quinta-feira, 23 de outubro de 2014

RESUMO- CUBA VENDIDA?



Neste resumo, queremos apresentar uma série de teses dos principais elementos de análise da RCIT sobre a Revolução Cubana, sua expropriação política pela burocracia castrista-stalinista e a contra-revolução capitalista nos últimos anos.


1.      A Revolução Cubana em 1959-1961 foi um evento importante no século 20. Não foi simplesmente um golpe praticado por um pequeno grupo de guerrilheiros armados. Realizou-se no contexto de enormes lutas de operários e camponeses que envolveu centenas de milhares e milhões desses setores. Uma vez que nenhum partido operário revolucionário existia, a revolução foi liderada pelo movimento guerrilheiro pequeno-burguês castrista M-26-7 que defendia um programa de reforma burguesa, mas não defendia nenhuma revolução socialista. Nem a liderança do PSP stalinista buscava tal revolução.
2.       A Revolução Cubana logo conheceu a hostilidade e a subversão por parte do imperialismo norte-americano. A pressão da contra-revolução, por um lado, e da luta doméstica, por outro lado pressionou a burocracia castrista. Sua única possibilidade i) para manter o poder e privilégios, ii) para acomodar a pressão das massas, mas ao mesmo tempo controlá-las e iii) para suportar as agressões do imperialismo norte-americano, era transformar Cuba burocraticamente em um Estado operário degenerado e fazer do país um aliado próximo da burocracia stalinista da URSS. Daí a burocracia castrista foi forçada a expropriar a burguesia externa e internamente, para oprimir a atividade da classe trabalhadora independente e aliar-se com a União Soviética em 1960/61. Neste processo, o castrista M-26-7, bem como a direção stalinista do PSP decidiram unir forças e formar o PCC (em que a liderança Castrista teve o domínio).
3.      Cuba, portanto, nunca foi um "país socialista". Enquanto permaneceu inicialmente um país capitalista após a derrubada de Batista (embora com uma classe trabalhadora altamente mobilizada e uma burguesia débil), tornou-se um Estado operário degenerado, quando o governo castrista foi transformado em um governo anti-capitalista burocrático e tomou medidas decisivas para nacionalizar e planejar a economia, enquanto politicamente expropriava a classe trabalhadora no verão de 1960.
4.      Apesar de sua degeneração burocrática, a Revolução Cubana forneceu às massas trabalhadoras uma série de conquistas sociais concretas: os salários subiram, os camponeses tiveram acesso à terra, um sistema de saúde altamente desenvolvido excepcional foi criado regionalmente, bem como benefícios sociais, uma baixa idade para a aposentadoria, um de alto nível regional de participação das mulheres no processo de trabalho, o direito ao aborto, etc.
5.      No entanto, devido à falha no avanço da revolução para o continente latino-americano e a dominação burocrática interna, as massas cubanas tornaram-se cada vez mais passivas e cínicas em relação ao regime. O regime também não conseguiu construir uma indústria diversificada, de modo que a economia manteve-se dependente da produção e de exportação de açúcar.
6.      Nós trotskistas lutamos por um programa de revolução política, enquanto Cuba permaneceu um Estado operário degenerado (de 1960 até 2010/11). Chamamos pela defesa do sistema de planejamento e das relações de propriedade proletárias contra qualquer passo para a restauração capitalista. Ao mesmo tempo, chamamos para a abolição dos privilégios da burocracia, bem como o controle sobre a economia e a sociedade. Tal programa também incluiu o chamado para trabalhar a independência de classe (direito dos trabalhadores à greve, comitês de ação nos locais de trabalho, sindicato independente, o direito à formação de partidos, etc.). Uma revolução política bem-sucedida exige a formação de conselhos de ação (sovietes) e milícias populares armadas para organizar uma insurreição armada, a fim de destruir o aparelho de Estado stalinista-aburguesado e substituí-lo com um saudável estado de, ou seja, uma ditadura do proletariado, tal como existia na jovem União Soviética nos tempos de Lênin e Trotsky. Tal estado operário revolucionário teria se esforçado para internacionalizar a revolução na América Latina e em todo o mundo. Tal perspectiva, porém, não se concretizou devido à ausência de um partido operário revolucionário uma Internacional operária revolucionária.
7.      A economia cubana altamente burocratizada e dependente entrou numa crise profunda, com o colapso da URSS em 1989-91. Desde então, o regime castrista tem cada vez mais - embora com ziguezagues – se voltados para as reformas pró-mercado. O modelo stalinista cubano estava em um beco-sem-saída.
