabilidade pelas crianças e adolescente é do Estado perante a lei.
Desde então, o processo de ocupação das escolas e universidades públicas no Brasil só vem crescendo.
A Corrente Comunista Revolucionária-CCR defende fortemente o movimento dos estudantes na ocupação das escolas. Eles são os maiores interessados em defender uma escola pública de qualidade, gratuita e laica. O governo de Michel Temer faz o ataque à educação com o objetivo explícito de fomentar a privatização do setor para gerar lucros bilionários aos grandes empresários. Atualmente, por obrigação de lei, os governos  (estadual e Federal) têm que investir nas escolas públicas  do Ensino Básico uma média de 25% do orçamento. Uma soma bilionária que os abutres da privatização querem abocanhar.
A luta dos estudantes é mais do que justa. É o futuro desses jovens que está em jogo. Sua luta é a luta de todos nós e principalmente é o caminho a ser tomado pelos movimentos sociais, pelos sindicatos e suas centrais sindicais, pelos partidos de esquerda progressistas contra todos os ataques do governo golpista de Michel Temer.


Todo apoio à luta dos estudantes!
Não ao projeto de reforma do Ensino Médio!
Por mais verbas para a educação, pela escola pública de qualidade para os filhos dos trabalhadores!
Pela união dos trabalhadores organizados em defesa da educação! Que a CUT, MST, MTST e as direções dos movimentos sociais  se coloquem à disposição dos estudantes em defesa da educação e contra a repressão!
Abaixo a repressão bonapartista contra os estudantes!











sábado, 12 de novembro de 2016

EUA eleições presidenciais: A Vitória de Donald Trump é um Momento Histórico Decisivo



EUA eleições presidenciais: A Vitória de Donald Trump é um Momento Histórico Decisivo
Um primeiro comentário por Michael Pröbsting (Secretário Internacional da Corrente Comunista Revolucionária Internacional-CCRI),09 de novembro de 2016, www.thecommunists.net


Nota do editor: O seguinte comentário é uma primeira avaliação das consequências da vitória do Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos. Como foi escrito apenas horas após o encerramento das urnas, não tem a pretensão de ser uma análise completa e abrangente. Pretendemos elaborar tal documento em um futuro próximo quando as estatísticas eleitorais e os planos de política da nova administração se tornarem públicos.
A vitória eleitoral de Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos combinada com a maioria republicana renovada tanto no Senado como na Câmara dos deputados é um evento político de grande importância histórica. Não é porque a política do Trump será qualitativamente pior para a classe trabalhadora e oprimidos do que teria sido a política de Hilary Clinton. Ambos os políticos são representantes da classe dominante da ainda mais poderosa potência imperialista do mundo, e como tal, eles são ambos arqui-inimigos do proletariado e dos povos oprimidos dos Estados Unidos e ao redor do globo. Eis porque a CCRI defendeu que a juventude e os trabalhadores conscientes e progressistas a não dar seu voto nem para Trump nem para Clinton (ou qualquer um dos candidatos burgueses menores como Johnson ou Stein).
Não, a eleição de Trump é de importância crucial porque praticamente garante acelerada polarização política e instabilidade tanto no mercado interno nos E.U.A, bem como no exterior. Portanto, acreditamos que o resultado desta eleição presidencial representa um acontecimento histórico para a luta de classes tanto dentro dos EUA, como internacionalmente.
Quais são as razões para esta nossa tese? Elas podem ser encontradas nas principais diferenças políticas entre Trump e Clinton:
a) enquanto Clinton defendeu uma ofensiva cuidadosamente mascarada contra a classe trabalhadora e dos oprimidos, Trump representa uma agressão abertamente agressiva e provocativa contra as massas populares. Apesar de sua retórica pró-operária", Trump planeja reduzir ainda mais os impostos para as corporações e atacar quaisquer restantes direitos da classe trabalhadora. Por causa da diminuição da receita de impostos, o Presidente eleito Trump, ao tomar posse, vai cortar os programas sociais já muito limitados, tais como saúde, educação e bem-estar, que impactará em particular os estratos mais baixos do proletariado com enormes segmentos de negros e latinos.
Este programa de austeridade radical vai inevitavelmente provocar resistência e enorme indignação. Eis porque Trump combina sua austeridade social e política pró-corporação com um programa bonapartista misturado com chauvinismo branco-evangélico baseado na lei e ordem. Portanto, "Donald" (deveríamos acrescentar o pato) um nome ideal para um palhaço político abertamente incita ódio e difamação contra os Latinos, assim como contra os muçulmanos nos seus discursos. Ele não faz segredo sobre seu desprezo pelas mulheres. O Vice-presidente de Trump, Mike Pence, é um fundamentalista cristão que quer proibir as lojas de servir homossexuais. Assim, é evidente que esta Presidência vai provocar os muçulmanos, as lésbicas e os gays e muitas outras minorias. Enquanto Bill Clinton e Obama mascaram cortes sociais e repressão policial com frases sobre igualdade e anti-racismo, Trump defende abertamente o chauvinismo branco-evangélico, a lei e ordem e o regime bonapartista. Portanto, a nova administração acelerará tremendamente a opressão sobre as comunidades negras e latinas através da construção de um muro ao longo da fronteira com o México, prometendo a expulsão em massa de imigrantes "ilegais" e aumentar o poder das forças de polícia dos Estados Unidos e proprietários de armas brancas em geral.

