domingo, 28 de agosto de 2016
As semelhanças entre o golpe de 2016 no Brasil e o golpe nazista em 1933/ Flávio Aguiar, Carta Maior
As semelhanças entre o golpe de 2016 no Brasil e o golpe nazista em 1933
Hitler deu um golpe inteiramente "legal" em 1933, através de uma votação no Parlamento, com o apoio da classe média alta. Naqueles idos, na Alemanha, rasgou-se a Constituição "legalmente". Se olharmos os métodos do Brasil em 2016, como se parecem muito ao processo que ocorre no Brasil em 2016.
Flávio Aguiar, Carta Maior
Muito se tem escrito, contra e a favor, sobre semelhanças e diferenças entre o golpe nazista de 1933 e o que hoje está em curso no Brasil.
Bom, vamos começar por alguns personagens principais. Ninguém de bom senso vai comparar o tacanho e tragicômico Michel Temer com o trágico e sinistro Adolf Hitler. Nem um nem outro merecem tanto. Aquele, “do lar”, este, bem, também era “do lar”, abstêmio, vegetariano, fiel pelo que se sabe, mas, de qualquer modo e por exemplo, os penteados eram completamente diferentes. Além disto, Hitler ficou no poder durante doze anos, de 33 a 45, digamos. Temer não ficará tanto. No Inferno de Dante Hitler estaria na boca de Lúcifer, mascado com os grandes traidores da história. Onde estará Temer? Provavelmente na porta do Inferno. Nem lá ele será admitido. Na porta, sem direito nem a meia-entrada, estão os que carecem até mesmo de um forte caráter pecador. Para alegria dos pós-modernos, estão no não-lugar universal e eterno.
Também ninguém vai comparar o grotesco Cunha ao também grotesco Göring, que foi quem presidiu a sessão do Reichstag que começou o golpe de estado nazista em 23 de março de 1933. Se estivessem num romance de Dostoyevski, ambos seriam qualificados como psicopatas. Mas não esteve um, nem está o outro. Vamos aguardar para ver como a história qualificará o mais recente deles. Boa coisa não será.
Agora, se olharmos os métodos, como se parecem!
Em primeiro lugar, Hitler deu aquilo que a revista alemã qualificou, em relação ao Brasil, um “kalter Putsch”, um “golpe frio”, ou “branco”, na nossa tradição. Foi um golpe inteiramente “legal”, através de uma votação no Bundestag, o Parlamento, depois confirmado pelo Bundesrat, que equivaleria ao nosso Senado (como deve acontecer), assinado pelo presidente von Hindenburg, e largamente deixado correr ou apoiado pelo Judiciário.
O golpe ganhou o nome histórico de “Ermächtigungsgesetz”, que poderia ser traduzido por “Lei de Empoderamento”. Era muito breve, como o nosso Ato 5: tinha um preâmbulo de algumas linhas e cinco artigos. Em essência, dizia que o Gabinete Executivo – presidido por Hitler – tinha poderes para decretar leis sem aprova-las no Parlamento, e que estas leis estariam acima da Constituição, que não poderia ser invocada para contestá-las. Dizia que a exceção se referia ao Bundestag e ao Bundesrat, coisa que, evidentemente, foi desrespeitada depois. Ou seja, como hoje no Brasil, rasgava-se a Constituição “legalmente”, e abria-se o período de exceção, diante de uma pequena burguesia (hoje diríamos alta classe média) gessificada pelo medo da ascenção dos “debaixo”. Mas tanto lá como hoje, nesta classe média isto não era unânime, diga-se de passagem. Por isto a repressão que se seguiu foi generalizada. E hoje, não será?
Mas houve também o processo de votação. Como o nosso presidente da Câmara, Göring se dedicou a criar regras próprias para a votação. Depois do incêndio do Reichstag, no final de fevereiro de 1933, Hitler desejou que na nova votação que haveria no começo de março ele tivesse assegurada uma maioria absoluta no Bundestag. Isto não aconteceu. O Partido Nacional-Socialista precisava ainda do apoio de partidos de coalizão (basicamente o Partido do Centro, católico – parecido com os evangélicos de hoje – e o Partido Nacional do Povo Alemão, coligado com os nazistas. Por isto os nazis decidiram adotar o caminho da Lei do Empoderamento, para prescindirem deste apoio futuramente. E os outros morderam a isca.
Mas houve mais. A Constituição alemã previa que para uma votação destas, que a modificava, era necessária a presença de dois terços dos deputados, ou seja, 432 dos 584 membros. Para vencer esta dificuldade, Göring inventou uma nova conta. Como os comunistas tinham sido acusados pelo recente incêndio do prédio do Reichstag (o Parlmento se reunia num teatro, a Casa da Ópera Kroll), os deputados do KDP (Kommunist Deutsche Partei) tinham sido presos, banidos, ou estavam foragidos. Assim Góring simplesmente descontou os 81 que eles eram da soma geral, e o quorum ficou reduzido a 378. Boa matemática, não?