8.      O modelo de restauração capitalista bem-sucedida e uma economia em crescimento na China, sem perda de poder da burocracia stalinista convenceu a liderança castrista que havia uma saída para eles. Por isso, ela virou-se decisivamente para a restauração do capitalismo. Isto por sua vez, foi expresso pelo anúncio de uma série de medidas pró-capitalistas drásticas no outono de 2010 e na primavera de 20011 (em torno do VI Congresso do PCC). O Castrismo havia retornado às suas raízes burguesas.
9.      Demissões em massa nas empresas estatais e a introdução da lei do valor: Em 2011 e 2012, entre 360.000 e 500.000 trabalhadores foram demitidos das empresas estatais. O governo Castro deseja a demissão de um milhão de trabalhadores em 2016 - um quinto do total da força de trabalho do país!
10.  Enorme impulso de um setor capitalista privado e a promoção da formação de uma classe capitalista nacional de proprietários privados: o setor capitalista privado já cresceu maciçamente. O governo anunciou a redução da participação do Estado no PIB de originalmente 95% para cerca de 40% até 2017.
11.  Corte dos benefícios sociais, a fim de criar um exército industrial de reserva de mão de obra e, portanto, uma classe trabalhadora melhor explorável: O regime de Castro terminou a prática de pagar 60% do salário dos trabalhadores demitidos de seus empregos. Além disso, aumentou a idade de aposentadoria em cinco anos para ambos os sexos, elevando-o para 60 anos para mulheres e 65 para os homens. Além disso, o número de produtos vendidos a preços subsidiados foi reduzido, ou os montantes disponibilizados substancialmente reduzidos.
12.  A abertura da economia para o capital imperialista e, em especial, para os monopólios da China: O Investimento Direto Estrangeiro aumentou substancialmente nos últimos anos até US $ 3,5 bilhões. A maior parte deste investimento está concentrada em alguns grandes projetos como a exploração de petróleo. Cuba está cada vez mais dependente da China, que é um importante parceiro comercial, investidor estrangeiro e credor. Outro elemento-chave da transformação de Cuba em uma semi-colônia do imperialismo chinês é a criação do primeiro Plano Quinquenal para a cooperação sino-cubana em junho de 2011.
13.  Manter o regime autoritário do PCC stalinista: O Partido Comunista está determinado a manter a ditadura como o modelo chinês tem feito. Parte desse esforço de transformação do Estado-capitalista do país é a política do passado recente do regime de colocar os setores-chave da economia, sob o comando da burocracia do exército. De acordo com uma estimativa, o os militares controlam cerca de 60% da economia, através da gestão de centenas de empresas em setores-chave da economia.
14.  A transformação de Cuba de um estado operário degenerado em uma semi-colônia capitalista alterou as tarefas para a classe trabalhadora. Já não se trata mais de organizar uma revolução política, mas uma revolução social, a fim de derrubar o regime castrista e estabelecer um autêntico governo operário e camponês.
15.  Um programa deste tipo para a revolução social começa a partir da defesa das conquistas sociais existentes da Revolução e da oposição contra as medidas brutais de restauração capitalista: isto inclui a resistência contra as demissões em massa, contra a privatização de empresas estatais e cortes sociais, a defesa dos direitos das mulheres como o aborto, bem como a luta pelos direitos democráticos (direito de greve, da criação de sindicatos independentes, formação de novos partidos, etc.).
16.  Outro aspecto importante do programa revolucionário é a luta para defender Cuba contra a agressão permanente do imperialismo norte-americano, bem como contra a subordinação de Cuba ao imperialismo chinês.
17.  O programa para a revolução social deve chamar para a construção de conselhos de operários, camponeses pobres e de soldados e milícias armadas. Eles devem lutar por uma insurreição armada contra o regime castrista-capitalista e para o estabelecimento de um governo dos trabalhadores e dos camponeses pobres com base em tais conselhos e das milícias. O Estado operário cubano vitorioso iria se esforçar para internacionalizar a revolução na América Latina e além.
18.  O sucesso da revolução socialista exige a rápida formação de um partido revolucionário, como parte da Quinta Internacional dos Trabalhadores. A Corrente Comunista Revolucionária Internacional (RCIT) fará o seu melhor para apoiar a formação de um núcleo revolucionário em Cuba.