O slogan de Trump de "tornar a América grande novamente" significa, sobretudo, reforçar o poder das empresas norte-americanas e do chauvinismo reacionário branco.
As consequências são claras. Aqueles de nós que, no início de 2000, testemunharam a transição da Presidência de Bill Clinton para Bush de um político profissional cuidadosamente mascarando suas políticas reacionárias para um palhaço involuntário e bronco recordarão que este último iniciou guerras e provocou uma onda global de resistência em massa por anos.  Trump faz o próprio Bush parecer um intelectual, podemos novamente presumir que Trump vai provocar resistência popular tanto nos Estados Unidos, assim como ao redor do globo.
b) Hilary Clinton defendeu uma alteração gradualmente modificada da política externa dos E.U.A da de Obama durante os últimos 8 anos. Ela defendeu uma postura política mais agressiva contra os imperialistas rivais como a Rússia e a China no contexto do mundo dos negócios, como as guerras civis na Síria e na Ucrânia. No entanto, ao mesmo tempo ela queria continuar a política econômica de décadas de globalização e livre comércio.
   Por comparação, Trump representa uma mudança radical da política externa dos EUA. A sua política é de um isolacionismo relativo ou seletivo. "Donald" representa o crescente setor da classe dominante que, desde o declínio do imperialismo dos EUA, chegou à conclusão de que os EUA não podem jogar o papel de polícia do mundo. Essa facção da burguesia monopólio não é isolacionista no sentido do que é defender uma retirada completa dos EUA da política mundial. Claramente, isto não é possível em um mundo moderno, caracterizado por profunda interligação da política e da economia dos Estados Unidos com a evolução global. No entanto, a administração de Trump reduzirá os compromissos políticos e militares a longo prazo dos E.U.A com outras grandes potências. Eis porque Trump está inclinado a fazer acordos com Putin sobre a Ucrânia ou a Síria. Isto é, a propósito, do porquê a vitória de Trump apressa o perigo para a liquidação da Revolução Síria através uma negociação reacionária entre as grandes potências, como nós temos repetidamente alertado no passado. Além disso, é por isso que Trump quer afrouxar o compromisso estratégico dos EUA com a Aliança da OTAN, que vincula com a imperialista União Europeia.
Um fator adicional para isto poderia ser, o desejo de Trump em reduzir conflitos dos Estados Unidos com os rivais imperialistas na arena internacional pelo menos inicialmente para que ele possa se concentrar em consolidar o seu regime no âmbito interno, observando como ele pode justificadamente esperar inúmeros protestos nacionais, como notamos, mas também os conflitos dentro de seu próprio partido republicano.
Ao mesmo tempo, seria absolutamente tolo acreditar que Trump será capaz de simplesmente arranjar um acordo estável com Putin ou Xi. O chauvinismo de Trump manifestado nos seus planos para o protecionismo económico mais cedo ou mais tarde vai levar a vários conflitos com a China e a Rússia. Naturalmente, isto conduzirá a conflitos políticos e, finalmente, militares dos EUA seus rivais imperialistas do leste contrariando a crença ingênua dos pseudo-esquerdas "" (e não tão críticos) apoiadores de Putin e Xi no campo stalinista, que defendiam o apoio para Trump.
Uma área possível para tal conflito é entre Israel e Irã, onde Trump comprometeu-se a apoiar a oposição de Netanyahu com relação ao acordo nuclear com Teerã. O triunfo de Trump poderia também incentivar o governo israelense a lançar outra guerra contra o povo palestino em Gaza, como o Ministro da defesa Lieberman de Israel já sugeriu em uma entrevista recente no Al Quds. Outras áreas possíveis de agressão imperialista são a "guerra contra o terrorismo" no Oriente Médio ou contra a Coreia do Norte, no leste da Ásia.