Além disto, Göring abriu as portas do Parlamento aos Nazisturmabtellung, os SA, Camisas-Pardas (que depois seriam sacrificados para ratificar o poder dos SS). Hoje, no Brasil, não há SA, mas há as tratativas entre a presidência da Câmara e a Rede Globo, fazendo a votação no domingo, com esta mudando horários de jogos… enfim, cada momento tem a SA que pode e merece.
O processo de votação foi uma farsa. Estaremos falando de 1933 ou de 2016? Tanto faz. Aquele não foi transmitido pela TV, porque TV não havia, pelo menos na escala de hoje. O de hoje foi, para vergonha dos deputados perante o mundo inteiro. Vários deputados do SPD tinham sido presos, ou já haviam fugido para o exterior. Mas o inventivo Göring criou uma nova cláusula, ad hoc: deputados que não comparecessem, mas que não tivessem apresentado uma justificativa por escrito, deviam ser contados como presentes, para para garantir o quorum. (Lembram da alegação de um um deputado pró-impeachment que os deputados ausentes teriam de apresentar atestado médico?).
Bom, na sessão, apenas o líder do que restava do SPD, Otto Wels, que terminaria morrendo exilado na França antes da ocupação, falou contra a nova Lei. Os outros discursos foram acachapantemente ridículos (alguma coincidência será mera semelhança?). Bom, ninguém invocou a mãezinha ou o vizinho, mas saíram coisas como a Pátria e a Ordem. Resultado: 444 a favor da nova lei, 94 contra, todos estes do SPD.
Um detalhe muito interessante: Hitler negociara com Ludwig Kaas, o líder católico, que respeitaria o direito da Igreja e os funcionários católicos nos cargos de Estado, além das escolas. No dia seguinte ao da votação, que foi logo aprovada no Bundesrat e assinada por Hindenburg, Ludwig Kaas foi despachado para o Vaticano para explicar a nova situação ao então Cardeal Pacelli, futuro Papa Pio XII, de triste memória (alguma semelhança com a viagem do ex-companheiro Mateus, hoje senador Aloysio Nunes Ferreira, despachado aos States logo depois da votação na Câmara?) Ele cumpriu a missão religiosamente, como o Mateus. Porém, Hitler lhe prometera (a Kaas) uma carta com as garantias. Ela nunca foi entregue.
Satisfeitas e satisfeitos? É, mas tem mais…
Porque ainda resta o triste papel do Judiciário. Em primeiro lugar, juízes alemães legalizaram a perseguição aos comunistas porque eram “traidores” incendiários do Reichstag. Depois, fizeram vista grossa para as demais perseguições que vieram. Quando não apoiaram. Deve-se lembrar que quem inaugurou a queima de livros em 10 de maio de 1933, na hoje Bebelplatz, foi o diretor da Faculdade de Direito, ao lado, trazendo uma braçada de livros “degenerados” da sua biblioteca.
Hitler acusou um comunista holandês, Marinus Van der Lubbe, e mais quatro outros militantes búlgaros pelo incêndio, que ocorreu em fevereiro de 1933, alguns dias antes da eleição de março. Eles foram levados a julgamento no segundo semestre de 1933. Lubbe foi réu confesso – sabe-se lá como sua confissão foi obtida, mas pode-se julgar pela declaração em juízo de um dos outros acusados, Georgi Dimitrov, de que passara sete meses acorrentado em sua cela, dia e noite. Bem, a gente pode pensar numa justificativa: naquela época não havia delação premiada… Era pancadaria mesmo. Os outros quatro foram absolvidos por falta de provas, mas Lubbe foi condenado à morte e executado no começo de 1934.
Farsa? Sim, mas o pior vem depois.
Em 1967 um juiz da Alemanha Ocidental, na reabertura do processo promovida pelo irmão do condenado, Jan, “comutou” a pena de van der Lubbe de condenação à morte para 8 anos de prisão (!), quando o réu já estava, bem, digamos, no outro mundo. Em 1980, novo julgamento anulou a decisão de 1933 e de 1967. Mas em 1983 nova decisão anulou a de 1980, a pedido do… Ministério Público (!). O caso só foi resolvido definitivamente em 06 de dezembro de 2007 (!), 71 anos depois da decisão original, quando o equivalente ao nosso Promotor Geral da República proclamou “o perdão” de van der Lubbe, com base em uma lei de 1998 que declarara todas os julgamentos da época do nazismo juridicamente nulos.
Até hoje as alegações de que o incêndio foi provocado pelos próprios nazistas para começar sua série interminável de desmandos nunca foi oficialmente investigada. É um bom exemplo para quem acha que o caso das omissões e vagarosidade do Judiciário brasileiro é algo único na história.