sábado, 18 de outubro de 2014

NEM DILMA ROUSSEF/MICHEL TEMER(PT-PMDB)- NEM AÉCIO NEVES/ALOYSIO NUNES(PSDB)!






PELA RESISTÊNCIA POPULAR DOS TRABALHADORES!
CCR/RCIT - BRASILE O SEGUNDO TURNO DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS-2014
In English - link bellow



No próximo dia 26 de Outubro a população será obrigada a escolher entre Dilma Roussef do Partido dos Trabalhadores, tendo como Vice Michel Temer do PMDB, um tradicional partido burguês, uma tradicional Frente Popular,  contra  Aécio neves do PSDB, um partido  que  é   representante direto do imperialismo e da burguesia financeira.
O país esta´ caminhando para uma grande crise econômica. O FMI reduziu a previsão de crescimento em 2014  do Brasil para  apenas  0,3%. Se a previsão for confirmada, será o segundo pior resultado nos últimos 16 anos, só perdendo pra 2009 e 1998, quando a economia não registrou crescimento. Os números atuais estão  longe da média mundial, que agora teve um leve recuo, de 3,4% para 3,3%. O Jornal burguês  “Valor Econômico” pertencente à poderosa Rede Globo definiu em seu site que “O Brasil, pelo seu potencial de recursos e pelo seu histórico, deveria crescer pelo menos como os demais países emergentes, que crescem, em média, mais de 4% ao ano.”.  Isso demonstra claramente que o imperialismo e a burguesia nacional exigirá, seja qual for  o vencedor, os “ajustes” da economia para reaver a sua taxa de lucro, e portanto, isso significará ataque direto aos trabalhadores na forma de arrocho salarial, perda de direitos trabalhistas, aumento da idade de aposentadoria, etc. No campo econômico haverá pressão para privatizar os dois grandes bancos públicos que ainda restam: O Banco do Brasil e a Caixa Econômica. A exigência de Wall Street  de da “City” de Londres é  que o  Banco Central seja “autônomo” do governo brasileiro, ou seja, o imperialismo teria controle direto sobre todos os aspectos da economia do país. Em um artigo publicado em 25 de fevereiro deste ano  o Financial Times exigiu cinicamente a demissão do Ministro da Fazendo Guido Mantega. O jornal afirmou que “"O ministro Guido Mantega perdeu há muito tempo o respeito dos investidores. Trocá-lo por alguém que seja simpático ao mercado faria maravilhas". Dilma vendo-se confrontada pelos outros candidatos por causa do baixo crescimentoafirmou que o ministro das finanças não iria continuar no cargo se ela vier a vencer.

A corrupção é parte inerente do sistema capitalista. No Brasil a repetição de governos corruptos se estende há mais de 500 anos. O fato de que o Partido dos Trabalhadores se afunde na corrupção  não deveria ser nenhuma novidade. Mas os adversários estão usando o acúmulo de escândalos de corrupção entre o governo Lula (mensalão) e governo Dilma ( Petrobrás) como se fosse o PT e seus aliados  fossem os que tivessem inaugurado a corrupção no país.

 Como já afirmamos no nosso último artigo “CCR e as eleições no Brasil-2014” o PT nesses três mandatos de 12 anos governou “com a burguesia, para a burguesia e com os métodos da burguesia”.  Não só cumpriu todas as exigências do imperialismo quanto à aplicação das chamadas reformas estruturais, como por exemplo a  reforma da previdência, a privatização de estradas e dos aeroportos, o financiamento do agronegócio exportador, o apoio financeiro aos grandes bancos, como enviou tropas de ocupação do Haiti.
Os partidos de esquerda e os pequenos agrupamentos se dividiram com relação a quem votar no segundo turno. O PSOL, que no primeiro turno  obteve  1,55% dos votos para Luciana Genro,liberou seus militantes e simpatizantes a votarem em branco, nulo ou Dilma, mas não em Aécio. O PSTU que obteve 0,09%  recomenda voto nulo, pois entende que  o PT  “tem governado privilegiando os mesmos interesses que o governo anterior”.  O PCO   com 0,01 % defende o voto nulo, dizendo que a responsabilidade por uma provável derrota do PT é do próprio PT
 Não há dúvida de que o país depois das jornadas de Junho do ano passado está passando por uma onda conservadora. A eleição da câmara federal  no último dia 03 de Outubro aumentou, além do empresariado industrial,  ainda mais as bancadas ruralista, religiosa fundamentalista e representantes dos militares saudosos da ditadura militar. Porém não consideramos isso motivo suficiente para dar apoio crítico ao PT
 Mesmo que  o PT de Dilma Roussef ganhe a eleição contra o candidato dos conservadores, Aécio Neves, estará profundamente mais fragilizado perante a necessidade de manter a “governabilidade”. Sendo assim, é maior a possibilidade de que o PT se oriente ainda mais para a direita aprofundando os ataques à classe operária.
 Não há garantia nenhuma de que a vitória de Dilma Roussef signifique uma mudança de rumo do que foram os 12 anos de governo petista. Nada garante de que o PT não fará a nova reforma da previdência; de que não fará a reforma trabalhista; de que não entregará o Banco Central à Wall Street; de que não privatizará o Banco do Brasil e a Caixa Econômica. Mas não fará e necessária reforma agrária.

 Nesse sentido, nós não concordamos  que  o voto ao PT poderia modificar a correlação de forças. Somente a mobilização dos trabalhadores nas ruas  e greves de massivas  poderão impedir que tanto o governo de Frente Popular quanto o governo Conservador possam concretizar os ataques tanto do governo de Frente Popular quanto de um governo conservador. Ambos  cumpririrão  as determinações do imperialismo e da burguesia nacional. Por isso recomendamos o voto nulo para presidente no segundo turno das eleições.


In English see:
http://www.thecommunists.net/worldwide/latin-america/brazil-elections-2014-2nd-round/



 Veja também:
CCR e as eleições 2014 no Brasil:
http://www.thecommunists.net/home/portugu%C3%AAs/brazil-elections/
http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2014/02/26/tirar-mantega-causaria-milagres-na-economia-diz-financial-times.htm
http://www.valor.com.br/opiniao/3733974/por-que-o-brasil-cresceu-tao-pouco
 http://www.psol50.org.br/site/noticias/3014/seguir-lutando-para-mudar-o-brasil
http://www.pco.org.br/atividades/o-pco-e-o-segundo-turno-das-eleies/ayzy,j.html