A probabilidade para tais aventuras de política externa é aumentada pelo fato de que a administração de Trump precisa de perigos terroristas" e "ameaças estrangeiras" com o objetivo de combinar sua agenda doméstica de chauvinismo e regime bonapartista.

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Todos estes desenvolvimentos terão implicações tremendas para todos os países capitalistas ao redor do globo. Neste momento e contexto podemos nomear apenas alguns. Por um lado, aumentarão substancialmente tendências protecionistas entre todas as potências imperialistas. Isto vai empurrar a classe dominante da Europa a acelerar seus planos para a formação de um aparato de estado imperialista unificado da União Europeia para atuar de forma mais independentemente dos Estados Unidos. Também fortalecerá tendências bonapartistas em todos os países onde os políticos de direita verão em Trump um modelo bem-sucedido e apoiado popularmente por seus próprios regimes chauvinistas.
No entanto, como já observamos, estes desenvolvimentos também irão provocar protestos em massa e acelerar a luta de classes global. A administração de Trump vai provocar a resistência das comunidades negras e latinas nos EUA. Resultará em ódio renovado e generalizado do imperialismo dos EUA tanto entre os povos da América Latina, como no mundo islâmico. Enquanto Obama pôde, pelo menos em certa medida, fingir criar um consenso democrático global integrando ideologicamente alguns setores da burguesia e da classe média em outras partes do mundo, Donald bronco é garantia para alcançar exatamente o oposto.
A elaboração de todas estas análises não deve claro nos levar a esquecer as enormes contradições que irão caracterizar a administração de Trump. Naturalmente, "Donald" não pode governar sozinho, mas terá que fazer compromissos com os republicanos no Senado e no Congresso. Como sabemos a maioria republicana é menos disposta do que Trump a apoiar uma política isolacionista. Na verdade, as lideranças republicanas distanciaram-se de Trump durante a campanha. No entanto, embora tais compromissos podem moderar esta ou aquela política de Trump, ao mesmo tempo é bastante provável que, após o triunfo de Trump, um setor em crescimento dos republicanos preferirá se adaptar ao Trumpismo.

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Ninguém deve confundir o resultado da eleição presidencial dos Estados Unidos com a autêntica vontade popular do povo americano. Não se deve esquecer que a participação eleitoral é muito baixa nos EUA, com apenas cerca de metade dos eleitores elegíveis se preocuparem em ir às urnas. Nem deve ser esquecido que 11 milhões de imigrantes "ilegais", bem como muitos milhões de pobres  previamente condenados, estão autorizados a vender sua força de trabalho para os capitalistas, mas não tem permissão para votar.
Todos os socialistas devem ter certeza sobre uma coisa: a vitória do Trump é uma declaração de guerra contra o movimento dos trabalhadores organizados, contra as populações afro-americanas, os latinos e muçulmanos e contra os direitos das mulheres. Os ativistas no movimento dos trabalhadores e nos movimentos pelos direitos dos negros, dos latinos e dos muçulmanos devem responder a esta declaração de guerra com uma mobilização geral e uma chamada às armas. Camaradas, estas são os disparos iniciais de um período de anos de ilimitadas agressões imperialistas, bem como de lutas em massa contra ele!
Naturalmente, todos as análises acima são apenas alguns primeiros pensamentos. Os eventos nos próximos meses e semanas   irão mostrar mais claramente a nova relação de forças no interior da classe dominante americana e suas consequências para política doméstica e externa estadunidense. Vamos cobrir estes desenvolvimentos em futuros artigos e declarações.
No entanto, já é bastante óbvio: nossa luta internacional contra a guerra do Trump sobre a classe trabalhadora e os oprimidos dos Estados Unidos e ao redor do mundo não será uma luta curta. Pelo contrário, será uma luta longa e difícil. Por esta razão, é uma tarefa necessária que os trabalhadores e oprimidos se organizem desenvolvam um plano de luta. Portanto, a criação de um partido revolucionário mundial com seções nos EUA e em todos os outros países é mais urgente do que nunca. A CCRI está determinada a trabalhar em conjunto com os revolucionários em todo o mundo na construção de tal partido. Venham unir forças com a gente em assumir esta tarefa!