Depois deste exercício de história comparada, que as leitoras e os leitores tirem suas próprias conclusões.
domingo, 21 de agosto de 2016
CORRENTE COMUNISTA REVOLUCIONÁRIA -CCR NAS ELEIÇÕES NO BRASIL 2016
CORRENTE COMUNISTA
REVOLUCIONÁRIA -CCR NAS ELEIÇÕES NO BRASIL 2016
VAMOS
ÀS ELEIÇÕES COM O PCO, CONTRA O GOLPE E PELAS REIVINDICAÇÕES DOS
TRABALHADORES
A CCR
está lançando o companheiro Prof. JOAO EVANGELISTA como candidato à
vice-prefeito nas eleições municipais da cidade de Diadema. A nossa
candidatura está abrigada no Partido de Causa Operária-PCO 29,
tendo o militante do PCO, VANDIVAL FERREIRA DOS SANTOS, operário da
construção civil como cabeça de chapa, candidato à prefeito,
TENDO COMO OBJETIVO PRINCIPAL DE NOSSA CAMPANHA A LUTA CONTRA O GOLPE
DE ESTADO E A DENUNCIA DA FARSA DAS ELEIÇÕES ATUAIS.
Em que
pese as diferenças que temos com O PCO, principalmente no que
concerne à algumas caracterizações da luta de classes, como por
exemplo em âmbito mundial em que nós do CCR consideramos Russia e
China como países imperialistas em oposição ao imperialismo
tradicional de EUA-UE e Japão, porém junto com o PCO temos a mesma
análise sobre os processos de golpe de Estado acontecidos
patrocinados pelo imperialismo americano desde Honduras, Paraguai,
Tailândia, Egito, Ucrânia e Turquia, passando pela tentativa de
derrubada do governo de venezuela, as eleições fraudulentas que
levaram à vitória de Macri na Argentina e finalmente o Brasil.
O PCO
exercendo democracia operária abre as candidaturas às várias
correntes e aqrupamentos revolucionários menores que ainda não tem
condições de regularização partidária no Brasil. Isso se explica
pelas condições burocráticaspara a criação oficial de um partido
no páis são extremamente difíceis.
Além
disso, nós do CCR, junto com o PCO, temos acordo fundamental em
âmbito nacional quanto à caracterização de que o que está em
curso no Brasil é um verdadeiro golpe de Estado e que é necessário
juntar forças para não só derrubar o golpe, como mobilizar a
classe trabalhadora contra os ataques neoliberais do governo
golpista de Michel Temer , assim como de qualquer governo que venha
a se estabelecer nesse momento de golpe institucional.
Nesse
sentido, mesmo que o governo de Dilma Roussef volte ao poder, o que
tudo indica é quase impossível, nós como classe operária temos
que ter total independência de classe na luta contra os chamados
ajustes, ou seja, as reformas trabalhistas, reforma da previdência,
os cortes orçamentários na saúde, educação, habitação, a
privatização das riquezas nacionais como a Petrobrás e o Pré-sal,
congelamento por 20 anos nos invbestimentos em saúde e
educação.etc. Tal resistência passa necessariamente pelo chamado à
greve geral dos trabalhadores contra esses ataques.
A
repressão bonapartista aos movimentos sociais, aos partidos de
esquerda e a tudo que se assemelha a bandeiras progressistas está
cada vez mais evidente no país. Os jogos olímpicos foram um exemplo
muito claro. Vários cidadãos que gritaram “Fora Temer!” ou
“Abaixo o Golpe!” foram sumariamente expulsos dos estádios. O
ex-presidente Lula da Silva está ameaçado de prisão, militantes do
MST e dos Movimentos sem-teto estão sendo presos ou ameaçados de
prisão com base na lei anti-terrorismo, ironicamente uma lei
aprovada há meses pela mesma presidente Dilma Roussef do PT afastada
e sofrendo processo de impeachment.
A
juventude dos bairros pobres da periferia, principalmente os
afro-descendentes, continua sendo massacrada. Assim como nas redes
sociais se demonstra forte intolerância contra os negros, contra os
direitos do LGBT, aumenta o machismo se traduzindo na violência
contra as mulheres, as comunidades indígenas se vêem ameaçadas de
perder suas terras pelo latifúndio e o agronegócio. Em resumo é
necessário uma ampla resistência e organização das classes
pobres e oprimidas contra a exploração do sistema capitalista e da
burguesia.
A nossa
candidadura, além de servir para denunciar o golpe de estado, vêm
alertar que nenhuma eleição dentro do sistema capitalista pode ser
solução para os verdadeiros problemas da classe trabalhadora. Tudo
não passa de uma falsa democracia. Somente a nossa organização e
mobilização poderá levar à independência da classe trabalhadora
contra seus exploradores: a burguesia. Não podemos ter nenhuma
confiança no processo eleitoral, principalmente neste momento em que
um golpe de estado através do parlamento, com apoio do judiciário e
da mídia capitalista detém total controle das eleições.
CHAMAMOS
OS COMPANHEIROS A SE SOMAREM À NOSSA CAMPANHA DE LUTA, A VOTAREM 29,
CONTRA O GOLPE E NA DEFESA DAS REIVINDICAÇÕES DOS TRABALHADORES E
DE TODOS EXPLORADOS. PROF..JOAO EVANGELISTA CANDIDATO A VICE-PREFEITO
DE DIADEMA, COM VANDIVAL PREFEITO - 29 .
e-mail:celjed@gmail.com
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